'Fazenda de cliques' turbina curtidas em venda clandestina de popularidade
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Click farm, ou fazenda de cliques, em foto postada na rede social Weibo |
Em um ano, as contas potencialmente falsas no Facebook ca�ram de 2% para 1% do total, segundo o balan�o da empresa. Eram 31,8 milh�es no ano retrasado e 18,6 milh�es no ano passado —resultado de um esfor�o significativo da companhia.
O n�mero agrega contas "indesej�veis", perfis criados para "prop�sitos que violam os termos de servi�o", e as "mal classificadas", como perfis pessoais criados para pessoas jur�dicas, organiza��es, bichos de estima��o, entre outros.
Apesar dessa redu��o, as click farms (ou "fazendas de cliques"), que vendem engajamento nas redes sociais com contas de proced�ncia duvidosa, seguem firmes e fortes na �sia, contratando m�o de obra das Filipinas, Paquist�o, �ndia, Bangladesh, China e outros pa�ses.
S�o pessoas pagas para curtir postagens e seguir p�ginas no Facebook, Instagram e Twitter, com suas pr�prias contas ou com perfis criados apenas para o com�rcio clandestino de popularidade na rede. �s vezes, contam com rob�s, que s�o mais f�ceis de detectar.
Para a rede social, a pr�tica � desvantajosa. Contas falsas e duvidosas disparam curtidas em todo tipo de conte�do para n�o levantarem suspeitas, inclusive em p�ginas que pagaram an�ncios legitimamente ao Facebook.
"Comparando quem curtiu campanhas pagas no pr�prio Facebook com quem curtiu campanhas patrocinadas por 'fazendas de curtidas', identificamos que os dois grupos de pessoas se sobrep�em significativamente", afirma um estudo de 2014 elaborado por Emiliano De Cristofaro, da Universidade College London, e outros pesquisadores.
O estudo ressalta, no entanto, que n�o � poss�vel dizer que anunciar no Facebook � ineficiente. "As curtidas falsas exibem caracter�sticas peculiares, incluindo aspectos demogr�ficos, temporais e sociais, que podem e devem ser exploradas pelos algoritmos".
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'Click farms' na China, em v�deo capturado por um rep�rter russo |
"[Com perfis falsos] os anunciantes ficam no preju�zo. Quando o Facebook erra uma m�trica, isso fere a confian�a das marcas nas redes sociais", afirma o pesquisador italiano Andrea Stroppa � Folha. Ele estima que, no Instagram, de 8 a 12% das contas sejam irregulares.
Ele cita o erro de quando o Facebook superdimensionou a quantidade de visualiza��es em seus v�deos, em setembro de 2016. O caso foi revelado pelo "Wall Street Journal" e incomodou anunciantes.
Stroppa tamb�m concluiu, em pesquisa de 2013, que o mercado de fakes e rob�s ca�a-cliques no Facebook gerava US$ 200 milh�es por ano. A receita de an�ncios no Facebook em 2016 foi de US$ 27,64 bilh�es. A companhia n�o revela os n�meros do Instagram, mas a consultoria Credit Suisse estimou uma receita de US$ 3,2 bilh�es no mesmo ano.
Analistas de redes sociais n�o recomendam a compra de engajamento nas "fazendas de cliques". "� uma estrat�gia muito imediatista, e, � medida que o Facebook faz varreduras, voc�s perde seguidores", diz Carolina Terra, consultora de m�dias sociais.
"N�o vejo vantagem tamb�m em comprar seguidores com an�ncios [leg�timos], porque voc� n�o consegue atingir aquele p�blico com as suas postagens depois. No mercado paralelo, ent�o, n�o vale a pena nunca, em hip�tese alguma", afirma Terra.
No Boostlikes, 1.000 curtidas em uma p�gina do Facebook custam US$ 71. Alguns perfis s�o dos Estados Unidos, mas custam quase o triplo da m�o de obra estrangeira. O servi�o garante que vende curtidas de perfis de verdade.
J� no Buy Cheap Social, 1.000 curtidas no Facebook custam apenas US$ 16. A empresa afirma que as pessoas s�o reais e que "as curtidas v�m de usu�rios que decidiram curtir sua p�gina porque realmente amam seu conte�do".
Entre os servi�os que s�o assumidamente "click farms", est� o site Shareyt, que mobiliza cerca de 25 mil perfis em Dhaka, capital de Bangladesh, e WeSellLikes.com.
Segundo uma reportagem do Channel 4, canal de televis�o brit�nico, alguns trabalhadores de "click farms" em Bangladesh ganham menos de US$ 120 por ano e trabalham manh�, tarde e noite.
FRAUDE NA BUSCA
O termo "click farm" � usado h� pelo menos dez anos, quando o principal objetivo das marcas era aparecer com bons resultados nos mecanismos de busca do Google, Yahoo! e Microsoft.
Um dos m�todos usados na d�cada passada era clicar em massa no an�ncio dos concorrentes. Isso porque, em alguns modelos de an�ncio, o anunciante paga um pre�o por cada pessoa que clica em seu site.
Clicando em s�rie no mesmo an�ncio, a verba do concorrente acabava, o que dava visibilidade para as marcas restantes daquele segmento (marcas que aparecem quando algu�m procura "ferro de passar" no Google, por exemplo).
No Facebook, tamb�m h� o modelo de PPC ("pague por clique"), que deixa os anunciantes vulner�veis aos acessos que vem das "click farms". A rede social est� sempre aperfei�oando seu algoritmo para acabar com o problema.
"Mesmo para pessoas, � dif�cil saber se um perfil � falso. J� entrevistei estudantes de ensino m�dio que diziam que os perfis [falsos] eram verdadeiros porque tinham visto as pessoas no corredor da escola", diz a pesquisadora norte-americana Katharina Krombholz.
O pico de usu�rios falsos no Facebook foi em 2012, com 83 milh�es de contas "suspeitas", segundo a empresa.
� Folha, o Facebook afirma que as marcas devem segmentar seus an�ncios para p�blicos espec�ficos, atingindo pessoas interessadas em seus produtos, e que as "curtidas" n�o devem ser almejadas como um fim em si mesmo, e sim como resultado de uma boa estrat�gia de marketing.
"Curtidas falsas s�o ruins para as pessoas, marcas e para o Facebook", diz a empresa em comunicado.
18,6 milh�es
de contas no Facebook s�o potencialmente falsas, ou 1% dos usu�rios ativos por m�s em 2016
Quanto custam os seguidores?
Pre�o de 1.000 seguidores ou, no Facebook, curtidas em p�gina
TWITTER
nos Estados Unidos
US$ 78
fora dos Estados Unidos
US$ 26
FACEBOOK
US$ 71
INSTAGRAM
US$ 39
Quanto custam as curtidas?
Pre�o de 1.000 curtidas em uma postagem
TWITTER
US$ 74
FACEBOOK
US$ 45
INSTAGRAM
US$ 75
Fonte: Boostlikes
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