Ao TSE, delator cita Lob�o e PMDB em esquema de propina de Belo Monte
Pedro Ladeira - 21.fev.2017/Folhapress | ||
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Alexandre de Moraes, indicado para o STF, � recebido em sabatina pelo senador Edison Lob�o |
Ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto J�nior, conhecido como BJ, disse � Justi�a Eleitoral que o PMDB recebeu recursos pelas obras da usina de Belo Monte, no Par�.
O ex-executivo afirmou que se recorda de ter sido o senador Edison Lob�o (PMDB-MA) a pessoa para quem os valores vinculados � obra deveriam ser destinados. Ele cita tamb�m um "deputado ou ex-deputado" do Par�.
BJ prestou depoimento no dia 2 de mar�o, ao ministro Herman Benjamin (TSE), relator do processo de cassa��o da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, em 2014. A Folha teve acesso � integra do depoimento.
O executivo relatou que o partido de Temer foi o �nico a receber do esquema de Belo Monte por causa de um veto ao PT feito, segundo ele, por Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo.
"Quando recebi o projeto, foi-me informado que havia alguns compromissos assumidos l� na partida. E esses compromissos estavam destinados a dois partidos, sendo que um dos partidos... havia uma orienta��o de Marcelo de que n�o dever�amos fazer as contribui��es - era o PT. E o PMDB tinha as pessoas que tratavam l� com os executivos anteriores a mim. O que conhe�o do assunto � isso. N�o houve nada ao PT especificamente feito por Belo Monte por orienta��o do pr�prio Marcelo", declarou.
O relator ent�o perguntou: "Mas em rela��o ao PMDB houve"?. "Houve e est� no relato das pessoas", respondeu BJ.
Questionado sobre os nomes envolvidos no recebimento do dinheiro, ele respondeu: "Se n�o me engano, foi combinado atrav�s do doutor Edison Lob�o e teve um outro, um deputado ou um ex-deputado que posteriormente ao doutor Edison Lob�o foi quem recebeu em nome do PMDB - um deputado do Par�. Essas foram as duas pessoas cujos nomes eu ouvir, doutor".
Lob�o hoje � presidente da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) do Senado, que articula acelerar a vota��o de um projeto de abuso de autoridade.
"Eu afirmei - tenho quase certeza - que n�o foi pago nada pro PT por Belo Monte. O PMDB era uma conta espec�fica da obra, uma despesa que foi combinada e debitada a obra", disse Benedicto J�nior.
A Pol�cia Federal, em setembro do ano passado, j� apontava ind�cios de que o PMDB e quatro senadores do partido receberam propina das empresas que constru�ram a usina de Belo Monte, no Par�, por meio de doa��es legais, segundo relat�rio que integra inqu�rito no Supremo Tribunal Federal.
O relat�rio da PF junta essa vers�o com informa��es de outro delator, o ex-senador Delc�dio do Amaral, de que senadores peemedebistas comandavam esquemas de desvios de empresas do setor el�trico: Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, Jader Barbalho (PA), Romero Juc� (RR) e Valdir Raupp (RO).
O ministro Herman Benjamin perguntou a Benedicto J�nior se algum pagamento de Belo Monte foi realizado naquele ano.
"Eu acho que houve pagamentos em 2014 para o PMDB, mas n�o tenho certeza porque n�o li o relato. Eu tenho quase certeza de que foi feito. Por isso acho que h� um ex-deputado que foi a pessoa que procurou o meu executivo, levado por um executivo da Andrade Gutierrez", disse.
Questionado se lembrava se a campanha era estadual ou presidencial, BJ disse que n�o lembrava.
"N�s nunca fizemos um pagamento em cima do percentual [do valor das obras]", disse o ex-executivo. Segundo depoimento do ex-executivo da Odebrecht, os valores seriam pagos pelo departamento de Opera��es Estruturadas, �rea de pagamentos de propina do grupo.
A constru��o de Belo Monte foi feita por um cons�rcio. Os participantes s�o: Andrade Gutierrez (18%), Odebrecht (16%), Camargo Corr�a (16%), Queiroz Galv�o (11,5%), OAS (11,5%), Contern (10%), Galv�o (10%), Serveng (3%), J. Malucelli (2%) e Cetenco (2%).
OUTRO LADO
O advogado de Lob�o, Antonio Carlos de Almeida Castro, refuta as acusa��es do delator.
"Tenho denunciado os vazamentos criminosos e dirigidos. Eles t�m que ser investigados, a defesa n�o conhece o teor das dela��es logo n�o pode saber o contexto do que foi dito. No caso concreto dar valor a 'ouvir dizer' e a 'salvo engano' � desmoralizar o instituto da dela��o. Por sinal o MP tem se esmerado em desacreditar as dela��es", disse.
"A fragilidade das dela��es � de tal monta que o recall virou a regra. Ou seja o delator pode mentir, omitir, proteger e se for pego ter� a chance, ate, de mentir de novo", afirmou.
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