Flavio Bauraqui aguarda a retomada das gravações para a estreia na nova temporada de "Segunda chamada" e tem, em 2021, a continuação de seu trabalho como Barata, na série "Arcanjo renegado" (Globoplay).
— Na próxima temporada de "Arcanjo", meu personagem volta com muita força, enlouquecido. Ele é assessor do governador e tem um caso com um blogueiro, personagem de Álamo Facó, que é contra o governo. Barata transita num sistema político podre, de conchavos... É um dos melhores papéis da minha vida — orgulha-se o ator, de 54 anos, que também gravará um samba para a trilha sonora da série.
Em novembro de 2020, Bauraqui viveu Luiz Gama no especial "Falas negras", de Manuela Dias e Lázaro Ramos:
— O especial surgiu para nós como um projeto único, ainda não sabemos se haverá continuidade. Mas foi incrível fazer e mostrar para o público que somos muitos atores negros prontos para trabalhar.
Gaúcho de Santa Maria, Flavio conta que começou a se engajar artisticamente aos 15 anos, quando criou um grupo teatral, o "Improviso". Desde então, ele segue se reinventando: além dos papéis no streaming e na TV, tem música no Spotify e se delicia ao contar "causos" de antes da pandemia, quando ainda era possível o contato com o público das peças de teatro:
— Depois que fiz a peça "Obrigado, Cartola", em 2004, chegou um senhor bem velhinho e disse: "Cartola, estava com uma saudade de você". É como se o chão tivesse se rompido. É importante quando essas coisas acontecem porque renovam os votos de ator. Em 2016, me chamaram para fazer "Cartola: o mundo é um moinho" (de Artur Xexéo), que fez muito sucesso. Depois disso, o compositor que estava adormecido acordou. Agora minha música "Mentiras digitais" está no streaming de música. Digo que o artista é uma mão e os dedos são talentos, são múltiplos.
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Recentemente, o artista foi notícia ao se declarar para o marido, o urbanista Helder Mendes, nas redes sociais (foto abaixo). A relação dos dois despertou uma curiosidade do público que leva o ator a falar sobre representatividade.
— Nossa relação é natural. Acabou virando algo "demais", mas a parte da representatividade eu acho importantíssima: como negro, como LGBT, acho relevante meninos e meninas perceberem que não há nada de errado em se identificarem com a classe. Quem nasce negro no Brasil já está acostumado a tomar pedrada. Então, me sinto bem em favorecer a militância nesse sentido. Mas eu não saí do armário. Nunca entrei! Descobri minha sexualidade aos 13 anos, minha mãe sempre soube. Já casei muitas vezes na vida: ao todo, foram nove. Por aí se pode perceber que nunca escondi nada. E isso não atrapalha a minha carreira. Até faço muito mais personagens héteros do que gays — argumenta.
Bauraqui conta que seu engajamento em causas para a visibilidade social é ainda mais abrangente:
— Estou fazendo um projeto com a atriz Nina Barros e com o Babu Santana. Ela vai interpretar mulheres da própria família e personagens incríveis da História. Outra parte da minha militância como negro é contar nossas histórias.