S�O PAULO - H� bons argumentos para quem torce pela participa��o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva na elei��o do ano que vem.

No encontro que teve com um grupo de jornalistas nesta quarta-feira (20), o l�der petista disse mais uma vez que as acusa��es feitas contra ele s�o mentirosas, desqualificou os procuradores da Lava Jato e classificou a senten�a que recebeu do juiz Sergio Moro como "quase uma piada".

Se a Justi�a barrar sua candidatura, o discurso que Lula adota ao se apresentar como perseguido pol�tico tende a ganhar for�a. Com ele no p�reo, dificilmente essa conversa cola.

� certo que haver� questionamentos � legitimidade do processo eleitoral se Lula for impedido, num momento em que aparece como favorito. Se ele concorrer e for derrotado nas urnas, � improv�vel que seus aliados possam contestar o resultado.

Uma campanha com Lula candidato seria uma oportunidade para acertar contas com o passado. For�ado a debater com os advers�rios e se expor a perguntas embara�osas, ele teria mais dificuldade para escapar de um exame dos pr�prios erros.

Na quarta-feira, o ex-presidente se referiu � estabiliza��o da economia logo ap�s sua chegada ao poder, em 2003, e mostrou que pretende se apresentar na pr�xima campanha eleitoral como o �nico pol�tico com "credibilidade" para pacificar o pa�s e faz�-lo voltar a crescer com vigor.

Ao esbo�ar seu plano, Lula defendeu o papel do Estado como "indutor" do desenvolvimento econ�mico, disse que � preciso usar os bancos p�blicos para alavancar investimentos e prometeu aumentar o sal�rio m�nimo com a generosidade dos anos gordos em que governou.

Ningu�m sabe como conciliaria a receita com a pen�ria do caixa do governo. Mas esse � outro tema que poder� ser debatido na campanha se a Justi�a decidir que o lugar de Lula pode ser o palanque, e n�o a pris�o. Seria tamb�m um jeito de saber se sua candidatura � para valer, ou apenas um escudo para proteg�-lo.

Ricardo Balthazar

� rep�rter especial. Foi editor de 'Mercado' e de 'Poder'.