Lava Jato confirma ordens de pagamento � c�pula do PMDB
Pedro Ladeira - 5.jul.2016/Folhapress | ||
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O ent�o ministro Geddel V. Lima e o ministro Eliseu Padilha em 2016 |
Em busca de provas para corroborar os depoimentos dos delatores da Odebrecht, a Procuradoria-Geral da Rep�blica encontrou, no sistema eletr�nico da empresa, arquivos originais com os nomes do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e do ex-ministro Geddel Vieira Lima. A PGR localizou ordens de pagamentos e descartou fraudes na cria��o dos arquivos.
Os relat�rios da SPEA (Secretaria de Pesquisa e An�lise), �rg�o t�cnico da PGR, foram produzidos por um perito criminal entre 27 de julho e 8 setembro deste ano.
Os nomes dos dois peemedebistas estavam em uma planilha no sistema da Odebrecht que os associa aos codinomes "Fod�o" e "Babel", respectivamente.
A an�lise da PGR tamb�m encontrou arquivos originais com programa��es de pagamentos para o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) e os ex-deputados Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Alves (RN), todos do PMDB.
Segundo os relat�rios, eles estavam identificados por codinomes que, para serem vinculados �s pessoas, dependem dos depoimentos.
Para investigadores, a import�ncia dos arquivos reside no fato de mostrar que foram criados e modificados na �poca dos repasses delatados, e n�o forjados recentemente.
A exist�ncia deles, por�m, n�o comprova a efetiva entrega do dinheiro aos pol�ticos.
Todos eles –Padilha, Moreira, Cunha, Geddel e Alves– s�o apontados nas dela��es como operadores de arrecada��o de recursos da empreiteira para o PMDB. Os tr�s �ltimos est�o presos.
Os relat�rios foram anexados aos autos da segunda den�ncia contra o presidente Michel Temer e a c�pula do PMDB, incluindo os ministros Padilha e Moreira Franco.
"Ap�s intenso trabalho de tratamento de informa��es", segundo relat�rios, 1,7 milh�o de arquivos foram analisados, sobretudo e-mails e planilhas do Drousys, sistema de comunica��o usado pela Odebrecht para gerenciar propinas.
Conforme um dos relat�rios, de 8 de setembro, a PGR encontrou no Drousys uma planilha chamada "programa��es semanais-2010", com uma ordem de pagamento de R$ 200 mil para "Fod�o" na data de 27 de julho de 2010.
O arquivo foi criado em 2 de janeiro de 2007 e modificado pela �ltima vez em 8 de novembro de 2010, segundo o perito. Outra planilha afirma que o pagamento dos R$ 200 mil foi efetivado em 3 de agosto de 2010 em Porto Alegre.
Ainda segundo o relat�rio, uma terceira planilha, "Tradu��o-07-17-08-17-54", trazia em uma aba denominada "BJ" –poss�vel refer�ncia ao executivo Benedicto J�nior– a vincula��o do apelido "Fod�o" ao nome de Padilha.
De acordo com o perito, os metadados dessa planilha mostram que ela foi criada em junho de 2006 e modificada pela �ltima vez em julho de 2008, quase seis anos antes do in�cio da Lava Jato.
Segundo outro relat�rio, de 27 de julho, o arquivo "programa��es semanais-2010" tamb�m mostra sete ordens de pagamento para "Babel" em 2010, para serem realizados em Salvador. A primeira delas, de R$ 155 mil, por exemplo, indica "Obra: Tabuleiros Litor�neos".
Na outra planilha, "Tradu��o-07-17-08-17-54", o codinome "Babel" est� associado a "Gedel V. Lima", ainda de acordo com esse relat�rio.
Outros arquivos apontam ainda repasses atribu�dos a Padilha por meio dos codinomes "Primo"(R$ 4,6 milh�es em 2008 e 2014) e "Bicuira" (R$ 1,4 milh�o em 2010) –mas n�o h�, nos relat�rios, a informa��o de que exista no pr�prio Drousys a associa��o entre o ministro e tais apelidos.
Sobre Moreira Franco, um dos relat�rios aponta ter encontrado arquivos com ordens de pagamentos no valor de R$ 7 milh�es a "Angor�" –apelido dado ao ministro, segundo as dela��es.
Dois dos relat�rios afirmam ter encontrado arquivos de pagamentos programados a Henrique Alves, sob os codinomes "Fanho" (R$ 2 milh�es em 2014) e "Rio Grande" (R$ 112 mil mais US$ 67,2 mil no ano de 2010).
Outros tr�s documentos indicam repasses atribu�dos a Cunha, identificado, segundo delatores, pelos apelidos "Calota" (R$ 300 mil em 2014), "Acad�mico" (R$ 3,05 milh�es de 2010 a 2014) e "Caranguejo" (ao menos R$ 28,6 milh�es entre 2008 e 2014).
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OUTRO LADO
Procurado pela Folha por meio da assessoria da Casa Civil da Presid�ncia da Rep�blica na quinta (19) e na sexta-feira (20), o ministro Eliseu Padilha n�o se manifestou sobre os arquivos encontrados no sistema da Odebrecht. Segundo a assessoria, ele n�o iria comentar o assunto.
A defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima foi acionada por meio de mensagens e liga��o telef�nica. O advogado Gamil F�ppel respondeu na noite de sexta que estava ocupado e n�o poderia falar.
A reportagem solicitou um contato, que n�o ocorreu at� a conclus�o desta edi��o.
O ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Moreira Franco, disse em nota que seu advogado n�o teve acesso aos fatos."Toda afirmativa proveniente de delatores assumidamente criminosos n�o merece credibilidade", afirmou.
O advogado do ex-deputado Henrique Alves, Marcelo Leal, afirmou em nota que "n�o � verdade que Henrique tenha recebido vantagem indevida paga pela Odebrecht".
A reportagem n�o localizou a defesa do ex-deputado Eduardo Cunha.
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