Jardins combinam arte, paisagismo e hist�ria e d�o show � parte na Fran�a
Castelos e jardins s�o parte do mesmo pacote no Vale do Loire. Visitar um sem ver outro � como colher rosas e n�o sentir o cheiro.
A regi�o ao sudoeste de Paris tem nesta temporada (de abril a novembro) mais de 80 jardins de interesse tur�stico, abertos dia e noite (com shows de luzes e som).
H� flores por todos lados. Al�m de rosas, hort�nsias, ger�nios, jacintos, papoulas. S� no castelo de Chenonceau s�o 11 mil delas no jardim da rainha Catarina de M�dicis e quase o triplo disso no de Diane de Poitiers, amante do rei Henrique 2� e primeira moradora do pal�cio, antes de ser desalojada pela rival.
Hoje, dois homens se destacam no chamado castelo das damas. O florista franc�s Jean-Fran�ois Boucher chefia a equipe que cria os arranjos no estilo "campestre chique" que decoram os ambientes de Chenonceau.
O paisagista americano Nicholas Tomlan comanda horta e pomar de onde saem n�o s� legumes, frutas e ervas, mas flores servidas em pratos no estilo "muito chique" do restaurante L'Orangerie (do chef Christophe Canati).
N�o muito longe dali, o castelo de Chaumont (a segunda casa de Diane de Poitiers) adiciona arte contempor�nea ao cl�ssico combo hist�ria, arquitetura e paisagismo.
Com um concurso internacional de jardins anual desde 1992, � um museu a c�u aberto. Neste ano, 24 dos 300 projetos paisag�sticos propostos por profissionais de diferentes partes do mundo est�o em exposi��o no festival "Flower Power, le Pouvoir de Fleurs" (o poder das flores), al�m de outra dezena de jardins permanentes criativos. H� projeto chin�s, coreano, alem�o, franc�s. "Nenhum brasileiro", lamenta Sophie Le Berre, respons�vel pelas rela��es internacionais do castelo. "Mas ainda tem espa�o de sobra para propostas", #ficaadica.
O pr�dio do castelo e outras depend�ncias, como o est�bulo e a capela, tamb�m exibem obras de artistas pl�sticos de diferentes pa�ses. Dessa vez com presen�a brasileira: Luzia Simons (com o v�deo "Blacklist") e Henrique Oliveira (com a escultura "Momento Fecundo").
Nos castelos de Amboise, Chambord e Maintenon (mais afastado do chamado vale real) a paisagem � outra. Em vez da liberdade do jardim ao estilo ingl�s, a simetria dos jardins renascentistas da Fran�a. E o melhor panorama das topiarias (podas esculturaisdas plantas) e das fontes t�picas desse tipo de paisagismo � o que se tem das varandas.
� NAPOLITANA
Amboise reabriu neste ano o terra�o de N�poles, com carvalhos-verdes, buxos, ciprestes e vinhas de moscatel. O castelo no centro da cidade foi o primeiro a ter um jardim renascentista na Fran�a, no final do s�culo 15. Frutas c�tricas, alcachofra e mel�o, trazidos da It�lia e ent�o desconhecidos pelos franceses, foram incorporados ao projeto do napolitano dom Pacello da Mercogliano.
Em Maintenon, castelo da governanta com a qual o rei Lu�s 14 casou em segredo no fim da vida, a vista leva at� as ru�nas de um aqueduto que deveria levar �gua do rio Eure para Versalhes, a 80 quil�metros de dist�ncia.
Com formas arredondadas e dimens�es monumentais (70 metros de altura), o "fura-fila" do Rei Sol saiu do papel, mas foi interrompido por falta de dinheiro em 1688.
Mais de tr�s s�culos depois, uma outra obra do mesmo Lu�s 14 foi reconstru�da no castelo de Chambord. O jardim � francesa projetado em 1734, e desfigurado na revolu��o, foi inaugurado em mar�o deste ano, depois de R$ 11 milh�es de investimento, 14 anos de pesquisa, 800 �rvores, 11 flores e sete meses de plantio.
Sinta-se L�
No fim do s�culo 19, o escritor Henry James (1843-1916) viajou pela Fran�a –e desse roteiro nasceu o livro "A Little Tour in France", publicado em 1884. Os primeiros cap�tulos falam do Vale do Loire, com textos sobre Tours, Chambord, Blois, entre outros locais. E, claro, sobre os castelos. Naquela �poca, fam�lias nobres ainda viviam nessas constru��es, o que fez o escritor encontrar dificuldade para entrar em algumas das fortalezas.
Cerca de 130 anos depois, o jornalista e escritor brasileiro Alexandre Staut morou em Tours, onde trabalhou em um restaurante. A experi�ncia est� no livro "Paris-Brest", que mostra uma cidade cheia de caf�s e pessoas sentadas nas pra�as. Como a Idade M�dia � a chave para conhecer o Vale do Loire, o livro apresenta um contexto hist�rico e gastron�mico da �poca, com receitas inspiradas nesse passado
–caso da "sopa de pobre", que leva ra�zes, aveia e p�o
'A LITTLE TOUR IN FRANCE'
Autor Henry James
Quanto em dom�nio p�blico, gratuito na internet (em ingl�s)
'PARIS-BREST'
Autor Alexandre Staut
Editora Companhia Editora Nacional
Quanto R$ 29,90 (2016; 208 p.)
A jornalista viajou a convite da Atout France e da Air France
Livraria da Folha
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