Odebrecht revela 'valor do passe' de Rodrigo Maia, o 'Botafogo'
Alan Marques-03.fev.2017/Folhapress | ||
O presidente da C�mara dos Deputados, Rodrigo Maia |
Em depoimento, o ex-executivo da Odebrecht Luiz Eduardo da Rocha Soares disse que, em 2014, o pagamento il�cito feito ao presidente da C�mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), era indicado como o "valor de passe" de "volante" do "Fluminense" em planilha da empresa.
Segundo duas planilhas apresentadas pelo delator, que constam em pedido de abertura de inqu�rito encaminhado pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, ao STF (Supremo Tribunal Federal), as analogias futebol�sticas eram padronizadas: a posi��o "volante" identificava o cargo de deputado federal, e o clube, "Fluminense", o Democratas, partido de Maia.
J� o "valor do passe", especificado apenas como "cem", � o dinheiro que a empresa repassou ao parlamentar para a campanha, segundo o executivo.
Rodrigo Maia j� havia sido associado a outro time de futebol carioca, o "Botafogo". No depoimento de Soares e tamb�m dos delatores Benedicto Jr, Jo�o Borba Filho, Cl�udio Melo Filho, Carlos Jos� Fadigas de Souza Filho, os executivos afirmam que o pai do presidente da C�mara, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM-RJ), atendia por "Inca" e "D�spota".
Eles detalharam pagamentos ao deputado federal e seu pai em 2008, 2010, 2013 e 2014. Em 2008, Benedicto Jr., o BJ, Rodrigo Maia solicitou e recebeu R$ 350 mil como ajuda para campanha eleitoral em 2008. Por�m, naquele ano, nem o parlamentar nem Cesar Maia foram candidatos a cargos eletivos.
J� em 2010, os delatores apresentaram, segundo o procurador, evid�ncias do pagamento de R$ 400 mil para a campanha de Cesar Maia ao Senado Federal, entre o dia 12 de agosto e 30 de setembro. Cl�udio Melo Filho, por sua vez, relatou o pagamento de R$ 100 mil a Rodrigo Maia em 2013.
Segundo o pedido de Janot, Rodrigo Maia "em sua atua��o parlamentar, apresentou contrapartida aos pagamentos il�citos feitos pela Odebrecht". Ele afirma pagamentos feitos aos pol�ticos "tinham sim o car�ter de propina" e n�o eram "mera contribui��o irregular de campanha".
Como o ministro Edson Fachin aceitou o pedido de abertura de inqu�rito da PGR (Procuradoria-Geral da Rep�blica), o presidente da C�mara e seu pai ser�o investigados por corrup��o ativa, passiva, e lavagem de dinheiro.
OUTRO LADO
O presidente da C�mara afirmou que "o processo vai comprovar que s�o falsas as cita��es dos delatores, e os inqu�ritos ser�o arquivados". J� seu pai declarou nunca ter recebido "um tost�o da Odebrecht. Ela doava ao partido e o partido entregava aos candidatos".
INVESTIGA��O
O ministro Edson Fachin determinou a abertura de inqu�rito contra oito ministros do governo Michel Temer (PMDB), 24 senadores e 39 deputados federais. Ser�o abertas 76 investiga��es pedidas pela Procuradoria-Geral da Rep�blica ap�s as dela��es da Odebrecht.
Entre os citados est�o os presidentes da C�mara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eun�cio Oliveira (PMDB). Dois dos principais aliados de Temer, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secreraria-Geral), tamb�m est�o na lista, que abrange ainda os senadores Romero Juc� e Renan Calheiros, do PMDB, e A�cio Neves (PSDB).
No total a rela��o tem 98 nomes e inclui tr�s governadores e um ministro do Tribunal de Contas da Uni�o. Algumas suspeitas da Procuradoria s�o corrup��o, falsidade ideol�gica, lavagem de dinheiro, fraude e cartel. Fachin remeteu 201 outros casos a tribunais de inst�ncias inferiores envolvendo citados sem foro no Supremo –entre os mencionados est�o os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.
Os inqu�ritos iniciam longo tr�mite. Investigar�o o teor das dela��es, que precisar�o de provas adicionais para tornar-se efetivas. Ainda h� as fases de den�ncia e do processo, com ampla defesa, antes do julgamento.
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