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Marta Suplicy escreve que moda, como m�sica cl�ssica, deve usar incentivo fiscal

Desde que entrei no Minist�rio da Cultura venho aprendendo em ritmo veloz sobre as mais diferentes artes e sobre as pessoas. A cultura � fundamental no sentido de nos fazer ter asas e voar as geografias do mundo e dos sentimentos.

Em momentos de alegria ela � nossa maior express�o e na tristeza nosso colo amigo. O mais simples dos mortais pode dan�ar, cantar, produzir ou usufruir deste alimento. Por ser t�o plena e f�cil e ao mesmo tempo ter a possibilidade de ser extremamente cara e sofisticada, a cultura chega a ser banalizada e na pol�tica or�ament�ria raramente � lembrada.

Na incurs�o neste mundo ministerial, a moda me pegou de surpresa. Tenho clareza de sua import�ncia: seja para nos posicionarmos como imagem (pense em Lady Gaga, David Bowie, Chacrinha, Sabrina Sato...) seja para entender diferentes sociedades (pode-se escrever a hist�ria do papel da mulher nas diferentes �pocas da humanidade atrav�s de suas vestimentas), seja pela beleza e arte de apreciar o belo ou simplesmente a criatividade daquele momento na hist�ria.

O que eu n�o sabia e passei a conhecer, depois de tanta discuss�o se moda � ou n�o cultura, � o n�mero de museus de moda. S� de moda. Inclusive no Brasil. Eles existem na Coreia do Sul, no Jap�o, nos EUA, na It�lia... a lista � longa.

Al�m de exposi��es tempor�rias em museus �cones como o Louvre ou o Metropolitan. Como ministra, agora mais interessada no que existe sobre o assunto, visitei exposi��es tempor�rias em Pequim, Washington, Frankfurt...

Realmente, � cultura. Elas falam daqueles povos e s�o manifesta��es de �pocas. Como os chineses, nesta mostra de 20 anos de moda no pa�s se apropriaram e digeriram o Ocidente e fizeram os vestidos mais lindos e originais que j� vi! Vai ser interessante daqui a 50 anos analisar qual foi o impacto desta apropria��o.

Fiquei surpresa com uma carta aberta da Maria Rita Khel1, que resumo na cr�tica que pa�s pobre n�o deveria gastar patrocinando quem pode pagar. Ainda mais vestidos!

� uma mentalidade linear que � risca seria dizer que n�o patrocinaremos a Osesp (Orquestra Sinf�nica do Estado de S�o Paulo), porque ela poderia obter patroc�nio sem Lei Rouanet2 e continuando este tipo de racioc�nio porque nem todos podem ir ao teatro.

Mudei de ideia sobre tudo isso. A Lei Rouanet, que em breve ser� melhorada com a substitui��o pelo Procultura, serve para ampliar todas as �reas culturais, de museus a pe�as de teatro, passando por escolas de samba, desde que elas consigam patroc�nio com esta lei de incentivo fiscal. O que para a cultura s� acrescenta pois � recurso que n�o viria para c�. Quanto aos que t�m maior dificuldade na capta��o, nossos editais para criadores negros, mulheres, �ndios, edital Amaz�nia, v�m do nosso parco or�amento. Sem esquecer os pontos de cultura que acabamos de aumentar criando conv�nios com as capitais de S�o Paulo e Rio de Janeiro onde (incr�vel) n�o existiam.

Marta Suplicy, 68, � ministra da Cultura. Formada em psicologia pela PUC-SP, fez mestrado na Michigan State University e apresentou programas como o "TV Mulher".

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