'O problema do Doria é não cumprir a palavra', afirma França

Vice-governador critica adversário por promessa de que terminaria mandato

Géssica Brandino
São Paulo

O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), afirmou nesta segunda-feira (19) que a vitória de João Doria nas prévias para o governo do estado era previsível e que pesa contra o tucano o fato de não ter palavra.

“O problema do Doria é não cumprir a palavra. Ele deu a palavra a todos nós paulistanos de que cumpriria o mandato dele. À medida que não cumpre, as pessoas ficam desconfiadas. Acho que isso vai ter uma consequência grande pra ele”, afirmou.

França, que assumirá o governo no dia 7 de abril, data limite para que Alckmin deixe o cargo para disputar a Presidência, adotou o tom de despedida ao tucano ao discursar para uma plateia de prefeitos.

O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), durante entrevista à Folha; ele está sentado à mesa do Palácio dos Bandeirantes e gesticula com a mãe esquerda ao falar
O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), durante entrevista à Folha - Karime Xavier - 12.jan.2018/Folhapress

"A palavra que o senhor deu aos paulistas cumpriu plenamente. Então, tenha certeza de que estaremos orando, rezando para que o senhor tenha um destino cada vez mais feliz e que faça a vida dos brasileiros feliz assim como fez aqui em São Paulo."

Em sua fala, Alckmin brincou: "Saio em 20 dias, mas já começaram o bota fora”, aproveitando para também elogiar França. "Deixarei o governo nas mãos firmes e honradas de Márcio França".

O vice-governador afirmou que já convidou o tucano para que participe das inaugurações após deixar o cargo. "Eu o convidei e ele já aceitou inaugurar as obras dele enquanto a legislação permitir, porque não seria justo para uma pessoa que se dedicou a vida inteira."

Questionado sobre a preferência de Alckmin para governar São Paulo, França declarou que o fato de ter sido escolhido vice de Alckmin já mostra quem o tucano quer que continue o governo e que compreende o fato de o partido ter candidatura própria.

“Partidariamente, não tinha como o PSDB não ter um nome, porque está há muitos anos [no governo]. É um partido muito grande, tem muitos nomes importantes”, disse.   

Sobre a fala de Doria em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, em que o prefeito diz que França é de extrema esquerda, afirmou que “é um discurso atrasado, mais para o passado do que para o futuro.”

Para sua candidatura ao governo, França já tem alianças firmadas com PR, PPS, PV, PSC, PHC, Pros, Avante, Solidariedade, Podemos e PPL, além de diálogos com PC do B e DEM.

“A minha lealdade todo mundo sabe que é minha marca registrada, e é por isso que tantos partidos me apoiam, mesmo eu não sendo conhecido”, disse França. 

O vice-governador diz que espera enfrentar Doria no segundo turno pelo governo do estado em uma campanha respeitosa. Afirmou que ajudou Doria em sua campanha à Prefeitura de São Paulo e, por isso tem relacionamento com ele e sua família.

“Creio que [a campanha] será feita com respeito, o que não tira a marca da palavra não cumprida”, afirmou.

Erramos: o texto foi alterado

O partido do vice-governador Márcio França é PSB, não PSC. O texto foi corrigido.

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