Citado na lista de Janot, Cunha diz que governo 'quer s�cio na lama'
O presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse neste s�bado (7) � Folha que o governo federal quer "s�cio na lama", ao comentar o seu nome e de oposicionistas na lista de investigados da Procuradoria-Geral da Rep�blica no caso Lava Jato.
"O governo quer s�cio na lama. Eu s� entrei para poderem colocar Anastasia", ataca o deputado.
Na lista divulgada nesta sexta-feira, o nome do senador e ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia foi inclu�do. Ele � bra�o direito de A�cio Neves, l�der da oposi��o e advers�rio de Dilma em 2014. Cunha aparece citado em mesmo depoimento de Anastasia.
Para o deputado, a pe�a da procuradoria � uma "piada" e foi uma "alopragem" de integrantes do governo, que, segundo acusa, teriam interferido junto a Rodrigo Janot para inclui-lo e a oposi��o na lista.
"Sabemos exatamente o jogo pol�tico que aconteceu. O PGR agiu como aparelho visando a imputa��o pol�tica de ind�cios como se todos fossem participes da mesma lama. � lament�vel ver o PGR, talvez para merecer sua recondu��o, se prestar a esse papel", postou no Twitter.
O maior n�mero de envolvidos � do PP, seguidos pelo PT e pelo PMDB, todos da base aliada de apoio � Dilma Rousseff.
Cunha voltou a negar envolvimento com Fernando Soares, o Fernando Baiano e reafirma que o ex-diretor Nestor Cerver� foi indicado pelo senador Delc�dio Amaral (PT-MS), que teve pedido de inqu�rito arquivado. "Fernando Soares nunca representou a mim nem ao PMDB", disse Cunha no Twitter.
Procurada pela Folha, a PGR informou por meio da assessoria de imprensa que seguiu apenas crit�rios t�cnicos e jur�dicos nos pedidos de abertura de inqu�ritos.
Alan Marques - 4.mar.15/Folhapress | ||
O presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), citado na lista de investigados no caso Lava Jato |
NOTA OFICIAL
Cunha tamb�m divulgou uma nota oficial sobre a men��o de seu nome na lista de Janot, com o t�tulo "Quem n�o deve, n�o teme". Leia abaixo a �ntegra do texto.
Quem n�o deve, n�o teme
'Tendo acesso � peti��o, comento alguns fatos para contestar v�rios absurdos divulgados. Primeiramente, �bvio que desminto todas as afirma��es do procurador Geral da Rep�blica contidas na peti��o', rebate Eduardo Cunha. Leiam a reposta completa...
Tendo acesso � peti��o, comento alguns fatos para contestar v�rios absurdos divulgados. Primeiramente, �bvio que desminto todas as afirma��es do procurador Geral da Rep�blica contidas na peti��o. O PMDB na C�mara nunca teve nada a ver com a indica��o de Paulo Roberto Costa. Afirmam que Nestor Cerver� foi indicado pelo PMDB, quando todos sabem que ele era indicado de um senador, objeto de arquivamento.
Fernando Soares nunca representou o PMDB e nem a mim. O procurador menciona que ele representava a C�mara e o Senado. O procurador n�o mencionou nomes de senadores. O procurador fala em representa��es na C�mara dos Deputados que teria sido feita por mim, mas jamais cita a representa��o, que, absolutamente, n�o existe. Bastava uma simples pesquisa no portal da C�mara para ver todas as propostas que apresentei, e isso posso provar. S� que ele, o procurador, n�o tem como provar. Simplesmente n�o fiz qualquer representa��o e se, por ventura, outros parlamentares fizeram, por que, ent�o, o procurador n�o pediu inqu�rito dos outros parlamentares?
Quem fala � um delator desqualificado, cujo advogado deu declara��o p�blica que eu n�o tinha sido citado.
O delator atribui saber, sem provar, que um terceiro teria pagado a Fernando Soares, e que este pagamento seria dirigido a mim.
