Fam�lia imperial quer usar clima de divis�o para restaurar monarquia
17.abr.16/Reprodu��o/Facebook | ||
Dom Bertrand de Orl�ans e Bragan�a na avenida Paulista no dia da vota��o do impeachment |
Vai achando que � s� plebeu que protesta em Copacabana e na Paulista.
Entre a fauna que ganha visibilidade nas manifesta��es contra Dilma Rousseff, talvez j� tenham chamado a aten��o do leitor espor�dicas bandeiras do Brasil imperial –na qual o globo azul � substitu�do por bras�o e coroa.
Portando os estandartes est�o os monarquistas brasileiros, que querem aproveitar o clima de uma p�tria desunida para propor uma solu��o que olha para tr�s: por que n�o aproveitar para restabelecer o regime deposto por republicanos h� 127 anos?
O monarquismo brasileiro tem � frente os descendentes de dom Pedro 2�, imperador morto no ex�lio.
Sua voz mais ativa hoje � dom Bertrand de Orl�ans e Bragan�a, 75, trineto de dom Pedro e segundo na hipot�tica linha sucess�ria do trono nacional.
Chamado de alteza por assessores, Bertrand toca o movimento devido � sa�de debilitada do irm�o mais velho, Luiz, 77.
O pr�ncipe nasceu na Fran�a –da qual guarda discreto sotaque– e j� estreou nos atos de rua, sendo parado para selfies por s�ditos em potencial.
Embora propague o car�ter suprapartid�rio que deve ter o monarca de um renascido imp�rio, Bertrand concentra suas cr�ticas no PT, que v� como art�fice de um plano para impor o socialismo ao pa�s.
"Nossa bandeira � verde e amarela e jamais ser� vermelha", repete incessantemente o pr�ncipe em discursos e pronunciamentos pela internet.
Do alto de um carro de som, repudiou "os que t�m como inten��o implantar na nossa p�tria o que fracassou do outro lado da cortina de ferro".
Em conversa com a Folha em janeiro, o poss�vel chefe do Poder Moderador disse apoiar os atos de rua, mas distingue "movimentos agitadores pagos, como MST" do "Brasil aut�ntico, que trabalha e d� certo".
SOLU��O REAL
� na insatisfa��o atual que o pr�ncipe v� margem para atrair adeptos � ideia de recolocar os Orl�ans e Bragan�a na chefia do Estado.
Ele diz que h� cada vez mais interessados na causa, promovida on-line e nos protestos, com panfletos que destacam as virtudes da restaura��o.
Ele compara a tens�o de elei��es presidenciais a uma briga em fam�lia, na qual os filhos –no paralelo, os cidad�os– "perdem aquele respeito que t�m em rela��o aos pais" (os pol�ticos).
"Ao passo que a monarquia garante unidade, estabilidade e continuidade", explica. "O Brasil est� com saudade de um regime que fa�a � na��o o que uma na��o deve ser: uma grande fam�lia com destino comum a realizar."
"Quando brasileiros bradam 'Quero meu Brasil de volta', bradam 'Eu quero o Brasil do Cristo Redentor e de Nossa Senhora Aparecida'", resume.
A ret�rica religiosa –presente, diga-se, desde os imperadores e a princesa Isabel– perpassa o discurso da fam�lia, que ainda hoje prepara seus descendentes para reocupar o trono.
16.ago.15/Reprodu��o/Facebook | ||
Dom Jo�o de Orl�ans e Braganca nos protestos contra o governo do dia 16 de agosto |
QUE REI SOU EU?
Na pr�tica, Bertrand prop�e um regime "na linha do Segundo Reinado, mas atualizado de acordo com as circunst�ncias".
A tese de que deve ser um descendente dos imperadores do s�culo 19 a portar a coroa rediviva n�o � consenso nem entre eles.
Dom Jo�o Henrique de Orl�ans e Bragan�a, 61, de outro ramo da fam�lia, diz que ningu�m pode impor isso ao pa�s.
Ele, que tem uma pousada em Paraty e � habitu� dos protestos da orla carioca, diz ser, mais do que monarquista, parlamentarista. Mas argumenta que o sistema funcionaria melhor com um rei, mais neutro como chefe de Estado do que um presidente.
Apesar de n�o fazer quest�o que um dos seus reine, Jo�o ressalta: "As fam�lias reais s�o educadas desde pequenas com princ�pios que dizem respeito ao Brasil, �s institui��es, � democracia, e isso tem um peso p�blico enorme. Ningu�m de n�s teve fun��es pol�tico-partid�rias".
Agora, d� mesmo para sonhar com um retorno do rei –j� rejeitado em plebiscito em 1993, quando a monarquia s� teve 10% dos votos?
Mais uma vez, Bertrand busca inspira��o no passado. Conta que no fim da Uni�o Sovi�tica eram comuns cartazes dos czares e a bandeira imperial entre a multid�o.
O regime n�o foi substitu�do pela volta dos Romanov, mas o pr�ncipe ainda gosta do paralelo. "Os brasileiros come�am a se perguntar: 'Valeu a pena a Rep�blica?".
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