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    Ex-assessor da Presid�ncia Marco Aur�lio Garcia morre aos 76 anos

    DE S�O PAULO

    20/07/2017 15h29 - Atualizado �s 20h47

    Raquel Cunha - 3.abr.2014/Folhapress
    SAO PAULO - SP - 03.04.2014 - Assessor especial da presidente da rep�blica para assuntos internacionais Marco Aurelio Garcia em sua casa do centro de S�o Paulo.. (Foto: Raquel Cunha/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO***
    Marco Aur�lio Garcia, ex-assessor especial da Presid�ncia, em foto de 2014

    Morreu nesta quinta-feira (20), em S�o Paulo, o professor Marco Aur�lio Garcia, 76, assessor da Presid�ncia da Rep�blica nos governos do PT e fundador do partido.

    Professor aposentado do Departamento de Hist�ria da Unicamp, ele sofreu um infarto fulminante e foi encontrado morto em seu apartamento, no centro de S�o Paulo, por volta do meio-dia.

    Seu corpo ser� velado �s 10h desta sexta (21) na Assembleia Legislativa de S�o Paulo.

    Garcia ocupava nos �ltimos tempos uma cadeira no conselho curador da Funda��o Perseu Abramo, fun��o que assumiu ap�s o impeachment da ex-presidente Dilma.

    Ele foi entusiasta do Brics, grupo de pa�ses de economia emergente formado por Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul. A Garcia era creditada parte da proje��o internacional do Brasil durante o governo Lula.

    Embora sofresse de graves problemas circulat�rios, o ex-assessor participava ativamente da agenda partid�ria, como o ato em solidariedade a Lula, na semana passada, ap�s a condena��o do ex-presidente pelo juiz Sergio Moro.

    Na sexta-feira (14), apresentou � funda��o um texto sofre o futuro da esquerda.

    No fim de semana, fez compras no centro de S�o Paulo, onde vivia sozinho em um apartamento com vista para a pra�a da Rep�blica. Ele deixa um filho, Leon.

    Foi um dos criadores do arquivo de hist�ria social da Unicamp, apontado como dos mais importantes da Am�rica Latina.

    Al�m da Unicamp, ele tamb�m foi professor na Universidade do Chile, na Faculdade Latino-Americana de Ci�ncias Sociais e nas universidades Paris VIII e Paris X, na Fran�a.

    Ga�cho, formou-se em filosofia e direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e fez p�s-gradua��o na Escola de Altos Estudos e Ci�ncias Sociais de Paris.

    Garcia foi secret�rio municipal de Cultura de Campinas (1989-1990) e S�o Paulo (de 2001 a 2002), na administra��o da ex-prefeita Marta Suplicy (hoje no PMDB).

    Iniciou sua trajet�ria pol�tica no movimento estudantil, foi vice-presidente da UNE (Uni�o Nacional dos Estudantes) e vereador na cidade de Porto Alegre. Exilou-se na Fran�a e no Chile durante a ditadura militar. De volta ao Brasil, em 1979, ajudou a fundar o PT, partido que tamb�m presidiu.

    POL�MICAS

    Garcia colecionou pol�micas ao longo de sua carreira. Como conselheiro de Dilma, foi responsabilizado pelo sil�ncio da ex-presidente sobre a violenta rela��o do governo de Nicol�s Maduro com opositores na Venezuela.

    Foi ainda influente na exclus�o do Paraguai do Mercosul, em 2012, ap�s o impeachment-rel�mpago do presidente Fernando Lugo.

    Um dos fundadores do PT, era chamado de "professor" entre os amigos.

    Dos inimigos, recebeu o apelido de "Top Top", em alus�o a um gesto obsceno que fez, em 2007, ao assistir ao notici�rio sobre o acidente do Airbus A320 da TAM.

    Desde ent�o, Garcia lamentava o fato de ter sido filmado, de fora de seu gabinete no Pal�cio do Planalto, fazendo um movimento com as duas m�os enquanto via reportagem sobre o acidente pela TV.

