Ir para o conteúdo


Publicidade

Violência e especialização

Patrícia Kogut

Foto (Foto: Arquivo)Foto (Foto: Arquivo)

Como o cinema, a TV investiu bastante na dramaturgia relacionada à violência nos últimos anos. Entre as emissoras abertas, a Record foi mais fundo no gênero com “Vidas opostas” e a série “A lei e o crime” (Ângelo Paes Leme na foto), ambos de Marcílio Moraes. Este caminho ajudou a treinar o espectador para reconhecer de cara um conjunto de signos que caracterizam uma sequência que se pretende eletrizante: sons de tiros, imagem tratada para dar a impressão de agitação, vocabulário específico etc.

Não faz muito tempo, as coisas eram bem diferentes. Prova disso é uma cena de “Quatro por quatro” — novela de 1994 de Carlos Lombardi — exibida essa semana no canal Viva. Nela, o personagem de Marcelo Novaes acompanhava um grupo de turistas ao Alto da Boa Vista, quando o ônibus em que viajavam era interceptado por uma dupla de bandidos armados. As agressões ficaram restritas ao diálogo cheio de ameaças do tipo: “Passa a grana ou vai voar azeitona na cabeça dos gringos!”. Aos olhos de hoje, tudo parece ingênuo, bobinho, quase teatro infantil.


A TV aprendeu a encenar a violência com enorme realismo. Do ponto de vista objetivo, do refinamento técnico, isso é, claro, bom. Mas fica a pergunta: o que mais o público ganhou?

Leia outras notícias do blog aqui

Mais em Kogut

Publicidade