Pedestre n�o � prioridade em pol�ticas de tr�nsito, dizem especialistas
Especialistas debatem sobre o aumento da seguran�a para os pedestres
Os pedestres s�o as maiores v�timas de acidentes de tr�nsito. Por�m, eles n�o s�o vistos como prioridade durante a elabora��o de pol�ticas p�blicas, focadas excessivamente nos motoristas de ve�culos.
A conclus�o � de especialistas que participaram do f�rum "Seguran�a no Tr�nsito" na manh� desta segunda-feira (29). O debate foi promovido pela Folha em parceria com a Ambev e com a Labet.
Os acidentes de tr�nsito matam 1,2 milh�o de pessoas no mundo por ano, segundo a OMS. Na cidade de S�o Paulo, o n�mero de mortes por atropelamento nos meses de fevereiro a abril aumentou em 37% em 2017, passando de 86 para 118 mortes.
Para o vereador Police Neto (PSD-SP), as medidas que poderiam ser adotadas pelo poder p�blico s�o simples e possuem grande potencial de redu��o de v�timas. Uma delas � melhora da ilumina��o em locais de travessia nas vias.
"Se olharmos as estat�sticas de mortos no tr�nsito, h� 40% mais mortos no pico noturno em compara��o com o pico da manh�. � a mesma quantidade de pessoas, de carros, de pedestres. Estatisticamente, dever�amos ter o mesmo n�mero de mortos", concordou S�rgio Ejzenberg, consultor de engenharia de tr�fego.
Outro ponto colocado como essencial para a redu��o do n�mero de v�timas � o aumento do tempo de travessia em sem�foros. O vereador citou um estudo feito em 2016 pela USP que apontava que 97,8% dos sem�foros na cidade de S�o Paulo n�o ofereciam condi��es de travessia segura para o pedestre.
Reinaldo Canato/Folhapress | ||
Da esq. para dir. Hugo Leal, Nilton Gurman, Sergio Ejzenberg, Police Neto e mediador Alencar Izidoro |
"Para que serve esse sem�foro? S� para que dois carros n�o colidam?", questionou Neto.
FINANCIAMENTO
O Estatuto do Pedestre, proposta do vereador que visa colocar o pedestre como foco na pol�tica de mobilidade urbana, deveria ter sido votado na C�mara de S�o Paulo no dia 17 de maio. A vota��o foi adiada devido � falta de qu�rum.
"Est� para ser votado h� um ano. N�o foi porque toca em uma quest�o central: financiamento". Ele afirma que, apesar de um ter�o dos deslocamentos pela cidade ser feito a p�, os investimentos para melhorar cal�adas e sinaliza��es para pedestre representam apenas 1/14 do investimento total no tr�nsito da cidade de S�o Paulo.
"Temos um sistema bastante eficaz de sinaliza��o para motoristas, mas o pedestre � invis�vel", disse.
RESPONSABILIDADE
O deputado federal Hugo Leal (PSB-RJ), autor do projeto da Lei Seca, prop�e um sistema de metas de redu��o de acidentes com previs�o de puni��o para munic�pios que n�o as cumprirem.
"Assim como a Lei de Responsabilidade Fiscal pune o pol�tico que descumpre o teto de gasto com funcion�rios, os agentes p�blicos t�m que ser punidos pela falta de medidas para impedir acidentes.", disse.
"� impressionante como convivemos com estradas em que as pessoas falam: aqui � a curva da morte. Sabe-se que o trecho mata pessoas e n�o se faz absolutamente nada. E n�o � responsabilidade de ningu�m?", disse.
Responsabilizar o motorista causador de acidentes pelo aumento da puni��o legal foi o ponto defendido por Nilton Gurman, idealizador do movimento "N�o foi acidente".
Nilton � tio de Vitor Gurman, morto em um atropelamento na Vila Madalena em 2011.
"O p�blico se identifica e v� essas pessoas como 'bons cidad�os' que cometeram um erro. Naquele dia em que uma pessoa bebeu e andou acima da velocidade, ela cometeu um crime e precisa ser punida. Assim vamos mudar a sociedade e nossos valores", disse.