Base curricular mira o s�culo 21, mas forma��o do professor segue no 19
A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) proposta pelo governo federal inova ao introduzir diretrizes voltadas para o ensino investigativo, focado na resolu��o de problemas. O que permanece n�o resolvido na equa��o � que, enquanto a base mira o s�culo 21, os professores t�m uma forma��o nos moldes do s�culo 19.
Essa � a opini�o das especialistas em educa��o que participaram da primeira mesa de debate do 2� F�rum de Inova��o Educativa, promovido pela Folha em parceria com a Funda��o Telef�nica Vivo e com o apoio do movimento Todos pela Educa��o, nesta quarta-feira (24).
"A educa��o tem avan�os, mas coleciona fracassos. A escola brasileira n�o ensina a pensar cientificamente", disse Claudia Costin, colunista da Folha e ex-secret�ria de Educa��o do Rio de Janeiro. "O mundo est� mudando: as demandas que exigem elabora��o s�o mais cobradas do que atividades que exigem a repeti��o", continuou.
Para Guiomar Namo de Mello, diretora da Escola Brasileira de Professores, os docentes trazem na bagagem uma forma��o antiga, que deixa o desenvolvimento pessoal a desejar.
"O problema � como ensinar o professor a ensinar o que est� escrito na base nacional. � preciso que ele aprenda nas mesmas condi��es que ensina", afirmou.
A educadora lembrou que a base curricular prev� uma progress�o cont�nua e articulada de conte�dos, mas, ao mesmo tempo, h� falta de di�logo entre os profissionais da pedagogia e das licenciaturas que permita transformar o professor em um instrumento de capacita��o.
Mello lembrou que as universidades tamb�m precisariam se adaptar ao novo modelo, j� que s�o as respons�veis pela forma��o dos docentes.
"S�o quest�es complicadas, porque as universidades federais s�o aut�nomas. Al�m disso, as que mais formam professores s�o as particulares", disse Teresa Pontual, diretora de Curr�culos e Educa��o Integral do Minist�rio da Educa��o (MEC).
Pontual afirmou que a base nacional em si j� � um avan�o, por trazer os conte�dos que os alunos devem aprender. "Mas a gente n�o consegue garantir que os professores saibam os conte�dos que precisam ensinar".
Sobre as compet�ncias socioemocionais previstas na base, houve um consenso de que uma disciplina apenas com este foco seria pouco eficiente. Para Costin, o impacto maior � quando o professor ajuda a desenvolver essas compet�ncias.
Mello concordou: "Ningu�m d� aula de solidariedade e resili�ncia. A quest�o � fazer que os conte�dos ancorem isso na realidade".