Militares venezuelanos prenderam nesta quinta-feira (30) por suposta corrup��o o ex-presidente da petroleira estatal PDVSA Eulogio del Pino e o ex-ministro de Petr�leo Nelson Mart�nez. Ambos j� haviam sido destitu�dos de seus cargos no �ltimo fim de semana.

Engenheiro, Del Pino � acusado de participar de um esquema de corrup��o de US$ 500 milh�es na joint venture da PDVSA com a Petrozamora.

Mart�nez teria autorizado, sem consentimento do governo, um acordo de refinanciamento para a Citgo, subsidi�ria da petroleira nos EUA, afirmou o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab.

	Marco Bello - 12.jan.2017/Reuters
	Posto de combust�vel da PDVSA, estatal de petr�leo da Venezuela, em Caracas

As pris�es desta quinta-feira s�o o �ltimo desdobramento de uma investiga��o que, nos �ltimos meses, levou � cadeia 65 executivos da empresa estatal.

Na semana passada, as autoridades venezuelanas prenderam o presidente e cinco vices da PDVSA por "roubo descarado", nas palavras de Maduro.

Agora, as aten��es se voltam para Rafael Ram�rez, embaixador venezuelano na ONU destitu�do na quarta-feira (29) pelo ditador Nicol�s Maduro e chamado de volta a Caracas.

Ramirez fora enviado por Maduro ao posto nas Na��es Unidas em 2014, afastando-o de sua forte atua��o no setor de petr�leo no pa�s.

'SABOTAGEM'

O novo ministro de Petr�leo e presidente da PDVSA, general Manuel Quevedo, denunciou nesta quinta-feira uma "sabotagem da produ��o" no pa�s e amea�ou deixar de vender petr�leo para os EUA —possibilidade que analistas consideram pouco prov�vel.

"Tivemos que prender mais de 20 pessoas que estiveram envolvidas em um plano de sabotagem da produ��o", afirmou Quevedo durante uma reuni�o da Opep (Organiza��o dos Pa�ses Exportadores de Petr�leo) em Viena.

O "plano de sabotagem" foi comparado por Quevedo com "o que aconteceu na Venezuela em 2002 e 2003, um golpe orquestrado contra o presidente [Hugo] Ch�vez". "Desta vez, estavam fazendo todo um planejamento para ir reduzindo a produ��o."

Importa��o de petr�leo bruto ou produtos de petr�leo da Venezuela - Em milhares de barris

Pa�s com as maiores reservas de petr�leo do mundo, a Venezuela produziu em outubro passado 1,94 milh�o de barris di�rios, 160 mil a menos do que no mesmo m�s do ano anterior.

Em meio ao menor n�vel de produ��o desde 1989, Maduro nomeou Quevedo para a pasta, no �ltimo domingo (26), com o objetivo de fazer uma "limpeza" e aumentar a produ��o.

"Temos que fazer pelo menos 1 milh�o de barris a mais do que estamos produzindo hoje", pediu Maduro na quarta-feira, em Caracas.

Contudo, esse "milh�ozinho", como ele definiu, n�o ser� f�cil de alcan�ar, segundo v�rios analistas, que apontam a falta cr�nica de investimentos e a corrup��o como principais causas da crise do setor petroleiro do pa�s.

"Existe uma cultura da corrup��o e, al�m disso, n�o foram mantidos os meios de produ��o. Portanto, (esse objetivo) � ut�pico, imposs�vel. Talvez, se pudesse aumentar a produ��o em 200 ou 300 mil barris, mas fariam falta anos de investimento", afirma o analista em energia Alexandre Andlauer, da consultoria Alphavalue.

AMEA�AS AOS EUA

Quando os pre�os do petr�leo come�aram a cair em 2014, o governo venezuelano reduziu drasticamente as importa��es e provocou uma escassez severa de alimentos e rem�dios.

Apesar de, desde ent�o, os pre�os terem se recuperado, a Venezuela vive em colapso econ�mico. A crise levou um grupo de credores e de ag�ncias de classifica��o financeira a declararem o pa�s e a PDVSA em calote parcial.

Origem das importa��es de petr�leo dos EUA - Em 2017

Al�m disso, desde agosto, os Estados Unidos aplicam san��es � Venezuela, proibindo seus cidad�os e empresas de negociarem novas d�vidas emitidas pelo governo e pela petroleira.

Por causa desse "sequestro" financeiro denunciado por Caracas, Maduro amea�a deixar de vender petr�leo para os Estados Unidos, uma possibilidade que n�o foi descartada, nesta quinta-feira, pelo ministro Quevedo.

"Temos toda a vontade de vender petr�leo para o povo dos Estados Unidos, mas, se seu governo n�o quiser ajudar o povo americano, n�s procuraremos outros mercados, tranquilamente", afirmou em Viena.

Na pr�tica, os Estados Unidos s�o o maior cliente da Venezuela, pois compram 750 mil do 1,9 milh�o de barris di�rios produzidos. Por isso, observadores do setor acham dif�cil que essa amea�a seja cumprida.

"N�o levo a s�rio a amea�a porque, na realidade, n�o t�m outros compradores de seu petr�leo", afirma Joseph McMonigle, da Hedgeye.

O analista tamb�m descarta um embargo total de Washington � compra da commodity venezuelana. "As san��es atuais j� est�o tendo impacto. N�o acredito que os Estados Unidos v�o proibir as importa��es da Venezuela, mas isso pode mudar."

	Editoria de Arte/Folhapress