O prefeito, porém, afirmou que não é hora de falar sobre escolha de vice, ao ser questionado sobre uma eventual chapa com Joice Hasselman (PSL), que também se coloca como candidata. Covas admitiu, contudo, que não vê problemas em ter a deputada do PSL ao seu lado.
A aliança é defendida pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que é amigo de Joice. Covas afirmou que “não está tendo imposição [de Doria sobre escolher Joice como vice] porque não é o momento de discutir isso”.
“Doria não vai impor ou deixar de impor nada, mas vai ser uma pessoa que vai ser consultada no momento adequado”, completou Covas.
O governador tem trabalhado para aproximar Covas e Joice numa possível chapa. “Quanto mais próxima ela estiver do Bruno, mais felizes ficaremos”, disse em novembro.
Em relação à coligação, Covas disse que busca conversar com partidos que considera à esquerda, como PSB, Rede e Cidadania, e à direita, como Progressistas, Republicanos e PL, para montar “o maior arco possível de alianças”.
“Mostrando que é possível montar um arco que não comprometa a gestão”, afirmou. “Nessa eleição a gente quer mostrar que o diálogo é um trunfo.”
O PSB, no entanto, deve lançar Márcio França para a Prefeitura de São Paulo. O ex-governador travou um duro embate com Doria na disputa do segundo turno em 2018. Ainda assim, o prefeito disse que buscará o apoio de França, caso ele não seja candidato.
No fim de outubro, Covas descobriu um câncer localizado entre o estômago e o esôfago, com metástase no fígado. Ele tem previstas mais três sessões de quimioterapia, duas em janeiro e a última na primeira semana de fevereiro. Depois, exames determinarão se o tumor deve ser retirado.
A candidatura depende da recuperação do prefeito, que tem enfrentado o câncer com disposição e otimismo. Covas tem apoio majoritário no PSDB, e líderes tucanos têm evitado, neste momento, traçar alternativas caso o estado de saúde do prefeito o impeça de fazer campanha.
Antes da descoberta do câncer, porém, Covas enfrentou resistência no PSDB. Como pontuava cerca de 10% em pesquisas internas, líderes tucanos passaram a questionar sua competitividade e pressioná-lo a desistir da reeleição. A vitória em São Paulo é considerada estratégica no PSDB, sobretudo por pavimentar o plano do governador Doria de lançar-se na corrida pelo Palácio do Planalto em 2022.
Com a doença, a avaliação entre os tucanos é a de que o prefeito tornou-se mais conhecido entre a população, o que lhe dá vantagem na corrida pela reeleição. Covas também passou a ser associado à memória de seu avô, o ex-governador Mário Covas, que morreu em 2001 vítima de um câncer na bexiga.
A candidatura de Covas terá que ser validada em convenção do PSDB, a ser realizada entre julho e agosto, segundo o calendário eleitoral.
Em seu caminho para disputar 2022, Doria, que hoje é a principal liderança tucana, também tem apostado em outros nomes para a Prefeitura de São Paulo, apesar de publicamente declarar apoio somente a Covas. O governador também se beneficiaria eleitoralmente caso os aliados Joice ou Filipe Sabará (Novo) vençam a eleição em outubro.
Também devem concorrer à prefeitura Andrea Matarazzo (PSD) e o deputado estadual Arthur do Val, o youtuber Mamãe Falei, que foi expulso do DEM e não tem partido definido. A ex-prefeita Marta Suplicy, que deve fazer parte da disputa, é outra que ainda busca um partido.
Nas pontas do espectro político, no entanto, o cenário permanece indefinido. O nome do apresentador José Luiz Datena é apoiado pela família Bolsonaro, mas ele ainda não definiu se pretende concorrer e por qual partido.
Se o bolsonarismo ainda não tem representante na principal capital do país, o PT tampouco definiu seu candidato. O ex-prefeito Fernando Haddad resiste a concorrer, e os petistas definiram um calendário de prévias, com os seguintes nomes colocados: Alexandre Padilha, Jilmar Tatto, Eduardo Suplicy, Paulo Teixeira e Carlos Zarattini. A escolha final deve passar pelo aval do ex-presidente Lula.
Na entrevista desta quinta, Covas também fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Ele afirmou torcer pelo crescimento econômico do país mesmo não tendo votado em Bolsonaro e não se sentindo representado por ele.
“Se falou tanta bobagem em relação a aquecimento global e queimadas na Amazônia que o produto brasileiro vem, na verdade, perdendo valor no estrangeiro”, criticou.
Covas voltou a dizer que São Paulo é símbolo da democracia, onde cabem todas as manifestações políticas. Em janeiro, a prefeitura realiza o festival Verão sem Censura, com obras e espetáculos de arte censurados ou criticados por Bolsonaro.
O prefeito negou que isso seja uma provocação ao presidente. “Se ele vê como provocação é problema dele. [...] É uma estratégia de geração de emprego e renda”, disse.
NOMES COTADOS À PREFEITURA DE SP EM 2020
PSDB
Bruno Covas
PSL
Joice Hasselmann
PT
Alexandre Padilha, Eduardo Suplicy, Paulo Teixeira, Carlos Zarattini e Jilmar Tatto
PSB
Márcio França
PDT
Nelson Marconi e Luiz Antônio de Medeiros Neto
PSOL
Carlos Giannazi, Sâmia Bomfim e Guilherme Boulos
PC do B
Orlando Silva
Novo
Filipe Sabará
PRB
Celso Russomanno
PSD
Andrea Matarazzo
Sem partido definido
Marta Suplicy, Tabata Amaral, Arthur Mamãe Falei e José Luiz Datena
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