Regi�o Norte tem 11% do n�mero de pesquisadores doutores do Sudeste
A falta de cientistas doutores na Amaz�nia � um dos entraves para o crescimento e o desenvolvimento sustent�vel da regi�o, segundo participantes da terceira mesa do semin�rio O Futuro da Amaz�nia, realizado pela Folha nesta segunda (27), em Manaus (AM).
Segundo Paulo Mauricio de Alencastro Gra�a, coordenador de Pesquisas do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz�nia), toda a regi�o Norte do pa�s conta com menos de 11% do total de doutores existentes no Sudeste.
Segundo dados de 2016 da Capes (funda��o ligada ao MEC que fomenta os cursos de p�s-gradua��o), o contingente local de pesquisadores doutores era de 7.713; no Sudeste, 67.514 (o Brasil todo tinha 146.759).
A diferen�a no n�mero de doutores classificados como de n�vel 1A, o �ndice mais alto de produ��o acad�mica, � abissal: 14, frente aos 857 do Sudeste.
"Esses [doutores 1A] s�o os pesquisadores com maior potencial para atrair financiamento. Existe uma grande assimetria", declarou Alencastro Gra�a.
O maior reflexo da car�ncia � o conhecimento fragmentado e limitado que os brasileiros t�m sobre a regi�o, conforme Rodrigo Le�o de Moura, bi�logo e professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ ).
Moura liderou trabalho sobre o sistema de recifes existente entre o Maranh�o e o Amap�, em 2016. A estrutura, cuja superf�cie � estimada em mais de 9.000 quil�metros quadrados, j� era conhecida desde a d�cada de 1950, mas s� agora foi poss�vel apresentar um estudo completo sobre ela.
Falta ainda uma vis�o estrat�gica da sociedade e de setores da economia sobre a ci�ncia, afirma Moura. "� preciso que a sociedade nos veja como parte da solu��o para os problemas do pa�s. O conhecimento deve ser enfatizado como eixo principal para um desenvolvimento sustent�vel."
MAIS DOUTORES
A dificuldade para atrair profissionais qualificados tamb�m prejudica as universidades da regi�o. Sylvio M�rio Puga Ferreira, reitor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diz que muitos professores fazem o concurso para trabalhar na universidade, mas logo pedem transfer�ncia para outros estados.
Cursos novos s�o os que mais sofrem. � o caso da gradua��o em japon�s, criada em 2015 a partir de demanda das ind�strias de Manaus, que enfrenta lacuna no corpo docente.
"Precisamos de uma pol�tica de fixa��o. Um incentivo financeiro j� seria op��o para tornar o trabalho na Amaz�nia mais atraente para professores de outros estados", afirmou.
Em tempos de recursos para a pesquisa reduzidos, a parceria entre universidades estrangeiras, institutos de pesquisa e iniciativa privada poderia contornar problemas de log�stica e falta de estrutura para estudos em �reas remotas.
"Fazer ci�ncia na Amaz�nia � um desafio, principalmente pela dificuldade de captar financiamento. No Brasil, a pesquisa � feita com muito financiamento do governo, e isso pode mudar com a busca de parceiros na ind�stria e fora do pa�s", afirmou Paulo Alencastro Gra�a, do Inpa.
Moura, da UFRJ, que trabalha em parceria com pesquisadores americanos, afirma que � importante o esfor�o para acessar esses meios de financiamento, mas � preciso tomar cuidado para que a divis�o dos benef�cios do conhecimento gerado seja feita de maneira equitativa.