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Bolsonaristas gritam 'Xandão ditador' e pedem 'fim da censura' em ato na Paulista

Participantes usavam fita crepe na boca e defendiam liberdade de expressão para a Jovem Pan

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São Paulo

Em ato na avenida Paulista noite desta terça-feira (25), bolsonaristas protestaram contra decisões recentes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), como a que amplia o poder da corte para a remoção de conteúdos já julgados como ofensivos ou inverídicos.

Com gritos de "Lula ladrão", "Xandão ditador" e coro pela Jovem Pan, eles ocuparam uma pista em frente ao Masp em um protesto por liberdade de expressão marcado por xingamentos contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente da corte eleitoral. Alguns participantes usavam uma fita crepe na boca.

Com fitas na boca, grupo protesta na altura do Masp - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Subiram em um carro de som deputados e membros do Vem Pra Rua, do Instituto Von Mises e do Instituto de Formação de Líderes. Segundo a PM, havia cerca de mil pessoas no local.

Além dos gritos de guerra já conhecidos contra o PT, o ato pediu por "democracia" e o direito "até de chamar de genocida quem não é genocida", numa referência à proibição do tribunal ao PT, que acusava o presidente Jair Bolsonaro (PL) de genocídio pela condução da pandemia.

O discurso dos porta-vozes até tentou contemplar uma ideia suprapartidária, mas só havia bolsonaristas no local.

"Qual a frase que não pode falar mesmo? Lula ladrão? Qual o problema de dizer que Marcola adora Lula? Qual problema dizer que ele é ex-presidiário?", disse Helio Beltrão, presidente do Mises Brasil, citando casos em que o TSE acatou a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Beltrão é colunista da Folha.

Bolsonaristas em ato na avenida Paulista - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Um dos mais aplaudidos, Marcel van Hattem (Novo-RS) disse ter vergonha da censura e "ainda mais de quem passa pano pra censura".

"O TSE e o STF estão agindo de forma partidária, parcial, de forma a colocar um ex-presidiário a concorrer à Presidência da República. Porque ele não é inocente, ele é ladrão corrupto e chefe de facção criminosa", afirmou, acrescentando que "vamos vencer pela democracia".

Estavam presentes os deputados Coronel Tadeu (PL-SP), Fábio Ostermann (Novo-RS) e o comentarista da Jovem Pan Adrilles Jorge, aplaudido como um popstar. Algumas quadras dali, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também falou a um pequeno grupo.O discurso de que Bolsonaro, aliados, Jovem Pan e Brasil Paralelo são alvo de censura decorre de uma série de decisões desfavoráveis ao presidente no TSE.

Na semana passada, o tribunal instaurou investigação contra 47 pessoas após a coligação de Lula entrar com ação contra o que chama de "ecossistema de desinformação" –uma rede de influenciadores proeminentes do bolsonarismo, como Bárbara Destefani, Kim Paim e Gustavo Gayer, além do presidente e do filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que cuida de suas redes sociais.

A corte também deu sucessivos direitos de resposta a Lula na Jovem Pan e determinou que os comentaristas da emissora não reproduzam as mesmas críticas contra o petista, sob pena de multa de R$ 25 mil "por reiteração ou manutenção da conduta nos citados meios de comunicação".

Eduardo Bolsonaro fala durante ato na avenida Paulista - Mathilde Missioneiro/Folhapress

A Jovem Pan incluiu uma faixa com a palavra "censurada" no logotipo exibido no site oficial e nas redes sociais da empresa.

Nesta terça, o jornalista Augusto Nunes escreveu nas redes sociais que está afastado até a próxima segunda-feira por não cumprir a orientação. O caso foi lembrado na Paulista, e o público gritou "Jovem Pan, Jovem Pan!".

A situação esquentou na semana passada quando o TSE expandiu poderes, diminuindo prazos para exclusão de conteúdos pelas redes sociais e impedindo a recirculação de conteúdos já julgados pela corte eleitoral.

No ato, adesivos com uma imagem de um relógio e a inscrição Censurômetro foram distribuídos. Trata-se de um site que, desde quinta-feira (20), data da resolução do TSE, conta as horas do "país sob censura", segundo um membro do IFL.

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