Chefe da missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) que vai acompanhar as eleições no Brasil, Laura Chinchilla afirmou nesta quinta-feira (25) que a divulgação de notícias falsas no país via WhatsApp pode ser um “fenômeno sem precedentes”.
Segundo a ex-presidente da Costa Rica, o uso de um aplicativo privado para a disseminação de fake news surpreendeu autoridades porque demandou “instrumental técnico e jurídico” diferente daquele utilizado nos Estados Unidos, por exemplo, em que as redes mais usadas na divulgação das notícias falsas eram o Twitter e o Facebook.
“O fenômeno que temos visto no Brasil talvez não tenha precedentes fundamentalmente por uma razão. No caso do Brasil estão usando redes privadas, que é o WhatsApp. É uma rede que apresenta muitas complexidades para que as autoridades possam acessar e realizar investigações”, disse Chinchilla após participar de um encontro com o candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad.
“É a primeira vez que, em uma democracia estamos observando o uso do WhatsApp para poder difundir massivamente notícias falsas, como é o caso no Brasil”, completou.
Após a reunião, Haddad afirmou que pediu “atenção” à OEA nesta reta final do segundo turno para “evitar a avalanche de notícias falsas” que, segundo ele, aconteceu na primeira etapa da campanha.
O petista disse que, se isso for evitado, pode render a ele um “bom resultado eleitoral”.
Haddad tem dito publicamente acreditar em uma virada histórica sobre Bolsonaro —que tem pelo menos 14 pontos de vantagem sobre o petista.
Auxiliares admitem que o cenário é “bastante difícil”, mas viram uma melhora do clima com a queda na rejeição do herdeiro de Lula —de 47% para 41%.
Na semana passada, a Folha revelou que empresas compraram pacotes de disparo de mensagens em massa, via WhatsApp, contra Haddad. A prática é considerada ilegal.
A campanha do PT iniciou uma ofensiva jurídica contra seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), e pediu, nas ações protocoladas, que ele seja declarado inelegível caso seja comprovado crime eleitoral.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) também pediu investigação do caso, comandado pela Polícia Federal.
A chefe da missão da OEA já esteve com o presidente Michel Temer, em Brasília, e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e disse que pediu um encontro com a campanha de Bolsonaro, mas não obteve resposta.
Ainda de acordo com ela, a OEA está participando de todos os testes públicos de urna eletrônica e não encontrou nenhum sinal de que o sistema seja vulnerável.
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