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Pesquisas apontam os interesses do público durante a pandemia

Patrícia Kogut

Interesses dos espectadores vêm mudando na pandemia (Foto: TV Globo)Interesses dos espectadores vêm mudando na pandemia (Foto: TV Globo)

 

Se nós chegaremos ao fim da pandemia mais solidários e providos de consciência coletiva ou quais sistemas políticos se fortalecerão são algumas entre tantas interrogações que todo mundo se faz agora. Mas pelo menos uma certeza dá para ter desde já: grande parte da humanidade sairá dessa com alguns quilos a mais. Uma ampla pesquisa do Google sobre mudanças no comportamento do público desde março, quando o vírus passou a assustar os brasileiros, entrega que “pizza” e “brigadeiro” estiveram entre as palavras mais buscadas por internautas daqui. Não é surpresa, portanto, que os programas de culinária tenham ganhado impulso. No GNT, essa alta se manifesta na audiência do “Que seja doce”, do “Cozinha prática com Rita Lobo” e do “Tempero de família”, que subiram 63% em 50 dias de quarentena. Os bons resultados se estendem ao canal no YouTube, o Nhac GNT, cujas videoviews se multiplicaram em 86%. E já que o assunto é o YouTube, o tráfego por lá aumentou (34%). No Brasil, a busca por notícias na plataforma cresceu 75%; por receitas, 40%; por aulas de ginástica, 33% e por serviços religiosos, 266%. Há ainda a explosão dos shows. Entre eles, vale citar o de Marília Mendonça, que cruzou a marca de 3,2 milhões de acessos simultâneos. Essas lives surgiram como um formato de ocasião, mas têm tudo para se estabelecerem.

E por falar em lives. Dia desses, quando no meio de uma delas a qualidade da imagem se degradou, a apresentadora do GNT Astrid Fontenelle observou: “É sempre assim às seis da tarde, quando o povo todo está fazendo lives”. O comentário foi despretensioso, mas levanta muitas questões acerca do comportamento do público. Grande parte dos espectadores está em casa, fazendo home office. As escolas não estão funcionando. Qual é a nova rotina dos espectadores? Se 18h é o rush, seria essa a nova faixa nobre? E como fica então a hierarquia da grade da televisão? Voltando ao estudo do Google, ele concluiu que houve um aumento global de 40% nas horas de streaming consumidas durante a tarde. Em outras palavras, o horário de ouro agora é mais cedo.

E olha o que diz um levantamento do Google Trends feito exclusivamente para a coluna: o horário de pico das buscas de termos ligados a televisão é em torno das 19h. Fica no ar uma curiosidade: como vai se comportar a audiência do “Conversa com Bial” quando ele voltar, amanhã? Afinal, o programa continuará exibido tarde da noite. Porém, com as pessoas em casa, o conceito de “tarde” mudou? A conferir.

A avidez por noticiário também se reflete nos números. O alcance médio do “Jornal Nacional” passou de 42 milhões para 48,9 milhões por dia, um crescimento de 16% (6,9 milhões de pessoas a mais, na comparação com o período de 1º de janeiro a 14 de março). A GloboNews assumiu a liderança do ranking diário da TV paga e, no consolidado de 2020, escalou da sétima para a segunda posição, atrás só do Viva (dados PNT, dia inteiro). E essa audiência é crescente. Abril foi o mês de maiores índices desde agosto de 2005.

Entre as abertas, um dado interessante: a Globo foi a única a ganhar espectadores. Sua média no dia (das 6h às 5h59m), passou de 13 para 15 pontos, um incremento de 6,3 milhões de pessoas no alcance da TV. E mais: pesquisas indicam que houve um rejuvenescimento do público da emissora. Há mais espectadores de 4 a 11 anos (11%), de 12 a 19 anos (11%) e de 18 a 24 anos (9%). Isso significa que novas gerações estão sendo apresentadas agora às novelas em reprise. No Google Trends, as campeãs de procura são: “Fina estampa”; “Totalmente demais”, “Malhação”“Êta mundo bom!” e “Novo mundo”. No Twitter, os programas mais comentados da Globo de 1º de março a 6 de maio foram o “BBB”, seguido do “Jornal Nacional”, de “Avenida Brasil”, do “Fantástico” e de “Fina estampa”.

Segundo os analistas, a pandemia funcionará como uma espécie de atalho na transição da sociedade para a banda larga e a digitalização. Ela antecipou essa travessia em pelo menos uma década. A internet se tornou o vetor principal para a realização de atividades em todas as esferas, do entretenimento às compras, da educação às práticas espirituais.

Se sairemos diferentes disso tudo? Provavelmente sim. A televisão também.

 

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