• Mundo

    Thursday, 01-Aug-2024 04:42:35 -03

    Sob protestos de Caracas, Mercosul transfere presid�ncia � Argentina

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    14/12/2016 12h32 - Atualizado �s 22h25

    A chanceler da Venezuela, Delcy Rodr�guez, tentou impedir, sem sucesso, que a presid�ncia rotativa do Mercosul fosse transferida para a Argentina, aparecendo sem ser convidada na reuni�o de chanceleres do bloco, que ocorreu nesta quarta-feira (14), em Buenos Aires.

    "Avisei verbalmente e por escrito que ela n�o estava convidada", disse depois, em entrevista aos jornalistas, a chanceler argentina, Susana Malcorra, anfitri� do encontro.

    "Mas ela quis vir mesmo assim, ent�o eu a recebi como manda o protocolo, mas deixei claro que ela n�o poderia participar do encontro", disse. "Enquanto estiver nessa situa��o, a Venezuela n�o ter� voz nem voto no bloco."

    Sylvia Colombo/Folhapress
    A chanceler da Venezuela, Delcy Rodriguez, d� entrevista a jornalistas e manifestantes perto da entrada do Pal�cio San Mart�n, em Buenos Aires, 14 de dezembro de 2016.
    Delcy Rodriguez d� entrevista a jornalistas e manifestantes perto da entrada do Pal�cio San Mart�n

    No in�cio do m�s, os membros do Mercosul decidiram pela "cessa��o da participa��o" da Venezuela, por alegar que o pa�s n�o est� cumprindo com os requisitos do bloco. Essa decis�o significa que o pa�s n�o pode exercer, portanto, a presid�ncia pro-tempore, que lhe corresponderia nesse momento.

    Assim, a chefia foi transferida para a Argentina (segue-se a ordem alfab�tica). Por�m, o governo de Nicol�s Maduro n�o acata essa decis�o, que considera ser "mais pol�tica do que t�cnica", nas palavras de Rodr�guez.

    "N�o aceitamos e consideramos que n�s continuamos na Presid�ncia; por isso, n�o precisamos pedir autoriza��o para comparecer a uma reuni�o do Mercosul. Fa�o isso para defender a legitimidade do bloco. Se n�o nos deixam passar pela porta, n�s entraremos pela janela", disse a chanceler venezuelana ap�s conversar por quase uma hora com Malcorra, no pr�dio de escrit�rios da chancelaria, que se encontra do outro lado da rua do Pal�cio San Mart�n, sede cerimonial da chancelaria argentina.

    Ali, Malcorra, com a ajuda do chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, tentou dissuadir Rodr�guez de tentar entrar na reuni�o e convenc�-la a aceitar a suspens�o da Venezuela. Segundo Malcorra, durante a conversa, os tr�s ficaram "dando voltas, porque nossas posi��es s�o contradit�rias e n�o foi poss�vel chegar a um acordo".

    Ficou decidido apenas que representantes dos pa�ses integrantes do bloco se reunir�o nesta quinta (15), no Uruguai, para acionar o Protocolo de Olivos, a pedido da Venezuela. Trata-se de um recurso de solu��o de conflitos previsto no Mercosul.

    Malcorra disse que devem comparecer apenas equipes t�cnicas de cada pa�s. Mas Rodr�guez afirmou que estar� presente pessoalmente.

    Enquanto isso, do lado de fora, entre o edif�cio da chancelaria e o Pal�cio San Mart�n, havia manifestantes venezuelanos a favor da perman�ncia do pa�s no bloco, brasileiros pedindo a ren�ncia do presidente Michel Temer e organiza��es sindicais e kirchneristas argentinas, solid�rias com as duas causas.

    Rodr�guez saiu do edif�cio e foi ovacionada pelos manifestantes. Num microfone improvisado, declarou que a Venezuela estava sofrendo um golpe e que ela entraria de qualquer forma na reuni�o.

    A chanceler veio � Argentina acompanhada por seu par boliviano, David Choquehuanca, que afirmou que a Bol�via, membro-associado do Mercosul, era solid�ria � posi��o venezuelana.

    Sylvia Colombo/Folhapress
    Manifestantes brasileiros protestam contra o chanceler Jos� Serra na entrada do Pal�cio San Martin, em Buenos Aires, onde ocorre reuni�o do Mercosul. BUENOS AIRES, Argentina, 14 de dezembro de 2016.
    Manifestantes brasileiros protestam contra o chanceler Jos� Serra em Buenos Aires

    Rodr�guez caminhou, ent�o, at� o port�o do pal�cio, que estava cercado por policiais desde cedo, e pediu para entrar. Ap�s receber permiss�o, dirigiu-se � sala de reuni�es. Esta, por�m, j� havia sido esvaziada. Ela, ent�o, tirou fotos e as postou nas redes sociais. "Desmontaram a reuni�o quando eu cheguei", escreveu. Na verdade, Serra, Malcorra, Nin Novoa e Eladio Loizaga (Paraguai) j� estavam num almo�o de trabalho previsto no cronograma.

    Aos jornalistas Malcorra disse que "preferia que essas coisas n�o estivessem acontecendo, e que pud�ssemos discutir nossos avan�os como bloco e n�o alimentando a parte m�rbida da reuni�o."

    Um pouco irritada, a chanceler argentina reclamou que os jornalistas fizessem tantas perguntas sobre o comportamento da venezuelana, em vez de perguntarem sobre a reuni�o propriamente dita.

    Do lado de fora, ao longo da tarde, os protestos pr�-Venezuela no Mercosul continuaram, fazendo com que a chancelaria seguisse protegida por policiais.

    BRASIL

    No encontro com os jornalistas, Malcorra afirmou que a crise pol�tico-econ�mica brasileira � uma das preocupa��es da Argentina e do Mercosul. "N�s todos precisamos de um Brasil forte e que cres�a."

    J� o chanceler Jos� Serra, recebido aos gritos de "golpista" por um grupo pequeno de brasileiros, n�o quis dar declara��es e deixou o local logo ap�s a reuni�o.

    Edi��o impressa

    Fale com a Reda��o - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024