Em nome de mineral 'xod�', Bolsonaro quer vetar novas �reas ind�genas
Ricardo Borges/Folhapress | ||
O deputado Jair Bolsonaro em clube de subtenentes e sargentos do ex�rcito, no Rio |
Pr�-candidato � Presid�ncia em 2018, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tem usado parte do tempo em suas palestras pelo pa�s para atacar demarca��es de terras ind�genas e defender a explora��o de recursos estrat�gicos nesses locais, como o ni�bio, produto retirado de minerais que abundam no territ�rio brasileiro.
Segundo pesquisa Datafolha publicada no domingo (30), Bolsonaro tem trajet�ria ascendente e chega a 15% em um dos cen�rios pesquisados.
O deputado costuma dizer que o pa�s deveria ter maior controle sobre suas reservas de ni�bio e afirma haver jazidas gigantes do produto ainda inexploradas justamente por estarem sob terras demarcadas em Roraima.
O ni�bio � considerado um recurso estrat�gico. Se misturado ao ferro, cria uma esp�cie de superliga, mais leve e resistente que o a�o comum.
� utilizado em gasodutos, turbinas, chassis de carros e at� em foguetes espaciais e reatores nucleares.
O Brasil tem a maior reserva conhecida e domina o mercado mundial. � o quarto produto mais exportado da balan�a comercial mineral brasileira. O pa�s tem 98% das reservas comercializ�veis do ni�bio. No mercado mundial, tem 90% das vendas. O Canad�, os 10% restantes.
Pa�ses sem o recurso em seu territ�rio fazem reservas estrat�gicas do produto. Na China, � crescente o uso na ind�stria de constru��o.
Em 2010, relat�rio do Departamento de Estado do EUA vazado pelo WikiLeaks colocava o ni�bio no rol dos produtos estrat�gicos para o pa�s, o que estimulou teorias da conspira��o de que o mineral brasileiro estivesse sob risco iminente.
Produ��o nacional da liga ferro-ni�bio, em toneladas -
MITOS
Bolsonaro, que tem forte discurso nacionalista, tem prestado muita aten��o nesta pauta, embora exagere quanto a alguns fatos.
"O ni�bio vale mais do que o ouro", disse, por exemplo, em uma palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, no in�cio de abril.
Na verdade, uma tonelada de ni�bio, j� transformado em liga, custa atualmente cerca de US$ 15 mil. O quilo do ouro, na cota��o de sexta-feira (21), custava US$ 41,3 mil –a tonelada, portanto, valeria US$ 41,3 milh�es.
Bolsonaro diz que a maior reserva de ni�bio est� sob terras ind�genas. Ele leva �s suas palestras um mapa feito pelos militares brasileiros nos anos 1970 que lista os principais recursos naturais sob o solo brasileiro. "Dentro de Roraima voc�s acham tudo o que existe na tabela peri�dica. De A a Z. Ni�bio, ouro, bauxita, diamante, tudo."
Ele se refere � reserva ind�gena Raposa Serra do Sol, alvo de disputas em raz�o de sua riqueza e pela impossibilidade de explora��o por causa das demarca��es.
A maior jazida inexplorada de ni�bio do pa�s, contudo, fica em outra reserva ind�gena e ambiental chamada de Morro dos Seis Lagos, no munic�pio de S�o Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.
Segundo o CPRM, o Servi�o Geol�gico Brasileiro, Seis Lagos pode ter uma reserva de minerais com presen�a de ni�bio de at� 2,8 bilh�es de toneladas, mas quest�es log�sticas e de explora��o no meio da selva amaz�nica inviabilizam comercialmente o ativo. Bolsonaro disse desconhecer a informa��o.
Bolsonaro ataca ind�genas, mas afirma desconhecer, por exemplo, o modelo da mina de estanho Pitinga, em Presidente Figueiredo (AM). �ndios da reserva Waimiri-Atroari controlam a passagem dos caminh�es da mineradora.
Segundo Marcos Tune, do Instituto Brasileiro de Minera��o, a Constitui��o de 1988, que definiu o modelo de demarca��o de terras, carece at� hoje de regulamenta��o sobre a explora��o de recursos em �reas demarcadas.
Questionado se a regulamenta��o n�o seria op��o ao fim das terras, Bolsonaro disse desconhecer o exemplo. "E fora que PT, PC do B, PSOL e at� a Rede n�o iriam deixar", afirma.
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