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Maria Ribeiro, de 'Desalma': 'Precisamos de transcendência'

Thayná Rodrigues

Maria Ribeiro está no ar em 'Desalma' e no 'Conversa com Bial' (Foto: Divulgação)Maria Ribeiro está no ar em 'Desalma' e no 'Conversa com Bial' (Foto: Divulgação)

 

Maria Ribeiro fala ao celular da casa de Amora Mautner, parceira de novos trabalhos. Ao ouvir o som alto que a amiga e diretora de "Verdades secretas" 2 põe, pede para diminuir o volume enquanto conversa com a repórter. Sem constrangimento. No mesmo clima, a escritora brinca com o fato de ter ganhado credibilidade com um dos filhos ao fazer parte de "Desalma", série de suspense no ar na Globo. É que o pré-adolescente Bento, de 11 anos, não curte novelas, e a atriz está no ar em "Império", assim como o pai dele, Caio Blat.

— Bento passou a me respeitar depois de "Desalma". E eu fiz (o filme de Laís Bodanzky) "Como nossos pais", um monte de coisa que eu achava que era incrível. Mas, para ele, passei a existir depois que fiz a série (risos). Ele enloqueceu. Porque é dark, tem suspense... Quando chegou episódio da segunda temporada, queria ler tudo. Mas não deixei, claro. E também acho que foi dos projetos mais importantes que fiz na televisão — opina ela, que tem 27 anos de carreira e 45 de idade.

Maria lembra que fez teste para integrar o elenco da produção dirigida por Carlos Manga Jr. e ouviu dele uma proposta:

— Estou na TV com a série e com a novela. E ele trouxe um perfil para Giovana, a minha personagem. "Quero que ela seja comedida e insegura. Você é comunicadora, é uma atriz e uma persona ao mesmo tempo, mas não quero ver nada da Maria na personagem". Para mim, foi interessante fazer a série. Além de o texto da Ana Paula Maia trazer esse tema do sobrenatural, de o roteiro ser de uma autora e eu também ser, de haver três tramas feministas, foi importante para mim pessoalmente: fazer uma personagem que não tem a minha forma.

 

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Já a Danielle, de "Império" tem características semelhantes às suas, segundo a atriz ("é brigona e tem que lidar com tudo o que cai em cima"). Ela comenta ainda como é a repercussão do trabalho em família, já que na novela de Aguinaldo Silva ela contracena com Caio, com quem na época vivia:

É legal rever porque na época a gente era casado, então, aquilo não era tão absurdo (trabalhar com o marido, agora ex). Agora é mais divertido de ver porque Bento tem 11 anos e volta e meia assiste. Caio é um grande ator. Na época, até que foi uma questão gravar. "Será?", pensei. Porque Caio entrou no lugar do Bruno Gagliasso. Me passava pela cabeça, sim: "Como vai ser fazer par?". A gente estava num momento mais tenso. Hoje, ao olhar, gosto dessa mistura, do personagem cafajeste e tal. É um casal muito real. Hoje talvez chame mais atenção porque estamos separados. Sou outra pessoa e ele também. Mas olho Danielle e Zé Pedro e acho as cenas comoventes. Fico feliz de termos feito juntos. E adoro o produto. O trabalho do Alexandre Nero tem brasilidade. Eu gosto de novela. A gente não pode perder o prazer. Novela é do Brasil, é o que comunica com mais gente.

"Desalma" estreou primeiro no Globoplay e agora está na TV aberta. Maria conta que gravar a primeira e a segunda temporadas trouxe reflexões sobre a morte e seus mistérios:

— Não sou uma pessoa muito de acreditar no sobrenatural. João de Deus, por exemplo, foi procurado por várias amigas minhas e eu não entrei na onda. Sou mais cerebral. Acredito na Ciência. Te confesso que os mistérios, os acasos, as coincidências, sim, mexem comigo. Fiquei atenta a esse mundo, inclusive para dar conta da personagem, que não tem a ver comigo. Também nao acredito em vida após a morte. Depois da série o que aconteceu foi  que entrei no lugar do mistério que acho que realmente torna a vida mais mágica. Existe uma coisa de como você lê isso e de como você coloca na vida. E não tem como ter uma precisão de como ela é diante desses enigmas. Fiquei ligada nisso. Só que mais importante do que como isso me bate é o efeito no público. Isso me interessa muito. A gente vive um excesso de realidade violenta. Então, nunca busquei tantas séries fantásticas como agora. Quero ligar a TV e ser transportada para um mundo que tem outros códigos, que nao é o mundo que eu vivo. Acho que dramaturgia é para isso. A gente está precisando descansar o cérebro. A realidade é dura demais. Precisamos de transcendência.

Além de desopilar ao assistir séries e filmes de fantasia, Maria Ribeiro diz ter priorizado encontros prazerosos com amigos e família nos últimos meses, após a vacinação:

— A urgência da vida nunca foi tão latente para mim. Passei a vê-la como um milagre. Nem todo mundo chegou até aqui. Nesse sentido, não posso desperdiçar nenhum dia. Não vou mais ver nenhum filme que eu não ame, vou parar livro no meio, vou ser amiga das pessoas que me importam. A pandemia me deu esse sentido de que não estamos aqui para sempre. Escrevi esses dias numa crônica que estava com a sensação de, no trânsito, estar "ensanduichada" por dois carros funerários. Então, vamos aproveitar a vida, fazer ligações afetuosas, ser gentis. Entrei numa onda de que tudo o que puder fazer no amor, na delicadeza, farei. Não quero deixar de dar nenhum telefonema, mandar uma flor.

Acarinhar quem ama é uma das características da escritora, que já dedicou crônicas a filhos (além de Bento, ela é mãe de João, de 18 anos, do casamento com Paulo Betti), a amigas e amigos, a ex-maridos e a ex-namorados. Os elogios às mulheres de seus ex-maridos também são recorrentes. Dadá Coelho, que é casada com Betti, já ganhou homenagem de Maria, assim como Luisa Arraes, atual de Caio Blat:

— Sou apaixonada pela Luisa. Faço essa propaganda. Acho que a gente tem que ser Novos Baianos na vida, ir atualizando as relações. Ela é uma supermadrasta, uma mulher incrível. Como não vou amar uma mulher que ama meu filho? As coisas têm um tempo. Caio e eu somos muito felizes como ex-casal. A companheira dele foi um ganho na nossa vida. Inclusive tenho vontade de trabalhar com ela. Somos bem próximas, assim como também sou de Dadá. Tenho essa bandeira na vida. Como sociedade, temos avançado em tantas coisas... Creio que também tenha que ser assim com as relações.

Maria Ribeiro elogia a atriz Luisa Arraes, madrasta de seu filho Bento (Foto: Reprodução)Maria Ribeiro elogia a atriz Luisa Arraes, madrasta de seu filho Bento (Foto: Reprodução)

 

 

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