E-mail indica contrato 'inflado' da Oi com empresas de Jonas Suassuna
Keiny Andrade - 10.nov.2015/Folhapress | ||
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O empres�rio Jonas Suassuna, que � s�cio de um dos filhos do ex-presidente Lula |
Planilha anexada num e-mail enviado pela Oi ao grupo empresarial de Jonas Suassuna indica que um dos contratos firmados entre as empresas gerou preju�zo milion�rio � telef�nica.
De acordo com os dados, a empresa de telefonia arrecadou apenas R$ 21,1 mil com um conte�do produzido pela Goal Discos num per�odo em que teve de pagar R$ 16,8 milh�es � firma de Suassuna.
O contrato usado como base para esses pagamentos � um dos firmados "sem l�gica comercial" pelas duas empresas, de acordo com Marco Aur�lio Vitale, ex-diretor do grupo, para beneficiar a fam�lia do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
O contrato foi assinado em janeiro de 2009, dois meses ap�s Lula assinar decreto que viabilizou a compra da Brasil Telecom pela Oi.
Segundo as normas estipuladas pelo contrato, o Goal Discos, empresa do Grupo Gol –que atua nas �reas editorial e de tecnologia e n�o tem rela��o com a empresa do setor a�reo–, forneceria o conte�do da "B�blia na voz de Cid Moreira" para um portal de voz da Oi.
Pelo acordo, as empresas dividiriam a receita com o servi�o –a Oi, no entanto, garantiria um m�nimo mensal de R$ 600 mil.
Em nenhum m�s de vig�ncia do contrato, entretanto, o repasse superou o m�nimo estabelecido.
No total, foram R$ 27,2 milh�es, equivalente a todo o repasse feito pela Oi � Goal Discos entre 2004 e 2016, segundo relat�rio da PF com dados da Receita Federal.
PORTAL DE VOZ
Em maio de 2013, um gerente da �rea de SVAs (servi�o de valor adicionado, como � chamado esse tipo de produto) da Oi enviou a Vitale um relat�rio do tr�fego do portal de voz da B�blia.
A planilha indica que a demanda do portal de voz foi de 183.347 minutos entre janeiro de 2011 e abril de 2013.
Na mensagem, o gerente diz que o repasse pelo servi�o � de R$ 0,115 por minuto. Considerando que a divis�o da arrecada��o era igualit�ria, pode-se inferir que a arrecada��o para a Oi tamb�m foi de R$ 21,1 mil no per�odo.
Para que o m�nimo de R$ 600 mil mensais no per�odo fosse atingido com esse volume de liga��es e n�o houvesse preju�zo, o pre�o deveria ser de R$ 45,81 por minuto –valor considerado irreal nesse mercado.
A planilha n�o mostra o acesso entre mar�o de 2009 e dezembro de 2010. Sabe-se, por�m, que o repasse � Gol foi o m�nimo estabelecido em contrato, o que daria uma arrecada��o m�xima � Oi de R$ 600 mil por m�s. Ainda que tivesse alcan�ado esse resultado em todo o per�odo, o resultado negativo seria de R$ 4,8 milh�es.
Esse contrato foi o respons�vel por 40% dos R$ 66 milh�es repassados pela Oi a empresas do Grupo Gol, de Suassuna. Vitale afirma que havia outros dois ou tr�s contratos "guarda-chuva" para garantir os repasses.
De acordo com Vitale, a Oi enviou o relat�rio ap�s Suassuna come�ar a ser alvo de reportagens na imprensa.
"Quando a imprensa come�a a questionar o Jonas, ele teve a preocupa��o de verificar a execu��o desses contratos. O executivo [da Oi] mal sabia do que se tratava", afirma ele.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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REDE DE RELA��ES Filho de Lula � s�cio de empresas do Grupo Gol |
OUTRO LADO
O empres�rio Jonas Suassuna, dono do Grupo Gol, negou em entrevista � Folha ter sido beneficiado pela Oi em raz�o de suas rela��es comerciais com F�bio Lu�s Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.
Ele disse que tem um "carimb�o" da Pol�cia Federal, do Minist�rio P�blico Federal e da Receita Federal que atestam sua respeitabilidade.
