Maduro amplia poder de militares ao dar comando da PDVSA a um general
Carlos Garcia Rawlins - 17.out.2017/Reuters | ||
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O ditador da Venezuela, Nicol�s Maduro, que trocou o comando da PDVSA, estatal do petr�leo |
O ditador da Venezuela, Nicol�s Maduro, ampliou o poder dos militares em seu governo ao entregar, neste domingo (26), a presid�ncia da estatal do petr�leo PDVSA a um general.
Pilar da economia venezuelana e em calote parcial ap�s n�o pagar os juros de seus t�tulos da d�vida, a PDVSA ser� comandada pelo general Manuel Quevedo, da Guarda Nacional.
Quevedo, que antes era ministro da Habita��o, tamb�m foi nomeado ministro do Petr�leo e ter� a miss�o de "uma reestrutura��o total" na companhia, respons�vel pela entrada de 96% das divisas do pa�s e envolta em esc�ndalos de corrup��o.
Como chefe da Guarda Nacional em Caracas, o novo presidente da PDVSA teve papel-chave no controle dos protestos contra Maduro em 2014 e que deixaram 43 mortos. A oposi��o culpou os militares e a pol�cia pela viol�ncia, como ocorreu entre abril e julho deste ano, com saldo de 125 mortos.
Maduro ainda nomeou outro militar como ministro de Com�rcio Exterior: o capit�o Jos� Vielma Mora, ex-governador do Estado de T�chira. Ao menos um ter�o do gabinete de Maduro � formado por militares, ativos ou reformados.
Segundo analistas, essa forte presen�a no governo venezuelano converte os militares no principal sustent�culo do ditador chavista,que enfrenta baixa popularidade e cujo mandato se encerra em janeiro de 2019.
No Twitter, Quevedo se descreveu como "soldado das pessoas, um chavista e apoiador do presidente Nicolas Maduro". Ele, que n�o � um profissional da �rea como seus antecessores nem um pol�tico de influ�ncia, substitui o qu�mico Nelson Mart�nez na PDVSA e Eulogio Del Pino, um engenheiro que estudou em Stanford, na pasta do Petr�leo.
"Os esc�ndalos de corrup��o acabaram enfraquecendo os �ltimos t�cnicos que restavam na PDVSA. O militares conseguiram o que esperavam. O progn�stico � obscuro", disse Francisco Monaldi, especialista em energia do Instituto Baker.
O alto comando militar do pa�s reitera constantemente sua "lealdade incondicional" a Maduro e � revolu��o bolivariana estabelecida pelo antecessor Hugo Ch�vez (1999-2013).
Atualmente os militares interv�m em v�rios setores, incluindo a produ��o e distribui��o de alimentos.
Em 2016 Maduro tamb�m criou a Camimpeg (Companhia An�nima Militar de Ind�strias Mineradoras, Petrol�feras e de G�s, em tradu��o livre), que vincula �s For�as Armadas a explora��o de jazidas.
CORRUP��O
A mudan�a no comando da estatal ocorre depois da pris�o do chefe da empresa, Jos� �ngel Pereira, e de cinco diretores sob a acusa��o de refinanciarem uma d�vida de US$ 4 bilh�es (cerca de R$ 13 bilh�es) da Citgo, subsidi�ria americana da PDVSA, causando preju�zo ao regime chavista.
"Assumo a responsabilidade plena dessa transforma��o revolucion�ria e dos passos que vamos dar contra a corrup��o, contra a bandidagem, para a limpeza da PDVSA", disse Maduro em seu programa dominical na rede oficial de televis�o VTV ao informar sobre a nomea��o de Quevedo.
Antes, o ditador j� havia indicado ex-ministro do Petr�leo Asdr�bal Ch�vez, primo do ex-presidente Hugo Ch�vez (1954-2013), para presidir a Citgo.
Essas posi��es na ind�stria petroleira de Venezuela, principal fonte de divisas do pa�s membro da Organiza��o dos Pa�ses Produtores de Petr�leo (Opep), permaneceram nas m�os de civis por mais de uma d�cada durante o governo socialista.
A oposi��o afirma que a PDVSA est� mergulhada em casos corrup��o e que uma investiga��o do Congresso concluiu que ao menos US$ 11 bilh�es "desapareceram" entre 2004 e 2014.
O objetivo definido para a gest�o do general � elevar a produ��o de petr�leo da Venezuela, que hoje est� em 1,9 milh�es de barris/dia, contra 2,27 milh�es em 2016.
N�o ficou claro como o novo chefe da estatal ir� aumentar a produ��o de petr�leo, perto do menor n�vel em 30 anos e em meio a uma profunda recess�o e san��es dos EUA que impediram o acesso da Venezuela aos bancos internacionais.
Especialistas atribuem a queda na produ��o ao baixo investimento em infraestrutura e pelo alto gasto p�blico a cartgo da PDVSA.
A baixa produ��o de petr�leo,combinada com a queda nos pre�os internacionais, derrubou a entrada de d�lares no pa�s e o colocou em uma profunda crise com escassez de alimentos b�sicos e rem�dios, al�m de uma infla��o que o FMI projeta em mais de 2.300% para 2018.
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