Temer decide indicar Raquel Dodge para chefiar a PGR
Zanone Fraissat - 29.mai.2017/Folhapress | ||
A subprocuradora Raquel Dodge, escolhida por Michel Temer |
Denunciado sob corrup��o passiva pela Procuradoria-Geral da Rep�blica, o presidente Michel Temer anunciou a indica��o da subprocuradora Raquel Dodge para substituir o procurador-geral Rodrigo Janot, cujo mandato termina em setembro.
Dodge � considerada um nome de oposi��o � atua��o do atual procurador-geral, que apresentou den�ncia na segunda-feira (26) contra o presidente, que chamou a pe�a de "fic��o".
O an�ncio foi feito nesta quarta (28), mesmo dia em que o peemedebista recebeu a lista tr�plice para o cargo promovida pela ANPR (Associa��o Nacional dos Procuradores da Rep�blica).
Por ser uma esp�cie de ant�tese de Janot, o Planalto acredita que o nome de Dodge n�o ter� dificuldades de ser aprovado no Senado. O presidente chegou a pensar em nomear Bonsaglia, mas ficou com receio de que suas posi��es moderadas contra o atual procurador-geral pudessem dificultar sua aprova��o.
A indica��o de Dodge ser� publicada na edi��o desta quinta-feira (29) do "Di�rio Oficial da Uni�o". Com a iniciativa, o presidente do Senado, Eun�cio Oliveira (PMDB-CE), poder� marcar a sabatina. Se for aprovada pelos senadores, ser� a primeira mulher a comandar a PGR.
Um dos principais assessores de Temer, Moreira Franco (Secretaria-Geral) disse que a decis�o do presidente "surpreendeu", mas teve o objetivo de "criar condi��es para que a nova procuradora-geral fa�a uma transi��o serena". "N�o tem tanta maquina��o na atividade pol�tica. A ideia [de acelerar a nomea��o] surgiu ao longo do dia", disse o ministro � Folha.
Ap�s a oficializa��o, Dodge se reuniu por cerca de uma hora com Eun�cio no Senado para discutir o processo de vota��o de seu nome. O encontro n�o estava na agenda de Eun�cio e foi feito com discri��o.
O Pal�cio do Planalto quer realizar a sabatina pelos senadores o mais r�pido poss�vel, para evitar que um eventual agravamento da crise pol�tica possa inviabilizar a sua nomea��o.
A ideia � que a indica��o seja lida nesta quinta-feira (29) no plen�rio do Senado e enviada para a CCJ (Comiss�o de Constitui��o e Justi�a), principal passo para a vota��o.
Dodge foi a segunda colocada na elei��o da categoria de procuradores da Rep�blica. Em primeiro, ficou Nicolao Dino, aliado de Janot e que defendeu no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a cassa��o da chapa Dilma Roussef-Michel Temer. O terceiro foi Mario Bonsaglia.
Ao escolher Dodge, Temer quebra uma tradi��o iniciada em 2003, no governo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, de respeitar a ordem da lista tr�plice e escolher o primeiro colocado.
Antes do an�ncio oficial, Temer se reuniu com a subprocuradora, no gabinete presidencial, para inform�-la da escolha. O ministro da Justi�a, Torquato Jardim, tamb�m participou do encontro.
No mesmo dia, pela manh�, Temer consultou Eun�cio sobre a nomea��o. � tarde, o presidente do Senado se reuniu com o presidente da CCJ, Edison Lob�o (PMDB-MA).
A rapidez na indica��o teve como objetivo evitar a press�o da categoria para que o presidente escolhesse o primeiro da lista.
Al�m disso, em uma disputa aberta com o atual procurador-geral, o peemedebista quis qualificar uma voz dissonante a Janot.
Ele pretendeu ainda evitar que o nome da subprocuradora ficasse exposto a ataques de aliados de Janot, o que poderia desgastar sua imagem para o cargo.
Nas �ltimas semanas, o nome de Dodge foi vinculado nos bastidores a caciques do PMDB, entre eles Renan Calheiros (AL) e Jos� Sarney (AP). Ela sempre negou liga��es com os peemedebistas.
A base aliada do governo vinha pressionando o Pal�cio do Planalto para que n�o escolhesse um nome ligado a Rodrigo Janot.
Al�m de uma rejei��o geral a membros do Minist�rio P�blico, pesou o fato de muitos parlamentares serem alvo da Procuradoria no �mbito da Lava Jato.
Apoiadores de Dodge, alguns inclusive investigados por corrup��o, disseram ter passado o dia fazendo lobby para que ela fosse escolhida por Temer.
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