• 15/06/2016
  • Por AnnAlisA rosso / Produção silviA vAlAssinA / Fotos FiliPPo BAmBerghi
Atualizado em
Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

O living já entrega o gosto apurado dos proprietários: poltronas LC1 (1928), de Le Corbusier, Pierre Jeanneret e Charlotte Perriand, da Cassina, sofá (1954), de Florence Knoll, e pendente Skygarden, de Marcel Wanders para a Flos

O que torna um homem especial? Segundo Massimo Bottura, chef italiano que alcançou o olimpo da gastronomia internacional, é a capacidade de permanecer fiel aos próprios sonhos – como ele vem fazendo desde que inaugurou em Módena a Osteria Francescana, em 1995.

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Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

Na sala de jantar, mesas Fronzoni ’64 (1964), de A.G. Fronzoni para a Cappellini, e luminária Chandelier, de David Chipperfield para a FontanaArte

Dono das cobiçadíssimas três estrelas do Guia Michelin (a maior pontuação possível da publicação), o restaurante mereceu novo reconhecimento neste ano, quando subiu para o primeiro lugar no ranking World’s 50 Best restaurants, da revista inglesa Restaurant. Em sua cozinha, ele mescla como ninguém a tradição italiana, técnicas contemporâneas e apelo artístico.

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Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

O hall de entrada, com adornos zodiacais no forro e duas poltronas de Verner Panton, ambas produzidas pela Vitra: a partir da esq., Heart Cone (1959) e Cone (1958)

A mesma receita permeia o apartamento onde Massimo vive com a mulher, a americana
Lara Gilmore, e os dois filhos. Na reforma ocorrida em 2006 sob a orientação da designer de interiores Catia Baccolini, as características do palazzo erguido em 1957 permaneceram intactas ou ganharam destaque – caso dos adornos no forro de gesso do hall, que mostram os signos do zodíaco.

As modificações mais relevantes foram a integração entre as salas de estar e jantar e a eliminação do papel de parede do dormitório. Mas a morada mantém uma menção a ele, registrada na cerâmica de superfície adamascada que valoriza o ambiente mais aguardado da casa:  a cozinha. 

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Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

A obra de Vik Muniz tem a companhia da S-Chair (1991), design Tom Dixon para a Cappellini

Esta, equipada com módulos profissionais de aço e uma grande bancada de trabalho desenhada pelo chef Gualtiero Marchesi para a Boffi, em 2000, parece sempre pronta para o uso. A cozinha representa o caráter da família, para quem importa o desejo de habitar um espaço vivo, onde lembranças e objetos de grande valor, inclusive sentimental, coexistem, oferecendo refúgio e inspiração.

“No momento, a cozinha é o reino de Alexa, nossa filha, que descobriu sua paixão por preparar doces.Massimo utiliza o ambiente somente nos fins de semana”, diz Lara.

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Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

Com bancadas de aço e pilotada por Massimo nos fins de semana, deixa claro: este é um dos principais espaços da morada

No restante da casa, sobressai o bom gosto na escolha de móveis de design e uma surpreendente coleção de arte contemporânea, que colabora para a história que a ambientação se propõe contar. 

Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

Nem o banheiro ficou de fora das escolhas de classe: exibe a poltrona Statuette, de Lloyd Schwan para a Cappellini, e as luminárias Etch, de TomDixon


“Cada canto nos lembra uma data, um momento de nossa vida juntos, por isso nunca vou
poder eliminar nada. As obras de arte são a nossa janela para o mundo, tanto na casa como no
restaurante. Uma paixão que é comum a mim e a Massimo e que nos ajuda a viver sem sermos esmagados pela rotina. A arte e a cozinha expressam gestos poéticos diários. E, quando falam linguagens conceituais, estimulam nossa inteligência, lembrando-nos de que não é apenas a estética que importa”, completa Lara.

Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

A luminária Birdie, de Ingo Maurer, ilumina a mesa (1966) de Warren Platner para a Knoll


Entre as peças de design, destaca-se uma antiga escrivaninha de Enzo Mari, encontrada em
péssimas condições e restaurada. Sobre ela, uma série de fotografias de Massimo assinadas por Carlo Benvenuto e Stefano Graziani antecipa o material que deverá ser usado em um livro da Phaidon compublicação prevista para 2014. O título? Provavelmente don’t trust a skinny italian chef (“nunca confie em um chef italiano magricela”). Advertência que, como prova Massimo Bottura, não deve ser levada muito a sério.

* Essa matéria foi publicada na edição 355 da Casa Vogue. Em 2016, o Osteria Francescana foi considerado o melhor restaurante do mundo pela premiação The World's 50 Best Restaurants

Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

Massimo e a mulher, Lara, em frente à pintura do italiano Mario Dellavedova

Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

O quarto do casal reúne um sofá desenhado por George Nelson, luminária Arco (1962), de Achille e Pier Giacomo Castiglioni para a Flos, e obras de arte dos italianos Carlo Benvenuto (à esq.) e Marco Montesano

Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

O Bend-Sofa, de Patricia Urquiola para a B&B Italia, compõe com as mesas de centro e lateral Loto, de Antonio Citterio para a Maxalto, e a luminária Zettel’z 6, de Ingo Maurer, transformada em álbum de recordações da família, nesta sala com 10 mil vinis na estante

Apartamento Massimo Bottura (Foto: Divulgação)

O destaque é a pintura do americano David Salle, comestúdio em Nova York