Em Minas Gerais, o atual governador, Romeu Zema (Novo), e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), dominam os holofotes da campanha e concentram, segundo a última pesquisa Datafolha, 78% das intenções de votos.
A Lupa checou algumas das frases ditas ou exibidas na propaganda eleitoral dos dois candidatos na televisão e rádio, entre 7 e 14 de setembro. As assessorias dos candidatos foram procuradas, mas não responderam. Confira as checagens:
Romeu Zema (Novo)
Gastei 20 vezes menos [que meus concorrentes nas eleições de 2018]
FALSO
Nas eleições de 2018, quando Zema foi eleito governador de Minas Gerais, sua campanha custou R$ 5.665.848,25. O candidato a governador que mais gastou naquele ano foi Antonio Anastasia (PSDB), cuja campanha custou R$ 15.268.581,95, cerca de 2,7 vezes mais.
Geramos meio milhão de empregos formais em todo o Estado
VERDADEIRO
De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregado), o saldo de empregos (admissões menos desligamentos) de Minas Gerais foi de 97.720 em 2019, -1.024 em 2020, 309.792 em 2021 e 159.628 em 2022 (até julho, último dado disponível). Portanto, desde o início da gestão Zema, o saldo é de 566.116.
[O governo de Minas Gerais é] primeiro lugar em transparência
VERDADEIRO, MAS
Ranking feito pela Controladoria-Geral da União em 2020 e divulgado em 2021, Minas Gerais divide o primeiro lugar de transparência com outros dois estados: Ceará e Espírito Santo. Os três conquistaram a nota 10 na 2ª edição da EBT (Escala Brasil Transparente).
Contudo, outro relatório recente, da ONG Transparência Internacional-Brasil, divulgado em junho deste ano, aponta o Espírito Santo como o estado mais transparente do Brasil, com 90,4 pontos no Índice de Transparência e Governança Pública. Minas Gerais está em segundo lugar, com 90 pontos.
Alexandre Kalil (PSD)
Temos um regime de recuperação fiscal que não pode contratar médico
FALSO
A Lei 159, de 2017, que trata sobre o Regime de Recuperação Fiscal, traz uma série de limitações para os estados que aderirem à modalidade, entre elas a proibição de reajustes aos servidores além da inflação, criação de cargos, empregos ou funções que impliquem em aumento de despesas.
Contudo, a lei prevê exceções a essas limitações. No caso das contratações (artigo 8 da lei), elas podem ser feitas se forem temporárias, por exemplo.
Apesar de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter autorizado o governo de Minas a entrar no regime de recuperação fiscal sem que tenha necessidade de ser aprovado na Assembleia Legislativa, o Estado tem um prazo de 12 meses para elaborar um plano de recuperação. Somente após aprovação dele é que Minas Gerais estaria, de fato, em Regime de Recuperação Fiscal.
Durante o governo Zema, mais de 1 milhão de mineiros entraram para a pobreza
EXAGERADO
Em dezembro de 2018, um mês antes de Romeu Zema assumir o mandato como governador, cerca de 3,6 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza (2.575.850) e pobreza (1.026.325) estavam inscritas no CadÚnico em Minas Gerais, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social.
Conforme o dado mais recente do CadÚnico, referente a julho de 2022, há pouco mais de 4,47 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza (3.507.248) e pobreza (965.868) cadastradas. Ou seja, houve um aumento de cerca de 870 mil pessoas durante o governo de Zema, e não mais de 1 milhão, como afirmou Kalil.
[Alexandre Kalil é] O cara que colocou para funcionar o hospital do Barreiro, multiplicando por 10 o número de leitos
EXAGERADO
O Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro, mais conhecido como Hospital do Barreiro, foi inaugurado em dezembro de 2015, durante o governo do ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. Na época, a unidade foi entregue com apenas 47 leitos funcionando, o que representava 10% da capacidade de atendimento. Em dezembro de 2016, ainda na gestão de Marcio Lacerda (PSB), novos leitos foram inaugurados, e a capacidade chegou a 90.
Em dezembro de 2017, no primeiro ano de governo de Kalil, o hospital atingiu a capacidade máxima de funcionamento, com 460 leitos abertos. Assim, o número de leitos foi multiplicado por pouco mais de cinco durante a gestão de Kalil — de 90 para 460 —, e não por 10, como ele afirma.
Nos transformamos no estado brasileiro onde mais se mata mulheres
VERDADEIRO, MAS
Em 2021, Minas Gerais registrou 154 feminicídios, o maior número do Brasil, de acordo com o Anuário de Segurança Pública de 2022 (página 148) — considerando números absolutos. Apesar disso, a taxa de feminicídios por 100 mil habitantes foi de 1,4, sendo a 9ª menor do país.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.