"Tudo isso j� passou pelo escrut�nio da Receita Federal. J� prestei todas as contas e n�o fui multado. Levei muito tempo para chegar aonde cheguei. Tenho curr�culo, respeitabilidade e um carimb�o da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico. Em nenhuma dela��o eu apareci", disse o dono do Grupo Gol, que n�o tem rela��o com a companhia a�rea.
O ex-diretor do grupo Marco Aur�lio Vitale afirmou que as empresas de Suassuna foram usadas como "fachada" para receber recursos da Oi direcionados a Lulinha -como F�bio � chamado.
Suassuna negou que tratasse de seus neg�cios diretamente com a presid�ncia da Oi. Apresentou sua agenda telef�nica em que constam nomes e n�meros de executivos da companhia, al�m de e-mails de gerentes e diretores.
"Tratava diretamente com os executivos de venda." Reconheceu, por�m, que teve contato com os presidentes da Oi em raz�o da sociedade comum na Gamecorp.
"A� [quando se tornou s�cio da Gamecorp] eu comecei a entender os caras da Oi. N�o precisava do F�bio ou do Lula para falar com a Oi. Eu sou s�cio dela num canal de televis�o", disse.
O empres�rio negou tamb�m ter usado o nome do ex-presidente para fechar neg�cios."N�o preciso do presidente Lula. Eu n�o quero. Ganhei nesses anos todos mais dinheiro com a Funda��o Roberto Marinho do que com a Oi."
Disse ainda que comprou um dos terrenos do s�tio em Atibaia, atribu�do ao ex-presidente Lula, a pedido de Jac� Bittar, pai de Fernando e Kalil Bittar e amigo do petista.
"Ele [Jac�] me disse: 'Comprei um s�tio, mas o cara s� vende dois. O presidente Lula vai sair da Presid�ncia e quero que ele fiquei comigo, porque ele � meu amigo. Quero fazer isso para ele'. Eu tinha R$ 1 milh�o. Tinha muito mais. Fui l� e comprei. Com meu dinheiro eu compro o que eu quiser", disse ele.
Em nota, assessoria de Suassuna afirmou que a as acusa��es de Vitale s�o "fruto de tentativa frustrada de chantagem".
"A Gol n�o pactua com qualquer irregularidade, muito menos com tentativa absurda de extors�o, o que significaria uma tentativa de obstru��o de Justi�a", diz a nota.
A Oi afirmou, em nota, que as empresas do Grupo Gol "s�o reconhecidas no mercado e fornecedoras de grandes companhias que operam no pa�s".
A defesa de Lula afirmou que os fatos relacionados � Oi e �s empresas de Lulinha "j� foram objeto de inqu�ritos e todos eles foram arquivados porque n�o foi identificada a pr�tica de qualquer ato il�cito, seja do ex-presidente, seja por seu filho".
Em rela��o ao s�tio, a defesa do petista alega que ele "foi adquirido pelas pessoas que constam na matr�cula do im�vel como propriet�rias, que aplicaram recursos pr�prios e com origem demonstrada".
Lulinha, Kalil e Fernando Bittar n�o se pronunciaram at� a conclus�o desta edi��o.
B�BLIA
Suassuna afirmou que a Oi demonstra interesse no conte�do da "B�blia na Voz de Cid Moreira" desde 2003, quando apresentou uma proposta de compra do conte�do.
Conta ainda que o fato dos CDs da B�blia terem vendido mais de 65 milh�es de c�pias entre o fim da d�cada de 1990 e in�cio de 2000 comprova que o valor pago pela Oi em 2009 n�o foi superfaturado."A Oi n�o fez um mau neg�cio. Ela teve por quatro anos exclusividade de um produto que � um espet�culo."
Questionado sobre o baixo acesso ao portal de voz em mais da metade do contrato, ele disse que a B�blia pode ter sido oferecida em pacotes da operadora para atrair mais clientes -o que n�o seria computado no acesso.
Inicialmente, ele negou que o contrato previsse divis�o de receita. Depois, por�m, admitiu que n�o acompanhava o volume de acesso mensal ao portal.
"A Oi me pagou bonitinho. Fiz o que me competia: divulguei o produto, paguei a Cid Moreira, cumpri toda a minha hist�ria. Tudo como manda a santa amada igreja."
Livraria da Folha
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