As dificuldades t�picas de quem vive em uma rep�blica universit�ria, como dividir as contas, administrar as tarefas dom�sticas e encontrar um fiador, podem estar com os dias contados.
Ao menos � o que prometem os pr�dios residenciais estudantis, que se prop�em a substituir o atual modelo de rep�blicas.
Inspirados nos dormit�rios americanos, eles oferecem contratos mais flex�veis de aluguel, re�nem todas as despesas em uma �nica mensalidade (que inclui aluguel, eletricidade, IPTU e internet) e j� v�m mobiliados.
Neste ano, foram inaugurados quatro empreendimentos do tipo em S�o Paulo: o Amora, na Vila Mariana; o Share, na Consola��o; o Toca da Raposa, na Bela Vista, e o 433, em Campos El�seos, estes dois �ltimos da Uliving.
Junto ao Uliving Bela Vista, aberto em 2015, esses pr�dios somam cerca de 500 vagas. Outras mil devem ser inauguradas nos pr�ximos dois anos.
Todos ficam perto de institui��es de ensino e a cerca de dez minutos a p� de esta��es de metr�, pr�-requisito para atrair os estudantes.
Os pr�dios buscam ainda reproduzir o clima de descontra��o universit�ria com uma lista de espa�os comunit�rios que inclui salas de jogos e terra�os com churrasqueira, al�m de lavanderia e cozinha.
O maior diferencial �, no entanto, a seguran�a. Equipados com portarias 24 horas, eles realizam um controle estrito de entrada e sa�da de moradores e visitantes.
Alguns, como o Amora e o Share, das construtoras hom�nimas, tamb�m limitam as vagas a estudantes -� preciso comprovar v�nculo com uma institui��o de ensino para alugar uma unidade.
Com taxa de ocupa��o de 85%, as vantagens das rep�blicas profissionais parecem compensar seus pre�os, relativamente mais altos que os de alugu�is convencionais.
Come�ando em R$ 900 (um quarto compartilhado no Amora), uma unidade pode custar at� R$ 3.650 mensais (uma quitinete individual com cozinha e sacada no Share).
Alugar um apartamento de um quarto em um edif�cio convencional perto de um campus na cidade fica entre R$ 1.500 e R$ 2.500, segundo levantamento do Grupo ZAP.
N�o que os jovens se preocupem demais com o assunto. De acordo com as administradoras, s�o seus pais que batem o martelo em rela��o ao aluguel, al�m de pagarem as contas no final do m�s.
A import�ncia dos pais � tanta que as equipes das rep�blicas s�o treinadas para prestar assist�ncia a eles.
A Uliving, especializada nesse tipo de empreendimento, foi al�m e deixa algumas de suas unidades permanentemente reservadas para visitas familiares aos fins de semana.
"Percebemos que os pais precisavam sentir que algu�m estava realmente cuidando de seus filhos", diz Juliano Antunes, s�cio da empresa.
Cuidando at� demais, na opini�o da aluna de publicidade da Universidade Presbiteriana Mackenzie Lara Porto, 20.
Moradora do Share Consola��o, ela reclama do hor�rio m�ximo para entrada de convidados no edif�cio, � meia-noite, e da restri��o de tr�s noites mensais em que pode receber amigos (no seu caso, o namorado) para pernoitar.
"Um problema desse mercado � disciplinar os estudantes e, ao mesmo tempo, obter a satisfa��o deles", afirma Fabr�cio Mitre, s�cio da Share Student Living e presidente da Mitre Realty. "Dentro do razo�vel, temos flexibilizado. Mas � preciso haver regras."
Apesar dos desafios operacionais, especialistas e empres�rios apostam no desenvolvimento do setor.
A favor, contam os n�veis elevados de ocupa��o, a baixa sazonalidade desse tipo de moradia e o crescimento do n�mero de universit�rios. No Brasil, o n�mero de matr�culas nas universidades quase triplicou de 2000 at� 2017, indo de 2,5 milh�es para quase 8 milh�es, segundo o Censo de Educa��o Superior do Inep.
A cria��o do Sisu (Sistema de Sele��o Unificada) pelo Minist�rio da Educa��o em 2009 tamb�m foi decisiva para o desenvolvimento das resid�ncias, de acordo com Antunes, da Uliving. O sistema permitiu um fluxo interestadual de estudantes muito maior.
A empresa tem dois pr�dios no interior de S�o Paulo (Sorocaba e Ribeir�o Preto) e outro em Vespasiano (MG).
Operando em pequena escala, com cerca de 15 camas por edif�cio, a construtora Amora inaugurar� duas novas sedes em 2019, uma em Alto de Pinheiros e outra no Butant�, ambas na zona oeste da capital.
Em 2020, � a vez de dois mega empreendimentos do g�nero abrirem as portas: um pr�dio fruto de parceria da ESPM com a Vitacon, na Vila Mariana, na zona sul de S�o Paulo, que ter� 370 camas, e a segunda unidade do Share, no Butant�.
Os dois t�m perfil mais luxuoso, com academias de gin�stica, por exemplo.
O economista do Grupo ZAP Sergio Castelani tamb�m enxerga potencial de crescimento das rep�blicas profissionais no restante do pa�s.
"Enquanto elas n�o existiam, era imposs�vel medir a demanda, mas hoje vemos que h� muito espa�o para crescer."