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'Roda de fogo': velha novela aos olhos de hoje

Patrícia Kogut

Tarcísio Meira e Bruna Lombardi em 'Roda de fogo' (Foto: Globo)Tarcísio Meira e Bruna Lombardi em 'Roda de fogo' (Foto: Globo)

 

Renato Villar foi um dos inúmeros personagens marcantes de Tarcísio Meira nas novelas. Poderoso, milionário e corrupto, ele mantinha uma pose que jamais desarmava. Até que descobriu um tumor cerebral e reviu conceitos. Quem assistiu a “Roda de fogo”, escrita por Lauro César Muniz em 1986, recorda-se das cenas em que o malvado sofria com enxaquecas horríveis. Ele fechava os olhos, balançava a cabeça e massageava as têmporas em sofrimento. Agora, a trama está no ar no Globoplay e voltou a fazer sucesso.

Em 1986, como lembra um filminho de quatro minutos que também está no Globoplay ao lado dos capítulos, o Cometa Halley tinha passado; a ditadura, recém-terminado; e Maradona era uma estrela no auge da carreira. São décadas, mas “Roda de fogo” está atraindo espectadores, entre outras razões, porque seu enredo tem muita atualidade. Ele fala de política e moral num Brasil cheio de falhas até hoje não superadas.

O leitor não imagina quantas mensagens sobre essa produção vêm chegando aqui todos os dias. Muitas são de saudosistas. Mas essas se somam a outras, de jovens que estão descobrindo a história. Todas as pessoas têm em comum a adoração por novelas, uma característica, aliás, do público brasileiro. Faz pensar que o Globoplay conta com uma vantagem sobre qualquer serviço de streaming que chegue ao país.

 

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As novelas foram criadas pensando no consumo serializado. O número grande de capítulos serve a diluir os custos e a fórmula funciona como um todo. Porém, as novas gerações estão subvertendo esse padrão e assistindo a elas de outras formas. Fazem maratonas e pulam trechos mais arrastados. Essas apropriações levam à conclusão de que o gênero está bem longe da extinção.

No caso de “Roda de fogo”, há uma curiosidade adicional. A Globo perdeu o capítulo 90, e o Globoplay pôs um aviso para o espectador. Marcílio Moraes, que era colaborador de Lauro César, disponibilizou o texto que falta no seu site. Assim, entre adendos e variadas maneiras de assistir, “Roda de fogo” vai ganhando outra vida.

Recomendo conferir pela história ótima desse autor que é um mestre. E para ver o trabalho do elenco. Além de Tarcísio Meira, Bruna Lombardi, Renata Sorrah, Cecil Thiré, Eva Wilma, Osmar Prado, Joana Fomm, Carlos Kroeber e tantos outros estão brilhando. E o jovem Felipe Camargo já esbanjava talento, assim como Isabela Garcia. As cenas eram muito mais longas do que as das tramas modernas, e a qualidade da imagem, bem pior. Nas externas, o ruído ambiente atrapalha. É preciso dar um desconto para tudo isso. Mas vale a viagem.

PS: O Globoplay sugere para os que buscam “Roda de fogo” a paródia exibida na TV Pirata, "Fogo no rabo". Fica a dica. 

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