    No flagrante, ele comemorava a conclus�o de que um defeito na aeronave provocara o acidente, j� que o governo vinha sendo culpado pela trag�dia em S�o Paulo, que causou 199 mortes.

    Reprodu��o - 20.jul.2007
    Garcia faz o famoso gesto "Top Top" ao assistir reportagem sobre problema t�cnico no avi�o da TAM
    Garcia faz o famoso gesto "Top Top" ao assistir reportagem sobre problema t�cnico no avi�o da TAM

    O assessor era famoso por n�o ter muitos freios e foi at� repreendido por Dilma ap�s anunciar em entrevista a possibilidade de redu��o das taxas de juros no Brasil.

    Tamb�m causou desconforto de seus pares ao pregar afastamento de petistas investigados por suspeita de corrup��o, como o ex-tesoureiro Jo�o Vaccari Neto.

    Era ainda um dos defensores da forma��o de uma frente de partidos de esquerda, nos moldes da coaliz�o governista uruguaia, como sa�da para a esquerda brasileira e mesmo para o PT.

    CRISE

    Em uma entrevista � Folha, o ex-assessor contou ter sido alvo de hostilidade nas ruas em meio � crise enfrentada por seu partido.

    "No domingo, uma pessoa passou de carro e me insultou. Num restaurante um senhor idoso veio fazer cr�ticas. Mas este foi muito educado, tive a oportunidade de conversar com ele por dez minutos. Fico chateado. � uma consequ�ncia de um conservadorismo muito agressivo de um setor.

    Nunca insultei ningu�m. Nunca me vali de uma situa��o que pudesse ser favor�vel para fazer igual ao que est� acontecendo", relatou.
    Recha�ava o r�tulo de organiza��o criminosa associado ao PT.

    "Uma coisa � dizer que pessoas no PT se envolveram em malfeitos. Outra � tentar qualificar o PT como uma organiza��o criminosa. N�o estou de acordo. N�o me considero criminoso. N�o tenho nada a ver com isso."

    Recentemente exp�s cr�ticas � pol�tica internacional do governo Temer. Em uma grava��o ao site Nocaute, do escritor Fernando Morais, disse haver uma partidariza��o do Itamaraty.

    Reclamou do ingresso do Brasil no Clube de Paris, segundo ele "uma imposi��o desses quadros jovens neoliberais que infestam a equipe econ�mica. Alguns est�o plantados tamb�m na Casa Civil".

    *

    REPERCUSS�O

    "A morte do professor Marco Aur�lio Garcia, meu amigo querido, � extremamente dolorosa (...) Hoje � um dia de dor para todos n�s, que compartilhamos com ele seus muitos sonhos, hist�rias e lutas. Era um amigo querido, de humor fino e contagiante, sempre generoso e cheio de ideias, dono de uma mente arguta e brilhante."
    Dilma Rousseff, ex-presidente da Rep�blica

    "Profundamente entristecido com a morte do Marco Aur�lio Garcia. Um colega exemplar e um grande amigo. Um humanista com vis�o pol�tica ampla e do lugar do ser humano nos processos hist�ricos. Um verdadeiro intelectual de esquerda como j� n�o se fazem hoje em dia. Deixa uma grande lacuna no pensamento democr�tico e progressista."
    Celso Amorim, ex-ministro das Rela��es Exteriores e da Defesa

    "Destacou-se como um dos mais importantes arquitetos da integra��o latino-americana e da amplia��o das rela��es com pa�ses da �frica e dos Brics. Contribuiu decisivamente para que o Brasil tivesse uma pol�tica externa ativa e altiva."
    Gleisi Hoffmann, senadora (PR) e presidente nacional do PT

    "Dificilmente algu�m pode escrever a hist�ria da Am�rica Latina nesses �ltimos 15 anos sem falar no Marco Aur�lio Garcia. Ele ajudou a escrever a pol�tica exterior do Brasil."
    Paulo Teixeira (PT-SP), deputado federal

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