Sat�lite estatal de R$ 2,8 bilh�es fica fora da �rbita do mercado
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Sat�lite Geoestacion�rio de Defesa e Comunica��es Estrat�gicas |
Depois de adiar tr�s vezes o leil�o da capacidade do sat�lite estatal SGDC, pelo qual pagou R$ 2,8 bilh�es, a Uni�o tentou realizar o certame nesta ter�a-feira (31), mas n�o encontrou nenhuma oferta.
Marcado para as 10h, o leil�o teve in�cio �s 10h20 e logo foi interrompido � espera de participantes, que n�o chegaram a apresentar proposta alguma.
Os potenciais interessados s�o operadoras como Embratel, Hughes e Hispamar, que comercializam capacidade de sat�lites para empresas de telefonia e banda larga.
Com duas bandas de telecomunica��es, a Ka (para banda larga) e a X (para comunica��o sigilosa das For�as Armadas), o sat�lite foi constru�do pela empresa francesa Thales e, depois, adquirido em cons�rcio entre Embraer e Telebras.
Concebido em 2010 como parte do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), cujo intuito era levar internet para todo o pa�s, o sat�lite virou prioridade quando se revelou, em 2013, que Dilma Rousseff foi alvo de espionagem do governo norte-americano.
Ao ser lan�ado, em maio deste ano, o ministro das Comunica��es, Gilberto Kassab, afirmou que ele levaria ao "fim do apartheid digital", viabilizando o acesso "em milhares de unidades escolares por todo o pa�s".
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Fonte: Anatel
O plano inicial era que a Telebras atendesse diretamente os usu�rios das regi�es remotas. Com preju�zo de R$ 270 milh�es em 2016, por�m, a empresa s� teria condi��es de investir na infraestrutura necess�ria se fosse subsidiada pelo governo.
Por isso, em fevereiro, a Telebras anunciou que iria leiloar parte da capacidade do sat�lite, o que chegou a ser questionado no Senado.
O SGDC atingiu a �rbita em junho. A partir desse momento, ele gasta combust�vel para permanecer em sua posi��o, o que faz com que sua vida �til seja de 18 anos —ou seja, esse � o tempo h�bil para reaver o investimento.
Apesar de o edital do leil�o obrigar as operadoras privadas a cumprir o PNBL, ele n�o determina uma meta do territ�rio ou cidades espec�ficas que seriam atendidas.
Foram disponibilizados dois lotes, um com 36% (21 Gbps) e outro com 22% (12 Gbps) da banda Ka. O pre�o m�nimo seria revelado ap�s as empresas darem os lances, mas o rumor no mercado � de que estejam altos demais.
Ficam reservados 22 Gbps para atendimento de escolas e hospitais p�blicos diretamente pela estatal. Como isso ser� feito ainda n�o foi definido. Segundo a Telebras, h� a necessidade de atender 30 mil escolas e 20 mil unidades de sa�de.
No in�cio deste ano, Telebras queria leiloar 79% da capacidade do SGDC, mas recuou ap�s o Tribunal de Contas da Uni�o pedir explica��es sobre como as aderentes atenderiam o PNBL.
Existia, no PNBL, um limite de R$ 35 no pre�o final cobrado do usu�rio pela banda larga, mas n�o h� previs�o de que isso continue valendo.
Substitu�do pelo Plano Nacional de Conectividade, o PNBL terminou em 2015, com um investimento em banda larga de apenas 12% do previsto —R$ 31 milh�es de R$ 252 milh�es.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Fonte: OpenSignal
OUTRO LADO
A Telebras afirma que a privatiza��o da capacidade do sat�lite "foi a maneira mais eficiente, transparente e ison�mica de se alcan�ar os objetivos estrat�gicos" do SGDC.
Ap�s o fracasso do leil�o, a empresa est� debatendo alternativas, como mudar os valores de refer�ncia, apresentar uma nova licita��o ou assumir toda a opera��o.
"Temos operadoras interessadas e queremos seguir com o objetivo de inclus�o digital", diz Maximiliano Martinh�o, que assumiu a chefia da empresa h� um m�s.
Ele diz que, nos pr�ximos dias, a Telebras ir� contatar as empresas que operam capacidade de sat�lite para entender suas demandas.
Hoje, o pa�s s� tem cabos de fibra �ptica em 57% das cidades e, mesmo nestas, precisa da complementa��o de sat�lites para conex�o. O investimento nas regi�es remotas, custoso, n�o � atraente para as grandes empresas.
