Projeto resgata Mirante 9 de Julho

Ponto de encontro da alta sociedade paulistana no início do século passado, o salão de baile Belvedere Trianon teve parte do imóvel em que funcionava demolida para a construção do Masp (Museu de Arte de Sâo Paulo) nos anos 50. O espaço que restou – situado atrás do museu, com vista para a avenida Nove de Julho – permaneceu abandonado até alguns meses atrás, quando os 400 m² de área existentes foram recuperados para dar origem ao Mirante 9 de Julho.

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O novo espaço cultural, com cafeteria, restaurante e uma extensa programação cultural com entrada gratuita, foi criado a partir de um consórcio formado pelo Grupo Vegas, do empresário Facundo Guerra, e a MM18 Arquitetura, de Marcos Paulo Caldeira e Mila Strauss, em parceria com a Prefeitura da cidade de São Paulo. A ideia, segundo a organização, é que o espaço volte a ser um ponto de encontro, desta vez entre turistas, moradores e trabalhadores da região mais efervescente da capital paulista.

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O processo de revitalização do espaço ainda está em andamento. Nesta primeira etapa foi feita a restauração do salão de 150 m², onde estão o restaurante, o café e o bar. O Mercado Efêmero tem um chef convidado por mês e cardápio autoral, com pratos em torno de R$ 22. Em outubro quem comanda o restaurante é o chef Vinícius Oliveira, da Cozinha Ambulante, servindo receitas como o Chivito Uruguayo, feito com bife de contra filé grelhado com queijo, bacon, ovo, tomate, alface e maionese no pão ciabatta.

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O café é operado pela FAF Studio, do mestre de torra e barista Felipe Croce, fundador da marca Isso é Café. Já o bar fica a cargo do Grupo Vegas. O Mirante tem wi-fi grátis e pode ser utilizado como espaço de coworking. Fazem parte da programação artística, com curadoria do produtor cultural Akin Bicudo, mostras de arte, exibições de filmes ao ar livre, festas e shows.

O projeto arquitetônico do escritório MM18 respeitou o valor histórico da área. Assim, segundo os arquitetos, foram feitas intervenções leves, como o restauro de materiais originais e a criação de uma nova iluminação urbana. Além da criação de cozinhas e banheiros, balcões de madeira foram instalados em cada lado do mirante. Além de madeira, ferro, concreto e vidro estão entre os materiais escolhidos. Na calçada da escadaria histórica há agora um bicicletário de aço inox sustentável. Os próximos passos serão a restauração e a reativação dos chafarizes nas laterais da Avenida Nove de Julho e a criação de uma galeria envidraçada na laje do mirante.

“O Belvedere foi um dos espaços culturais mais importantes de São Paulo nas décadas de 20 e 30, foi ali que aconteceu a reunião dos modernistas. Estava abandonado, a gente tentou recuperar e conseguiu”, conta Facundo Guerra, que está à frente de casas como Cine Joia e PanAm, entre outras. O empresário costuma sair para correr no Centro e descobriu o local há cerca de 10 anos. “Quando começo a montar um negócio, existe um universo de possibilidades; lidar com a memória do passado é um recorte desse universo. É um fio condutor estético”, diz. “O efeito secundário é não deixar a memória da cidade desaparecer.”

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