O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), trocou o comando na Sabesp, empresa responsável pelo saneamento básico no estado. O engenheiro Jerson Kelman deixa a presidência da companhia. Em sem lugar, assume Karla Bertocco, subsecretária de inovação da Secretaria de Governo.
Na sexta (4), o Governo encaminhou recomendação de França para que o Conselho de Defesa dos Capitais do Estado, ligado à Secretaria da Fazenda, oriente o Conselho de Administração da Sabesp a eleger Bertocco à presidência da instituição.
A informação foi publicada no site da Sabesp ainda na sexta (4), em notificação aos investidores. A companhia de saneamento é uma empresa de capital misto, mas controlada pelo estado.
Kelman se pronunciará oficialmente sobre o assunto na próxima terça (8). Por ora, diz apenas entender que a mudança é natural, parte da troca de comando da administração estadual.
Jerson Kelman, 70, assumiu a presidência da Sabesp em janeiro de 2015, no ápice da crise hídrica que castigou São Paulo entre 2014 e 2016.
Kelman, que tem um extenso currículo acadêmico na área de engenharia hídrica, foi o primeiro presidente da ANA (Agência Nacional das Águas) e ex-presidente da Light assumiu o posto à convite do então recém-empossado secretário estadual de recursos hídricos Benedito Braga.
À época, o governo Geraldo Alckmin que tinha se reeleito em 2014 sofria sérias críticas de especialistas sobre a falta de transparência na condução da crise hídrica paulista e a demora de Alckmin em tomar medidas anti-populares no início da crise, em 2014, que era ano eleitoral. Antes de assumir a Sabesp Kelman engrossou esse coro.
Quando assumiu o posto, o professor da UFRJ, melhorou a forma como a empresa se comunicava com a população, assumindo a grande gravidade da crise e dizendo se preparar para o colapso do abastecimento de grande parte de São Paulo abastecida unicamente pelo conjunto de represas do sistema Cantareira.
Kelman também deixou mais transparente e intensificou a redução de pressão com que a Sabesp distribuía água na cidade. A manobra largamente usada na crise tinha como objetivo reduzir as grandes perdas de água nas falhas das tubulaç��es da companhia pela cidade. Mas como efeito colateral deixava milhares de casas sem abastecimento de água durante horas. Locais mais altos e periféricos sofreram mais.
A manobra é citada pela Sabesp como uma das medidas que mais colaborou para a superação da crise hídrica em São Paulo, ao lado de obras e da economia da população.
Karla Bertocco é administradora de empresas e trabalhou na Agência Reguladora de Saneamento em Energia do Estado de São Paulo, responsável por fiscalizar as atividades da Sabesp. Na Secretaria de Governo, ocupou o cargo responsável por viabilizar negócios do governo com o setor privado.
Em 2017, Bertocco atuou nas negociações que levaram à aprovação da lei que permitiu a criação de uma holding de investidores da Sabesp, em que o estado transferiu 50,3% do que detinha na companhia para essa nova associação.
A holding é uma sociedade controladora para atrair recursos para a companhia e, inicialmente, é gerida pelo estado. O governo pretende vender participações para captar recursos, mantendo a maioria das ações com direito a voto.
Kelman agora se preparava para consolidar a transformação da Sabesp nessa holding, ampliando o ramo de atuação da empresa. Ele estudava, por exemplo, uma possível exploração do serviço de destinação de lixo na grande São Paulo.
Desde que assumiu o Bandeirantes em abril, após a renúncia de Geraldo Alckmin (PSDB), França tem promovido mudanças no secretariado, priorizando nomes de sua confiança. O governador mexeu nas pastas da Agricultura, Comunicação Social, Planejamento e na Procuradoria-Geral.
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