Vaccari deveria se afastar da tesouraria do PT, diz assessor de Dilma
Assessor especial da Presid�ncia da Rep�blica desde o governo Lula e fundador do PT, Marco Aur�lio Garcia afirma que, no lugar do tesoureiro do partido, Jo�o Vaccari Neto, j� teria deixado o cargo.
Chamado de professor pelos colegas de partido, ele lamenta que o PT n�o tenha constru�do uma narrativa em defesa de seu legado.
Na sua opini�o, a sigla vive um cerco e cometeu erros estrat�gicos ap�s o esc�ndalo da Petrobras, deflagrado pela Opera��o Lava Jato. "N�o consigo entender como deixamos que se jogue em cima de n�s o epis�dio da Petrobras", afirma nesta entrevista realizada na Sexta-Feira da Paix�o.
Raquel Cunha - 03.abr.2014/Folhapress | ||
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Marco Aur�lio Garcia, Assessor especial da Presid�ncia da Rep�blica, em sua casa, no centro de S�o Paulo |
Jo�o Vaccari
Acho que ele deve se afastar porque � bom para ele e bom para o PT. � uma decis�o pessoal. Se fosse eu, j� teria pedido licen�a. Naquele epis�dio da TAM [em 2007, quando foi filmado fazendo um gesto com as m�os em que parecia comemorar uma reportagem sobre um acidente a�reo], que acho bastante menos grave do ponto de vista de apura��o, a primeira coisa que fiz foi entregar o cargo [de assessor ao ex-presidente Lula]. A licen�a facilitaria a vida dele e do PT. Se dissesse que ele n�o cria problema, estaria mentindo. Mas se [Vaccari] fosse o grande problema que o PT est� enfrentando, que maravilha.
Dificuldades
O fracasso da presidente Dilma [Rousseff] � um fracasso de todos n�s. De Lula, meu, do PT e de uma parcela importante da sociedade. Voltaria a velha elite. Muito ruim. Estamos vivendo uma situa��o muito particular. H� uma interdepend�ncia [entre a deteriora��o da imagem do governo e a do PT] muito forte. Temos que sair juntos dessa situa��o. Estamos numa situa��o econ�mica dif�cil. N�o tr�gica. Mas que pode ter implica��es do ponto de vista de desemprego e renda, que temos que reverter no momento atual. E temos um problema pol�tico que, n�o resolvido, alimenta a crise econ�mica.
�tica e corrup��o
Uma coisa � dizer que pessoas no PT se envolveram em malfeitos. Outra � tentar qualificar o PT como uma organiza��o criminosa. N�o estou de acordo. N�o me considero criminoso. N�o tenho nada a ver com isso. Essa � uma das raz�es pelas quais temos que tomar medidas concretas, como a recusa do financiamento empresarial. Temos que chamar todos os partidos a fazer a mesma coisa. A� vamos ver quem � quem. N�o � poss�vel que o PT, com 1,5 milh�o de filiados, n�o seja capaz de se financiar. Pago R$ 1 mil por m�s ao partido.
Hostilidade
No domingo, uma pessoa passou de carro e me insultou. Num restaurante um senhor idoso veio fazer cr�ticas. Mas este foi muito educado, tive a oportunidade de conversar com ele por dez minutos. Fico chateado. � uma consequ�ncia de um conservadorismo muito agressivo de um setor. Nunca insultei ningu�m. Nunca me vali de uma situa��o que pudesse ser favor�vel para fazer igual ao que est� acontecendo.
Corrup��o
N�o consigo entender como deixamos que se jogue em cima de n�s o epis�dio da Petrobras. Outros epis�dios t�o graves [quanto este] n�o t�m a mesma incid�ncia ou n�o recaem sobre aquelas pessoas que t�m a autoria. O que � toda a quest�o do Metr� de S�o Paulo? O tema da corrup��o � f�cil de ser difundido, sobretudo quando a economia n�o est� bem. N�o h� transig�ncia com a corrup��o. Mas ela � apropriada politicamente por setores de oposi��o e tem um tr�nsito f�cil na classe m�dia. � o pega-ladr�o. Em 1954 o Brasil vivia uma dificuldade econ�mica mas estava passando por um momento de mudan�as importantes. O tema da corrup��o pegou de uma forma violent�ssima. O mar de lama surge naquela �poca. Depois o A�cio [Neves] restabeleceu. Fiquei me perguntando o que o doutor Tancredo [Neves, av� de A�cio] estaria pensando.
Frente ampla
A frente ampla [a proposta de se apresentar na elei��o por meio de uma coaliz�o de partidos, ONGs e sindicatos] n�o seria um biombo por tr�s do qual o PT se ocultaria. O PT tem suficiente peso, mesmo a despeito dos problemas, para mostrar sua cara. N�o � meia d�zia de pessoas que expressam de forma brutal seu antipetismo que vai intimidar o PT. A frente se im�e pensando no que se fez em outubro [de 2014], quando setores amplos se mobilizaram de uma forma muito intensa quando viram o risco de perdermos a elei��o e revers�o de programas. Houve uma sintonia muito grande entre esse movimento e a candidata [Dilma].
M�dia
Dever�amos fazer uma regula��o de natureza econ�mica. Fico estarrecido quando se procura apresentar isso como um processo de censura. Propostas est�o sendo implementadas nos EUA, no Reino Unido. Agora, acho extraordin�rio que um partido que obteve dezenas de milh�es de votos n�o tenha sido capaz de instrumentalizar um meio de comunica��o consistente. Criar. N�o digo comprar, embora existam alguns � venda. Mas podia ter jornal, revista, seu canal de TV, r�dio. � preocupante. Porque queremos uma sociedade plural.
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