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Mercado audiovisual uruguaio se reinventa

Gabriel Menezes

'Manhãs de setembro' foi uma das séries brasileiras gravadas no Uruguai (Foto: Divulgação)'Manhãs de setembro' foi uma das séries brasileiras gravadas no Uruguai (Foto: Divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

O setor audiovisual uruguaio teve um boom em 2021 impulsionado por séries e filmes estrangeiros rodados lá, por conta do bom controle da pandemia. Agora, eles buscam alternativas para driblar a lacuna que ficou depois que essas produções voltaram aos seus países de origem. Segundo dados do setor, entre 2020 e 2021, nove grandes projetos brasileiros foram feitos no Uruguai, totalizando 53 semanas de filmagens.

- As produtoras brasileiras encontraram no Uruguai uma plataforma de recursos e soluções que lhes permitiu avançar com seus projetos. Em comparação com a região, a pandemia no Uruguai estava sob controle. As filmagens ocorreram com relativa normalidade, reguladas por um protocolo específico para o setor audiovisual desenvolvido em conjunto por produtores, trabalhadores e o governo - comenta o diretor uruguaio Ernesto Musitelli, da Musitelli Film & Digital, empresa que fornece soluções para o audiovisual em equipamentos de produção e serviços técnicos no Uruguai e na América Latina.

Ele, que esteve envolvido com todas essas produções brasileiras, afirma que o número diminuiu após a melhora nos índices da pandemia por aqui, mas que isso não afeta o crescimento do setor:

- A realidade é que o Uruguai trabalha há muitos anos para promover seu conteúdo local original e serviços de produção internacional. Com a reativação das filmagens no Brasil, é lógico esperar uma diminuição nos dias de filmagem para projetos brasileiros. O positivo é que o Uruguai provou ser uma solução concreta e alguns projetos permanecem graças a uma série de vantagens que o tornam muito competitivo.

Entre as vantagens, ele cita a mão de obra experiente disponível; equipamentos e recursos técnicos de última geração; elenco variado; sistema alfandegário e de admissão temporária ágil; distâncias muito curtas entre diferentes localidades, com trânsito muito amigável; e gestão tranquila de alvarás e autorizações municipais e estaduais.

- Essas vantagens do setor, somadas às condições estruturais do país em termos de estabilidade política, econômica e social, geram uma plataforma muito interessante para atrair e captar produções audiovisuais internacionais - destaca o diretor.

 

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O avanço do audiovisual no país se deve também, em grande parte, a uma política pública específica para o setor. Desde 2019, o governo oferece um incentivo para produções internacionais por meio do Programa Uruguai Audiovisual (PUA). Só em 2021, o país recebeu investimentos internacionais na ordem US$ 84 milhões no setor.

- O programa devolve ao produtor estrangeiro uma porcentagem das despesas incorridas no Uruguai. A devolução é feita diretamente ao produtor estrangeiro, em dinheiro, por transferência bancária. É provavelmente o sistema mais simples, porém sofisticado, disponível no continente - comenta ele.

Uma das produções brasileiras que foi parcialmente filmada no país já neste ano foi a quarta temporada de “Impuros”, da Star+. Além dela, ainda há outros trabalhos inéditos que foram feitos por lá, como a segunda temporada de “Dom”, da Amazon.

De acordo com a produtora cinematográfica uruguaia Mariana Secco, da produtora Salado, uma das principais do país, as produções brasileiras representaram no ano passado 70% do faturamento da empresa em serviços de produção de conteúdo. Apesar disso, assim como Musitelli, ela se diz otimista com o momento atual, mesmo com a diminuição nesse número:

- Hoje, junto com a manutenção dos serviços de produção, temos que apostar na produção nacional, pois há cada vez mais produtos uruguaios interessantes que são distribuídos internacionalmente. O futuro da indústria audiovisual do país está em sua própria produção, em nossas histórias, em nosso talento.

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Diretor uruguaio Ernesto Musitelli, da Musitelli Film & Digital (Foto: Arquivo pessoal)Diretor uruguaio Ernesto Musitelli, da Musitelli Film & Digital (Foto: Arquivo pessoal)

 

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