Os absurdos s�o v�rios. Primeiramente, o de atribuir pacto de terceiro sem provar. Atribuir o recebimento sem provar, e ainda supor que eu era benefici�rio. Depois, vem um estranho novo depoimento do delator em 11 de fevereiro, dez dias depois de eu ser eleito presidente da C�mara, falando que o meu nome surgiu, SALVO ENGANO, Paulo Roberto teria citado meu nome. A�, mistura com Fernando Soares e Andrade Gutierrez e volta � situa��o anterior, em que eu era benefici�rio sem detalhar que benef�cio era e de quem. Em seguida, vem para as raias do absurdo para dizer, como justificativa, que recebi doa��es oficiais de campanha de empresas envolvidas em corrup��o.
E n�o cessa o absurdo, ao misturar a doa��o � minha campanha com v�rias doa��es de empresas ao comit� financeiro do PMDB como se fossem minhas. Neste ponto, h� dois grandes absurdos: o primeiro � criminalizar a doa��o de campanha por ser de empresa envolvida no suposto esquema de corrup��o. Imaginem s� todas as campanhas majorit�rias, incluindo a da Dilma, a do A�cio e todas as outras? Tamb�m receberam doa��es destas empresas. Por que, ent�o, n�o abriram inqu�rito contra todos que receberam doa��es dessas empresas?
O segundo grande absurdo � como a mim atribuir o benef�cio de doa��o � comit� financeiro do partido como se fosse minha? Ainda cita como ind�cio de doa��o do comit� financeiro do PP para a minha campanha de 2010, como se isso fosse prova de benef�cio indevido. Vejam s�, para justificar, retorna a hist�ria do policial que teria entregue dinheiro a um endere�o atribu�do a mim e provado que n�o era o meu. A�, ele cita o desmentido do policial. Coloca a foto da casa, reconhece o propriet�rio correto, atribui a ele a rela��o com deputado Jorge Picciani. Atribui rela��o de Picciani comigo e justifica a elei��o do filho dele, o deputado federal Leonardo Picciani, para liderar o PMDB na C�mara em meu lugar como ind�cio, e fala que, apesar do desmentido do policial e do desmentido do pr�prio delator, que � preciso aprofundar a investiga��o. � uma piada essa pe�a do procurador, e causa estranheza que ele n�o tenha a mim pedido explica��es, como, ali�s, sempre foi praxe na Procuradoria Geral da Rep�blica (PGR).
Ap�s ler o inqu�rito, a mim n�o restou qualquer d�vida de que ter novo depoimento do delator dez dias ap�s eu me eleger, e usar como refer�ncia a hist�ria do policial - e pasmem - doa��es oficiais de campanha como ind�cios de que esse inqu�rito foi proposto por motiva��o pol�tica - � mais uma alopragem que responderei e desmontarei com relativa facilidade.
Talvez, manter em d�vida a hist�ria do policial servisse para justificar o inqu�rito sobre um senador do PSDB para a todos confundir.
O procurador geral da Rep�blica agiu como aparelho, visando � imputa��o pol�tica de ind�cios como se todos fossem part�cipes da mesma lama. � lament�vel ver o procurador, talvez para merecer a sua recondu��o, se prestar a esse papel. E criminalizar a minha doa��o oficial de campanha sem criminalizar a dos outros � um acinte � intelig�ncia de quem quer que seja. Sabemos exatamente o jogo pol�tico que aconteceu e n�o d� para ficar calado sem denunciar a politiza��o e aparelhamento da PGR.
Eles est�o a servi�o de quem? Pelo crit�rio do ind�cio, o procurador s� ser� reconduzido se for da vontade do executivo. Dessa forma, a mim e, creio tamb�m ao senador do PSDB, interessa saber com quem estamos misturados nessa corrup��o odienta. Fui � CPI da Petrobras, que, ali�s, ajudei a criar, para colocar-me � disposi��o para esclarecer o que for necess�rio. Vou pedir ao presidente da CPI para l� comparecer novamente, visando detalhar v�rgula a v�rgula dessa indecente peti��o do procurador geral da Rep�blica, que, certamente, vai envergonhar muitos dessa respeitosa institui��o.
Eduardo Cunha � presidente da C�mara dos Deputados.
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