Onipresente, chefe de cerimonial do Planalto � chamado de 'dubl� de Temer'
Em outubro do ano passado, a imprensa paraguaia pediu ajuda � brasileira em visita oficial do presidente Michel Temer. Os estrangeiros n�o conseguiam identificar quem era o ministro que n�o desgrudava do emedebista em todas as fotografias.
No caso, n�o se tratava de um ministro, mas de um personagem conhecido apenas nos bastidores palacianos em Bras�lia. Com o presidente desde quando Temer era vice de Dilma Rousseff, o chefe do cerimonial da Presid�ncia da Rep�blica, Pompeu Andreucci Neto, � considerado uma figura controversa.
O diplomata tanto � criticado como elogiado por quem o conhece, mas nunca � descrito como discreto –caracter�stica muito apreciada no meio diplom�tico.
Em cerim�nias oficiais, ele tem o h�bito de permanecer ao lado do presidente ou de entrar � frente de Temer quando o emedebista � anunciado. Isso lhe rendeu o apelido entre funcion�rios da Presid�ncia da Rep�blica de "dubl� de Michel Temer".
A assessoria de imprensa do Pal�cio do Planalto j� tentou conter o h�bito de Andreucci Neto.
Um �lbum de fotografias do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama foi apresentado a Temer para mostrar a ele que ningu�m do cerimonial da Casa Branca permanece no entorno do americano em eventos oficiais. O brasileiro n�o se sensibilizou, nem chamou a aten��o do diplomata.
RECONHECIDO
As apari��es dele s�o t�o constantes que Andreucci Neto chegou a ser reconhecido pelo embaixador do Paquist�o, Najam Us Saqib, quando o estrangeiro recebeu credencial para atuar no Brasil.
"Eu j� o vi em muitos v�deos", disse o paquistan�s em di�logo acompanhado pela Folha.
O chefe do cerimonial atuava na Embaixada do Brasil em Washington antes de trabalhar para o presidente. Foi apresentado a Temer pelo deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ)."Ele � muito competente e absolutamente bem informado sobre acontecimentos internacionais", elogiou o deputado.
EXPLOSIVO
O diplomata � criticado por ter temperamento explosivo e por ser extremamente met�dico. No in�cio do mandato de Temer, fazia quest�o de levar o presidente pelas manh�s ao gabinete presidencial, apesar de ele saber o caminho.
Tamb�m implicava com posi��es de cadeiras e tapetes em eventos oficiais.
O seu relacionamento com subordinados diretos � descrito como conturbado, com direito a broncas �speras. Segundo relatos, desde que chegou ao posto, diplomatas e secret�rias pediram para serem removidos ap�s epis�dios de desentendimento.
As queixas tamb�m s�o feitas pelas assessorias de imprensa de outros �rg�os federais, segundo as quais o cerimonial do presidente costuma interferir na organiza��o at� de eventos fora do Pal�cio do Planalto.
Em novembro do ano passado, por exemplo, chefes de gabinete e familiares de ministros foram barrados em cerim�nia promovida pelo TCU (Tribunal de Contas da Uni�o), o que irritou integrantes da organiza��o que tiveram de recorrer a assessores Planalto para permitir a entrada.
Os recorrentes problemas de relacionamento estimularam um grupo de assessores de imprensa a organizar um abaixo-assinado contra Andreucci Neto para entregar � chefe de gabinete do presidente, Nara de Deus.
O diplomata, contudo, conta com prest�gio junto ao emedebista. No in�cio do ano, ele teve pedido autorizado para trocar o ve�culo oficial, sendo que uma solicita��o semelhante foi negada � �poca para a pr�pria primeira-dama, Marcela Temer.
CR�TICA EXAGERADA
Em conversa com a Folha, Pompeu Andreucci Neto avalia que h� "certo exagero" nas cr�ticas � sua personalidade explosiva e met�dica.
O chefe do cerimonial da Presid�ncia da Rep�blica reconheceu sua presen�a em imagens do presidente, mas ressaltou que tem tentado evitar ao m�ximo atrapalhar a cobertura da imprensa.
"�s vezes � inevit�vel aparecer, porque � papel do chefe de cerimonial orientar as autoridades p�blicas", argumentou ele.
Andreucci Neto negou que a sa�da de subordinados diretos tenha rela��o com desentendimentos e lembrou que duas secret�rias que deixaram o posto retornaram depois para seus cargos.
Para melhorar a rela��o, o diplomata afirmou que pretende fazer reuni�es mensais com chefes de cerimoniais de pastas da Esplanada dos Minist�rios.
Ele disse ainda que abriu m�o de dois motoristas e utiliza o ve�culo do cerimonial apenas durante atividades oficiais.
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