Tinha receio do que o governo Temer pudesse fazer, diz Funaro � Justi�a
Lula Marques - 28.abr.2010/Folhapress | ||
![]() |
||
O corretor de valores L�cio Funaro em depoimento a CPI em 2010 |
O corretor L�cio Bolonha Funaro disse nesta ter�a (21) que, antes de decidir fazer um acordo de dela��o premiada, teve medo de eventuais retalia��es de autoridades do governo de Michel Temer.
A declara��o foi dada em audi�ncia na Justi�a Federal em Bras�lia. O corretor dep�s como testemunha de acusa��o contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que � r�u por obstru��o de Justi�a, acusado de t�-lo monitorado para evitar a colabora��o.
Questionado se tinha preocupa��o com alguma poss�vel atitude do ex-ministro, Funaro respondeu: "Receio dele, pessoalmente, n�o. Como ele era membro do primeiro escal�o do governo, tinha receio do que o resto do primeiro escal�o pudesse fazer".
Funaro citou suspeitas lan�adas contra si na �poca, que lhe causaram preocupa��o. "Foi imputada a mim a entrega de R$ 4 milh�es ao senhor Jos� Yunes [amigo e ex-assessor de Temer]. Nunca entreguei. Recebi R$ 4 milh�es para entregar ao senhor Geddel", comentou.
Na �poca, em depoimento � PGR (Procuradoria-Geral da Rep�blica), Yunes disse ter sido "mula involunt�ria" de um pacote para o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil). O objeto foi, segundo ele, deixado por Funaro em seu escrit�rio.
Funaro disse que ficou assustado com a situa��o na �poca, porque viu que "dentro do pr�prio governo n�o havia uma linha para resolver".
"[Era] O melhor amigo do presidente [Yunes] atacando outro [Padilha], que � muito amigo do presidente", declarou. "� como se fosse um carro sem dire��o, n�o tem comando isso a�", comparou, referindo-se ao governo Temer.
O corretor ratificou acusa��es contra Geddel, segundo as quais o ministro estaria monitorando a possibilidade de que ele delatasse. Reafirmou que o chefe da Casa Civil contava com vazamentos de seus pr�prios advogados, o que o levou a contratar nova equipe de criminalistas para defend�-lo.
O corretor contou que, numa audi�ncia na Justi�a, no ano passado, gritou para um de seus advogados, que havia acabado de dispensar, que iria "arrebentar" com Padilha. O delator acrescentou que, com isso, criou-se "uma repercuss�o" de que "seria uma pessoa agressiva"
Na audi�ncia, Funaro confirmou que Geddel fez reiteradas liga��es para sua mulher, Raquel Pitta, ap�s sua pris�o, supostamente para sondar seu �nimo para delatar e saber como estava na cadeia. Ele negou, contudo, que o ex-ministro tenha a amea�ado ou oferecido vantagem financeira.
Raquel e a irm� de Funaro, Roberta Funaro, tamb�m prestaram depoimentos e confirmaram os contatos reiterados de Geddel, que levaram � sua pris�o, em junho, e � den�ncia por "obstru��o de Justi�a".
Geddel � acusado de ter tentado evitar a dela��o premiada do corretor L�cio Bolonha Funaro, que, na colabora��o feita com a PGR (Procuradoria-Geral da Rep�blica), o acusou de corrup��o na Caixa Econ�mica Federal.
Na den�ncia apresentada � Justi�a Federal em Bras�lia, o MPF (Minist�rio P�blico Federal) alega que Geddel tentou intimidar Funaro e sua fam�lia. Depois de o corretor ser preso, em julho do ano passado, o ex-ministro fez ao menos 16 liga��es para a mulher do colaborador, Raquel Pitta, supostamente para sondar sobre as inten��es do corretor.
Geddel foi preso preventivamente em junho por suspeita de obstru��o de Justi�a. Ele foi transferido para o regime domiciliar por ordem do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1� Regi�o). Contudo, voltou ao regime fechado ap�s a descoberta de um bunker com R$ 51 milh�es, a ele atribu�dos.
O advogado de Geddel, Gamil F�ppel, disse que os depoimentos desta ter�a demonstraram que n�o houve constrangimento, amea�a ou oferta de vantagem por parte do ex-ministro � mulher de Funaro. "Portanto, n�o houve obstru��o", comentou.
O procurador Alselmo Lopes, um dos autores da den�ncia, afirmou que o fato de o ex-ministro de monitorado Funaro, que temia eventuais rea��es de autoridades do governo, configura tentativa de embara�ar as investiga��es.
Geddel acompanhou toda a audi�ncia, mas, como n�o se tratava de seu interrogat�rio, n�o estava autorizado a falar. Visivelmente mais magro, de sapato, cal�a e su�ter brancos, ele n�o quis dar declara��es � imprensa.
Um dos poucos momentos em que se ouviu sua voz foi quando as defesas pediram para que v�deos da audi�ncia n�o fossem disponibilizados ao p�blico por evitar que "fossem parar no Youtube". "Eu sei bem, eu sei bem", comentou o peemedebista.
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade