• 12/11/2015
  • por Fabiana Imamura e Studio Arthur Casas; fotos: Fabiana Imamura e Dmitri Kessel
Atualizado em
Editora Globo (Foto: Editora Globo)

Vista do mirante a partir da Praça Geremia Lunardelli. Ao fundo, a Avenida 9 de Julho e, acima, o Viaduto Professor Bernardino Tranchesi. (10/2015)

À espreita do Museu de Arte de São Paulo (MASP), sobre a Av. 9 de Julho, a cidade de São Paulo ganha novos olhares a apreciá-la. Operando em um impulso de retomada de memórias, o Mirante 9 de Julho é um ambiente identificado não somente por seu espaço, mas também pelas memórias que fortalecem a sua identidade.

O sítio foi ponto de encontro de intelectuais sobretudo na década de 1920, quando ocorreu a Semana de Arte Moderna de São Paulo. Posteriormente, o local perdeu seu protagonismo e acabou invisibilizado para a maioria da população. Tal circunstância permitiu que, em meados dos anos 1970, a gestão Paulo Maluf removesse a torre do mirante para a construção do viaduto Professor Bernardino Tranchesi, sem qualquer preocupação com a importância histórica de se preservar o conjunto. 

Mirante 9 de Julho (Foto: Fabiana Imamura e Dmitri Kessel )

Fotografia de 1947 revela o Mirante 9 de Julho, ainda com sua torre, demolida nos anos 70. Ao fundo, o Belvedere Trianon


Até agosto de 2015, o local se configurava como um espaço residual, frequentado e habitado por pessoas que, assim como ele, estavam esquecidas pela sociedade. O ponto de inflexão ocorreu a partir da proposta de uma parceria público-privada dedicada a transformar o mirante em um local de cultura e entretenimento, com um gesto de requalificação do espaço e de seu entorno. 

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Vista da janela do mirante para a Av. 9 de Julho. Ao fundo, o centro antigo da cidade de São Paulo (10/2015) 


A intervenção delineada para este interposto urbano partiu da iniciativa do consórcio formado entre o Grupo Vegas e o escritório de arquitetura MM18, que vislumbraram a criação de um espaço de encontro, troca e performances artísticas para a cidade.

O projeto se resume em três fases. A primeira delas, já implantada, consistiu na recuperação interna do mirante. Um bar e um café  destacam-se nas extremidades do alongado espaço, permeado por bancos e mesinhas. A segunda conta com a reforma dos chafarizes da Av. 9 de Julho, que podem ser avistados do mirante. A terceira e última fase desdobra-se a partir da construção de uma estrutura metálica sobre a laje do mirante, a fim de abrigar uma galeria.  

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Mobiliário do mirante, locado entre seus pilares (10/2015)


Embora ainda incompleta, a intervenção se impõe como uma curiosa experiência urbana. Com algum esforço de instrução do olhar, é possível avistar a avenida e apreciar a bela vista que deu nome ao bairro. Ao caminhar por seu corredor, as colunas de concreto ditam o ritmo de observação dos arredores. 

De um lado, mesas abrigam as mais entusiasmadas e diversificadas conversas. Do outro, a disposição se repete, mas marcada pelo convite do cenário urbano ao fundo, que chama o visitante para reconhecer a cidade em que se vive e se apropriar desse espaço a ser explorado. 

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Transeuntes cruzam as escadarias do endereço (10/2015)


A reativação do mirante incita uma reflexão acerca da importância dos espaços públicos históricos da cidade. E vai além, convidando a expandir olhares para um MASP inusitado e para a história, agora sob uma outra perspectiva.

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MASP visto do Mirante 9 de Julho (10/2015)