Elegância sóbria em tons escuros

Com clima italiano, o Café Artcurial, restaurante da casa de leilões de mesmo nome, abre novamente suas portas após uma reforma. O décor do espaço, situado na prestigiada Avenue des Champs-Élysées, em Paris, ficou por conta do arquiteto francês Charles Zana, cujo projeto foi inspirado em grandes nomes do design do século 20, como Gio Ponti e Ettore Sottsass.

A maior preocupação de Zana foi que a decoração refletisse o espírito do Café Artcurial, com referências ao caráter cultural e artístico da casa, além de reforçar o espírito italiano do menu. A antessala, de clima intimista, evoca as salas de leilão. Os tons empregados são predominantemente escuros, com sofás grafite e poltronas cinzas. Os móveis, desenhados pelo próprio Zana, baseiam-se especialmente nas criações de Ponti. A variação de materiais, como o couro, painéis, tecidos e madeira, é marca registrada de Zana e imprime boas doses de elegância. Discretos, porém, marcantes, os padrões da parede e do teto, respectivamente de losangos e Damier, suavizam as cores escuras do restante do décor.

Ao lado, na sala principal, a abundância de luz, proveniente das grandes janelas e do teto envidraçado, aumenta a sensação de amplitude, atribuindo ao cômodo um ar mais informal, quando comparado com o espaço vizinho. Os revestimentos das paredes variam entre tijolos expostos e pedra calcário, e, em ambas as salas, há um toque cosmopolita ocasionado pelas luminárias, desenho de Luigi Caccia Dominioni para a Azucena. Uma característica única do restaurante é a disposição de peças do acervo da casa de leilões. Desempenham papel duplo – emprestam charme irreverente ao ambiente, além de garantirem a associação do espaço com as atividades da Artcurial. Sem abrir mão do conforto, Zana conseguiu o efeito almejado na decoração: um retrato sóbrio e elegante do estilo de vida italiano.