O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), visitou Jair Bolsonaro (PL) manhã desta sexta-feira (15) e permaneceu cerca de meia hora no hospital, na zona sul da capital paulista, horas antes de o ex-presidente receber alta.
Em entrevista após o encontro, Nunes afirmou que a visita teve a intenção de desejar melhoras ao ex-presidente e lembrou que Bolsonaro disse em entrevista recente à Folha que gosta dele. "Só uma visita de desejo de recuperação, nada além disso", afirmou.
Segundo Nunes, não há rusgas entre ele e o ex-presidente. O prefeito afirmou que conversou com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e há uma "consciência importante" de que o centro e a direita precisam se unir para derrotar o que chamou de extrema-esquerda nas eleições municipais.
Nunes também afirmou que ele, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Bolsonaro pretendem visitar juntos uma sinagoga no próximo domingo (17).
Nunes trocou o vocativo prefeito por presidente ao responder se sentia alguma pressão para seguir o posicionamento de bolsonaristas nas pautas de costumes. "O presidente sou eu", disse. Nunes foi corrigido em seguida por um assessor e disse: "O prefeito sou eu. Se a população me reconduzir no ano que vem, continuarei sendo eu o prefeito. Não tem pressão".
Nunes busca apoio do ex-presidente para concorrer às eleições municipais de 2024. A visita foi feita dez dias depois de o prefeito afirmar não ter proximidade nem com Bolsonaro nem com o presidente Lula (PT).
A fala ocorreu durante palestra a estudantes da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), em São Paulo.
No mesmo dia da declaração de Nunes, Fábio Wajngarten, advogado e assessor do ex-presidente, escreveu nas redes sociais que "ninguém, repito, ninguém se apropriará de votos bolsonaristas e deixará Bolsonaro distante. A era dos gafanhotos acabou. Fica a dica".
Wajngarten já foi cotado para formar chapa com Nunes nas eleições de 2024.
Outros bolsonaristas criticaram a postura do prefeito, percebida como estratégia para receber apoio do ex-presidente sem se comprometer com ele.
Após as críticas, Nunes minimizou a declaração em resposta à Folha durante entrevista coletiva após o desfile de 7 de Setembro no Sambódromo do Anhembi.
O político afirmou que tem relação com Bolsonaro, mas não uma proximidade do dia a dia. Ele também disse esperar apoio do ex-presidente nas eleições municipais e chamou de "frutriqueiros" aqueles que viram problemas na fala.
O prefeito já teve encontros frequentes com Bolsonaro, tanto em eventos oficiais quanto em momentos descontraídos, como em jantar com Bolsonaro às vésperas da votação no TSE que tornou o ex-presidente inelegível.
Em agosto, Nunes afirmou: "Não sou juiz, ministro do STF, do STJ, não sou polícia", em referência às acusações que recaem sobre o ex-presidente em investigações sobre ataques golpistas e desvio de joias.
Bolsonaro deixou o hospital no começo da tarde. Ele estava internado desde a segunda (11) após ter realizado cirurgias para tratar um refluxo e corrigir um desvio de septo.
O ex-presidente Bolsonaro saiu do carro para cumprimentar apoiadores, mas deixou o local sem falar com a imprensa.
Uma terceira cirurgia para melhorar o funcionamento do intestino foi descartada pela equipe médica devido ao estado de saúde satisfatório do paciente.
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