Depois de bancar a própria campanha com R$ 3,5 milhões, o advogado Ibaneis (MDB), que disputa o segundo turno pelo governo do Distrito Federal, diz que não concorda com o modelo de financiamento eleitoral vigente hoje, que permite o autofinanciamento.
Em sua mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília, o candidato mais rico na disputa da capital federal, que tem patrimônio declarado de R$ 94 milhões, afirmou à Folha que o sistema gera disparidade na eleição e defendeu mudança na regra, mas argumentou que fez tudo dentro da lei.
Líder isolado nas pesquisas, ele nega ter comprado votos e reconhece que não se identifica com o MDB —caminho que encontrou para chegar ao governo.
O fato de ser o candidato mais rico da campanha torna a disputa desigual?
A legislação que foi aprovada no Congresso prejudicou muito a política como um todo. Realmente, ficou uma disparidade, mas uma disparidade que está dentro da lei. Eles me permitiram fazer esse aporte, eu fiz, tenho condição de fazer. Espero que a legislação mude. Acho que tem propostas de financiamento melhores.
Qual é o modelo ideal?
O ideal é que o financiamento de campanha seja feito por um fundo, que pode receber recursos públicos e privados, administrado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para garantir isonomia entre todos os candidatos, de acordo com os cargos.
O senhor disse a eleitores que vai reconstruir com seu próprio dinheiro casas demolidas pelo poder público. Não configura compra de voto?
Não é compra de voto, é uma promessa de campanha que pode ser realizada. Eu não perguntei nem se o eleitor vai votar em mim, ele não se comprometeu comigo. É como chegar para os professores, como o Rollemberg chegou, e dizer que vai dar reajuste salarial. Estou tranquilo.
É possível se apresentar como a renovação da política estando no MDB, ao lado de colegas investigados por corrupção?
Partido não cumpre pena. Quem cumpre pena é quem pratica crime. Escolher um partido hoje está muito difícil, temos que reconhecer, mas esse mesmo MDB de Eduardo Cunha e vários outros é o MDB de Ulysses Guimarães, de Jarbas Vasconcelos, de pessoas do bem.
Eu gosto de renovar por dentro. O partido Novo, por exemplo, vai ter dificuldade de crescer porque não tem estrutura partidária.
É possível interpretar que o senhor não tem uma identificação com o MDB e que o partido foi o caminho que você encontrou para chegar ao governo?
É isso mesmo. Eu estava procurando um partido político. Primeiro, procurei o PDT, que tem um pouco mais de história com a minha vida pessoal, mas senti que o presidente do partido ia fazer qualquer coisa para ajudar na campanha do Ciro Gomes, como de verdade fez. Eu tinha que me filiar a algum partido político que tivesse alguma identidade e fui para o MDB que tem possibilidade de fazer várias alianças.
O presidente do MDB local, Tadeu Filippelli, que já foi preso, vai ter papel dentro do seu governo?
O Filippelli tem a denúncia, não tem condenação. Ele vai responder pelos seus processos. Está respondendo por um crime de corrupção e não será nomeado no meu governo. Mas vou ouvi-lo. É um homem experiente, conhece todas as obras do Distrito Federal. Está com esse problema e espero que ele consiga solucionar.
O senhor foi denunciado na Bahia por superfaturamento e dano ao erário.
Estou muito em paz com isso. A prefeitura de Jacobina tinha R$ 42 milhões presos e não podia usar para nada. Contratou meu escritório para que a gente liberasse esse recurso. Eu cobrei em torno de 8% do valor que era devido, eu podia ter cobrado até 20%. Atuei no processo, trabalhei e recebi. O prefeito pagou com esse dinheiro [exclusivo para a Educação] porque quis, não foi um erro meu.
Interessante que os R$ 39 milhões pagos à cidade foram investidos. Estão lá as creches, ruas asfaltadas, tudo feito com esse dinheiro. Eu deveria receber um prêmio.
Quem o senhor vai apoiar à Presidência?
Eu não decidi ainda. Olhei o programa dos dois presidentes e nenhum deles cuida do centro-oeste e do Distrito Federal. Estou aguardando esse aceno. Os meus eleitores, pelas pesquisas que temos aqui, são a sua grande maioria eleitores do Bolsonaro. Espero que ele respeite o Distrito Federal se for eleito. Eu ainda não decidi, estou quase me decidindo.
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