Pedestres n�o s�o prioridade, mostram mortes no tr�nsito
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Pedestres no canteiro central da av. Paulista, em S�o Paulo |
Entre fevereiro e abril deste ano, a cidade de S�o Paulo registrou um aumento de 37% no n�mero de mortes por atropelamento em compara��o ao mesmo per�odo de 2016, de acordo com dados do governo paulista.
A falta de seguran�a para pedestres e ciclistas, na opini�o de Let�cia Lemos, diretora da associa��o de ciclistas Ciclocidade, est� relacionada ao modelo de mobilidade urbana brasileiro, que segundo ela � centrado no uso do carro.
"Essa promo��o tem como chave a fluidez, que vai definir a geometria vi�ria, prioridade nos cruzamentos, locais onde h� estacionamento na rua. E essa fluidez � inversamente proporcional � seguran�a vi�ria", afirma.
Reflexo da prioridade ao carro em detrimento ao pedestre s�o os investimentos. De acordo com o vereador Police Neto (PSD-SP), que participou na segunda (29) do F�rum Seguran�a no Tr�nsito, realizado pela Folha, o sistema de circula��o a p� em S�o Paulo representa um ter�o de todas as viagens e recebe 1/114 do investimento.
A prefer�ncia dos carros � vis�vel para quem anda pela cidade. Na Vila Mariana, zona sul, por exemplo, a reportagem encontrou cal�adas t�o estreitas que � imposs�vel a travessia de uma �nica pessoa, mas h� espa�o para tr�fego e estacionamento de ve�culos na rua.
Em outros bairros, o pedestre precisa compartilhar o espa�o com lixo, buracos, postes, jardins e �rvores. Em todos esses casos, as pessoas optam por sair da cal�ada e disputar a rua com os carros.
De acordo com lei municipal, as cal�adas de im�veis privados s�o de responsabilidade dos propriet�rios, algo criticado pelo arquiteto e urbanista Ciro Pirondi, diretor da Escola da Cidade. "Temos cal�adas que s�o o retrato do atraso da cidade. Elas n�o podem ser feitas por um particular. Ele vai fazer do interesse dele e n�o do coletivo", diz.
Atualmente, a fiscaliza��o cabe �s prefeituras regionais. A multa para passeio inexistente ou em mau estado de conserva��o, por exemplo, � de R$ 427,07 por metro quadrado linear.
RESTRI��O A CARROS
Outra proposta de Pirondi para aumentar a seguran�a de pedestres � a de proibir o estacionamento de carros em ruas de grande fluxo de pessoas —o espa�o seria usado para alargar as cal�adas. "O autom�vel n�o para. S� passa. Isso poderia ser feito em toda a regi�o central de S�o Paulo. Quem quer ir com seu carrinho para o centro paga caro. Se n�o, vai de metr�".
"� o que se faz na pr�tica em todas as cidades que visam a mobilidade urbana. Reduzir o tamanho das ruas para os ve�culos individuais e ampliar a via para pedestre e as faixas de transporte p�blico", diz o especialista em mobilidade urbana Luiz Mello Filho, do Mackenzie.
A Prefeitura de S�o Paulo diz que vai implantar at� o fim do semestre um programa voltado aos pedestres para intensificar a fiscaliza��o nos principais cruzamentos da cidade. Tamb�m estuda aumentar em at� 20% o tempo de travessia dos sem�foros nas principais vias.
Para Mello Filho, a��es como essas s�o importantes, mas � necess�rio que sejam integradas e adaptadas para cada rua. "Se for feita uma an�lise de risco nos locais onde houve acidente, a tend�ncia � reduzir rapidamente o n�mero de conflitos entre ciclistas, pedestres e ve�culos automotores", diz ele, que defende tamb�m uma separa��o clara do espa�o de quem anda, pedala ou dirige.
Editoria de Arte/Folhapress | ||