"O investimento no SGDC foi feito, agora precisamos usar", diz Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. "O governo tem que colocar um pre�o m�nimo vi�vel para n�o queimar o sat�lite."
Para Tude, faz mais sentido que o governo invista em fibra �ptica, que � mais barata e pode atender mais pessoas, do que em usar por conta pr�pria a capacidade do SGDC. "Plano de conex�o n�o falta, o que falta � dinheiro."
Procurado, o Minist�rio da Defesa afirmou que o uso da banda X do SGDC est� em fase de teste. "T�o logo esses testes sejam conclu�dos, se dar� in�cio � plena utiliza��o da banda", diz a pasta, em nota.
CONCORR�NCIA
Existem sat�lites operados por empresas privadas que fornecem os mesmos servi�os do SGDC e custam menos.
A SES, maior empresa do setor, diz pagar uma m�dia de US$ 350 milh�es (R$ 1,15 bilh�o) pela constru��o de seus sat�lites. No ano que vem, a operadora p�e em �rbita o SES-14, estacionado no Brasil, com bandas Ka e Ku (dedicada a v�deo).
J� a Embratel lan�a, em 2019, o Star One D2, sat�lite geoestacion�rio com banda Ka, Ku, C (celular) e tamb�m banda X para o Minist�rio da Defesa. A empresa n�o revela o valor do investimento.
As empresas privadas, por�m, n�o cobrem todo o territ�rio brasileiro, como o SGDC. � algo que deve ser resolvido pela nova gera��o de sat�lites com tecnologia HTS ("high throughput"), que v�m com uma capacidade maior.
Jurandir Pitsch, vice-presidente de vendas na Am�rica Latina da SES, afirmou, em entrevista � Folha em setembro, que � improv�vel que o SGDC consiga oferecer pre�os competitivos �s operadoras, j� que tem que cobrir os R$ 2,8 bilh�es de investimento.
Eduardo Tude, da Teleco, estima que o valor elevado do SGDC provavelmente se deve � banda X. "Esse equipamento costuma ser mais caro."
Outro questionamento se deve ao valor pago pela posi��o orbital, que � onde fica estacionado o sat�lite. A Telebras pagou cerca de R$ 4 milh�es pelo espa�o, enquanto empresas privadas pagam at� dez vezes isso.
"N�o era para o SGDC ser nosso concorrente, mas virou. O intuito inicialmente era o atendimento social, mas a Telebras hoje n�o tem capacidade de fazer o que foi combinado", diz Pitsch, da SES.
A Yahsat, empresa dos Emirados �rabes Unidos, � outra concorrente. Com o sat�lite Al Yah 3, a empresa quer fornecer sinal de rede m�vel para a TIM e vender banda larga direto para os usu�rios.
Em 2014, a Yahsat pagou R$ 44 milh�es pela posi��o orbital do sat�lite sobre o Brasil. Ele deve ser lan�ado nos pr�ximos meses.
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SAT�LITES
Complementam conex�o em cidades com fibra incipiente e s�o principal forma de acesso em regi�es remotas
Tipos de sat�lites
LEO
TIPO DE �RBITA: �rbita baixa
DIST�NCIA DA TERRA (quanto maior a dist�ncia, maior o tempo de espera na comunica��o ("lat�ncia")): De 160 a 2.000 km
ESPECIALIDADE: Bons para observa��o fotogr�fica
MEO
TIPO DE �RBITA: �rbita m�dia
DIST�NCIA DA TERRA: De 2.000 a 35.786 km
ESPECIALIDADE: Bons para sinal de 3G/4G; Brasil � atendido pela frota da O3b
GEO
TIPO DE �RBITA: Geoestacion�rio
DIST�NCIA DA TERRA: Al�m de 35.786 km
ESPECIALIDADE: Usados para TV, banda larga e conex�o em cidades remotas
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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SEM SINALSem fibra �ptica, conex�o no interior do pa�s ainda � rudimentar |
SGDC (Sat�lite Geoestacion�rio* de Defesa e Comunica��es Estrat�gicas)
CUSTO R$ 2,8 bilh�es
OPERA��O Telebras
FABRICANTE Thales (Fran�a)
LAN�AMENTO mai.2017
CONEX�O Ka (banda larga), X (uso militar)
VIDA �TIL 18 anos
*que gira na mesma velocidade da Terra
Fontes: TIC Domic�lios 2016, Luiz Ot�vio Prates (presidente da Associa��o Brasileira das Empresas de Telecomunica��es por Sat�lites), Telebras, Anatel e OpenSignal
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