Cultura da velocidade persiste, apesar do perigo apontado nas estat�sticas
A matem�tica mostra o perigo da velocidade: segundo dados da OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de), uma pessoa atingida por um ve�culo a 50 km/h tem 20% de chances de morrer; se o ponteiro de veloc�metro subir para 80 km/h, o risco vai a 60%.
Os n�meros, no entanto, n�o t�m sido suficientes para convencer governo, motoristas e at� pedestres de que o limite de velocidade nas cidades deve ser diminu�do para salvar vidas.
"A velocidade � a grande inimiga dos pedestres. Nenhum pa�s reduziu a mortalidade sem reduzir e controlar a velocidade em �reas urbanas. � um ponto de honra dos programas de seguran�a de tr�nsito", diz David Duarte Lima, presidente do Instituto de Seguran�a no Tr�nsito e professor da UNB.
Ronny Santos/Folhapress | ||
Carros passam por radares instalados na av. Moreira Guimar�es, em S�o Paulo |
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, a cultura do autom�vel e da velocidade como sin�nimo de status � muito arraigada no Brasil. Acredita-se que correr em vias urbanas torna as viagens mais r�pidas e diminui congestionamentos, embora a��es e estudos ao redor do mundo mostrem o contr�rio.
Al�m disso, as reduzidas op��es eficientes de transporte coletivo fazem o carro ser visto como essencial.
"A necessidade de os pedestres se agigantarem politicamente � fundamental, porque a milit�ncia deles � ainda bastante incipiente . N�o h� reivindica��es pol�ticas que possam dizer que representam 100% da popula��o", diz o portugu�s Mario Alves, secret�rio-geral da IFP (Federa��o Internacional de Pedestres).
A vulnerabilidade de quem anda a p� passa pela educa��o de condutores e pela falta de fiscaliza��o e puni��o mais rigorosa a a��es que t�m impacto direto em sua seguran�a, como estacionar sobre faixa de pedestres ou n�o parar para pessoas atravessarem a rua em pontos delimitados.
"Pedestres s�o como �gua e sempre encontram uma rota mais f�cil. Muitas pessoas caminham na pista, com os carros. O risco � enorme. � fundamental investir em cal�adas de qualidade, travessias seguras e tempo de sem�foros adequado", diz Marta Obelheiro, coordenadora de seguran�a vi�ria da ONG WRI Brasil.
Diminuir limites de velocidade e melhorar vias, no entanto, n�o resultar�o em queda de acidentes se o pedestre tamb�m n�o seguir as regras.
"At� mesmo em programas desenvolvidos pelos centros de educa��o de tr�nsito, � ensinado �s crian�as como se proteger, impondo desde cedo o conceito de que o pedestre n�o � prioridade", afirma Meli Malatesta, urbanista e doutora em Mobilidade Ativa pela FAU-USP. "N�o � que esta medida seja inadequada, mas o que se ensina � a sobreviv�ncia na selvageria do nosso tr�nsito."