Chineses dominam turismo global
Nos anos seguintes � Segunda Guerra Mundial, turistas americanos assustaram europeus e asi�ticos com seus t�nis e suas vozes retumbantes. D�cadas mais tarde, grupos de japoneses desciam de �nibus e faziam sinais da paz enquanto fotografavam todas as atra��es conhecidas poss�veis.
Agora � a vez da China enfrentar cr�ticas. As queixas s�o familiares: os turistas chineses olham tudo com jeito pasmo, d�o empurr�es e rejeitam a culin�ria local.
No ano passado, 83 milh�es de chineses continentais gastaram US$ 102 bilh�es no exterior, passando � frente de americanos e alem�es para fazer da China o pa�s do mundo que mais gasta com turismo, segundo a Organiza��o Mundial de Turismo da ONU.
Ed Alcock/The New York Times | ||
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Turistas chineses em frente a loja de luxo em Paris |
O grande n�mero de chineses tamb�m os inclui entre os turistas que mais geram ressentimentos. Ao que parece, os turistas vindos da China continental, que muitas vezes desconhecem os usos e costumes de outros pa�ses, n�o apreciam o caf� da manh� no sistema buf�, comum em hot�is, e o conceito de aguardar em fila lhes � estranho.
No ano passado, o estilista franc�s Thierry Gillier, fundador da grife Zadig & Voltaire, provocou um pequeno esc�ndalo quando disse � "Women's Wear Daily" que turistas chineses n�o seriam bem-vindos em seu novo hotel-butique parisiense. Uma enxurrada de cr�ticas internacionais o persuadiu a se desculpar.
Os chineses enriqueceram recentemente e t�m pouco conhecimento de l�nguas estrangeiras, combina��o que � complicada ainda mais pelo isolamento hist�rico do pa�s. "O fato de a China ser uma sociedade sem lei, com pouca instru��o e com muito dinheiro nos bolsos vai cobrar um pre�o do mundo inteiro", comentou Hung Huang, popular blogueiro e publisher de uma revista de Pequim.
Mesmo assim, os pa�ses est�o se desdobrando para atrair turistas chineses. Um condado litor�neo nos arredores de Sydney, na Austr�lia, est� construindo por US$ 450 milh�es um parque tem�tico chin�s com uma r�plica em tamanho natural dos port�es da Cidade Proibida e um templo budista de nove andares.
As autoridades parisienses publicaram recentemente um manual para seu setor de servi�os contendo frases traduzidas do mandarim e dicas culturais para facilitar a compreens�o dos desejos chineses.
O manual inclui a frase "eles s�o muito seletivos em rela��o � gastronomia e ao vinho".
A julgar pelas queixas ouvidas de v�rias partes do mundo, diretrizes como essas podem ser necess�rias. Mas as cr�ticas mais contundentes parecem estar sendo feitas por outros chineses.
Em maio, um turista chin�s em Luxor, no Egito, descobriu que um compatriota tinha gravado seus pr�prios hier�glifos sobre a parede de um t�mulo de 3.500 anos de idade. "Ding Jinhao esteve aqui", dizia a inscri��o. Uma foto do rabisco foi difundida rapidamente nas redes sociais chinesas, e cidad�os rastrearam o v�ndalo de 15 anos, cujos pais fizeram um pedido p�blico de desculpas.
Constrangido com a repercuss�o negativa do caso, o vice-premi� chin�s, Wang Yang, criticou publicamente a falta de "educa��o e qualidade" dos turistas chineses que maculam a reputa��o de seu pa�s. "Eles fazem ru�dos altos em p�blico, picham atra��es tur�sticas, ignoram os far�is vermelhos quando atravessam ruas e cospem em todo lugar", disse, segundo o "Di�rio do Povo".
Khaled Elfiqi/EPA/The New York Times | ||
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Turistas em frente �s pir�mides de Giz�, no Egito |
Mas a maioria dos turistas chineses se diverte tremendamente fora do pa�s. Em maio, Huang Honglin, 53, e sua mulher pagaram US$ 8.000 por uma viagem em grupo de 16 dias pelos Estados Unidos, pa�s que ele tinha conhecido numa viagem de neg�cios, 25 anos antes. Desta vez, Huang contou, "compramos pedras preciosas no Hava� e bolsas Prada em Nova York". De acordo com relat�rio da McKinsey & Company, quase 70% dos consumidores chineses de artigos de luxo compram seus produtos da Tiffany e len�os Herm�s no exterior, para evitar o imposto chin�s, que pode chegar a 60%.
Em 2007, a China concedeu aos EUA o "status de destino aprovado", abrindo as portas �s viagens de lazer de grupos de chineses ao pa�s a partir de 2008. No ano passado, 1,5 milh�o de chineses chegou aos EUA, gastando quase US$ 8,8 bilh�es.
Os turistas chineses �s vezes s�o v�timas de ag�ncias de turismo inescrupulosas. Durante um tour pela cidade siberiana de Vladivostok, em janeiro, o cientista Chen Xu, 47, de Xiamen, disse que o passeio para ver uma "dan�a �tnica russa", que custou US$ 80, resumiu-se a uma mulher de biqu�ni girando em volta de um poste de stripper.
Muitos sentem falta dos sabores de casa. Foi o que aconteceu com a estudante Xie Nuoyan, 20, de Pequim, que visitou Nova York. Ela disse que Chinatown foi uma decep��o."N�o � como nos filmes", comentou, "mas chorei de emo��o ao ver arroz".
Colaborou Joshua Hunt
Livraria da Folha
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