• Naíma Saleh
Atualizado em
Os bebês sabem muito mais do que os adultos imaginam (Foto: Gradyreese/ Getty Images)

Os bebês sabem muito mais do que os adultos imaginam (Foto: Gradyreese/ Getty Images)

Eles são fofos, têm um cheirinho delicioso, a pele macia e aqueles olhinhos doces que fazem qualquer um se derreter. Mas não se engane: por trás dessas carinhas adoráveis e do corpo aparentemente frágil, eles são muito mais espertos do que você pensa. Pesquisas já mostraram que bebês nascem com noções básicas sobre sua língua materna, que são capazes de fazer estimativas numéricas e que têm a memória mais desenvolvida do que se acreditava. Mas não é só isso. Com apenas 2 ou 3 dias de vida, eles conseguem identificar expressões faciais. Aos 7 meses, têm noções básicas sobre interações sociais. E, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Yale (EUA), nascem com um inerente senso de moralidade, sabendo distinguir o bem e o mal desde os 3 meses. Em outras palavras: eles têm capacidades muito mais incríveis do que os próprios cientistas e pesquisadores podiam imaginar pouco tempo atrás.

“Antes, tínhamos uma visão do bebê como se fosse uma tela em branco. Acreditava-se que a experiência e os estímulos é que fossem o marco inicial para muitas possibilidades, como o desenvolvimento sensorial e o raciocínio. Hoje, sabemos que há competências que são inatas, como estimar a distância entre o próprio corpo e um objeto, ou distinguir uma música familiar de uma estranha”, diz o neuropediatra Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). É claro que nos bebês essas habilidades ainda estão presentes de forma primária – por isso é que não conseguem fazer contas ou pronunciar frases inteiras. Mas é fato que elas estão lá desde os primeiros meses.

Graças às novas tecnologias de pesquisa e ao avanço dos estudos de neuropsicologia, os especialistas têm, aos poucos, decifrado como os pequenos enxergam o mundo, de que forma interagem com as pessoas ao seu redor e como seu cérebro processa todas essas informações. Recentemente, pesquisadores da Universidade Brown (EUA) descobriram que o córtex pré-frontal, área ligada ao raciocínio e a formas mais sofisticadas de cognição, é mais ativo nas crianças do que se imaginava. Por meio de um experimento realizado com 37 bebês de 8 meses, em que eles precisaram se adaptar a um conjunto de regras que estipulavam certa hierarquia, os especialistas observaram que essa região tem participação ativa no processo de aprendizagem. “O córtex pré-frontal é o que mais diferencia os humanos de outros animais porque trabalha o pensamento complexo, como planejamento e tomada de decisão”, explica a professora Carolina Coan, do Departamento de Neurologia Infantil da Unicamp (SP). O resultado não quer dizer que nos bebês ele seja tão desenvolvido quanto nos adultos, mas que é capaz de funcionar em uma medida que atenda às necessidades deles.

Identidade primária

Mas não pense que só porque seu filho entende e percebe muito mais do que você imaginava que estimulá-lo é menos importante. “Bebês nascem com um enorme potencial – e, com os estímulos que recebem, suas habilidades tendem a se desenvolver cada vez mais cedo”, diz a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (SP). Uma pesquisa da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia comprovou que os neurônios das crianças pequenas aumentam de número e se tornam mais especializados conforme elas vão adquirindo novas habilidades e mais mobilidade. Isso significa que, quando seu filho é estimulado – pelas brincadeiras, pelo ambiente e por novas situações –, o desenvolvimento dele está sendo impulsionado. “O cérebro do bebê é muito receptivo a novas experiências. Nos primeiros anos, estamos construindo e refinando as conexões entre os neurônios. Cada vez que aprendemos algo novo, as fortalecemos”, afirma Andrew Meltzoff, codiretor do Instituto de Aprendizagem e Ciências do Cérebro da Universidade de Washington (EUA).

A mesma pesquisa comprovou que o desenvolvimento cerebral, incluindo a percepção sensorial e as habilidades motoras, acontece em sincronia: várias áreas são ativadas pelo mesmo tipo de estímulo. Por isso, o ideal é que os bebês usem todos os sentidos e todo o corpo para explorar o ambiente e, assim, começar a entender o mundo. “Eles aprendem uma quantidade surpreendente de coisas em seus primeiros anos, só de ouvir, observar e interagir com os outros”, diz Meltzoff. Por isso, ele os chama de “pequenos cientistas”. “Eles observam, testam ideias e adquirem conhecimento de acordo com os resultados. Assimilam tudo muito rápido e nós somos seus primeiros professores”, completa. A seguir, descubra do que seu bebê é capaz e veja como ajudá-lo a desenvolver todo o seu potencial.

Eles entendem tudo

1. “Mamãe”e “papai” são as palavras mais ditas pela maioria dos bebês. E, aos 18 meses, a que eles mais entendem é “não”.

2.  Bebês compreendem melhor “cachorro”, “pato” e “gato” do que “au-au”, “quá-quá” e “miau”. Em compensação, “muuu” é mais inteligível do que a palavra “vaca”.

3. Especialistas acreditam que, a partir do primeiro ano, a linguagem ajuda os bebês a formarem expectativas sobre as coisas. Quando eles escutam duas palavras diferentes, esperam ver dois objetos. Mas se a mesma palavra é pronunciada duas vezes, esperam encontrar apenas um.

Fonte: Laboratório de Psicologia Experimental, da Universidade de Oxford (inglaterra)

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