Preso desde mar�o, doleiro Alberto Youssef quer colaborar com a Justi�a
Dezesseis quilos mais magro, resultado dos quase cinco meses preso, r�u em 12 processos, nos quais deve ser condenado a mais de cem anos de pris�o, e com um pedido de div�rcio da mulher, o doleiro Alberto Youssef enviou sinais ao Minist�rio P�blico e � Justi�a de que quer fazer um acordo de dela��o premiada para se livrar da cadeia o quanto antes.
A lei brasileira prev� redu��o de pena para colaboradores. Se o que revelar � Justi�a ajudar a esclarecer crimes mais graves, Youssef pode at� ficar livre da pris�o. Foi o que aconteceu em 2007, quando o doleiro foi detido pela primeira vez e escapou entregando uma parte da sua clientela.
A conclus�o do doleiro, e da maioria dos advogados que atua na Opera��o Lava Jato, � que n�o h� defesa t�cnica poss�vel contra as provas que a Pol�cia Federal e os procuradores juntaram contra ele, Paulo Roberto Costa (ex-diretor de abastecimento da Petrobras) e cerca de 15 empreiteiras.
Restam duas alternativas para a defesa, segundo cinco advogados que atuam no caso ouvidos pela Folha sob condi��o de anonimato: tentar tirar o juiz Sergio Moro do julgamento ou tirar os processos do Paran�, onde a Lava Jato foi deflagrada.
Moro � considerado um juiz dur�ssimo, mas com um preparo t�cnico praticamente imbat�vel em quest�es de crime financeiro e lavagem de dinheiro. As duas hip�teses s�o remotas, pois o STF j� decidiu que o caso deve ficar na Justi�a do Paran�.
O doleiro foi preso em 17 de mar�o pela PF na Opera��o Lava Jato, sob a acusa��o de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilh�es em quatro anos e tinha ramifica��es na Petrobras, no Minist�rio da Sa�de e em partidos como PT, PP e SDD.
Reprodu��o | ||
O doleiro Alberto Youssef, com equipamento que ele diz ter encontrado na cela, em abril deste ano |
� UM LUXO S�
Youssef levava uma vida de milion�rio antes de ser preso. Morava num apartamento comprado por R$ 3,5 milh�es na Vila Nova Concei��o –um dos bairros mais caros de S�o Paulo–, tinha tr�s hot�is, uma rede de ag�ncia de viagens e helic�ptero, e convivia com altos executivos de empreiteiras. Com um deles costumava beber o vinho Vega Sicilia, que, em algumas safras, custa R$ 2.000.
Uma cifra apurada pelos procuradores que atuam na Opera��o Lava Jato traduz, em parte, o porte que Alberto Youssef atingira. Ele remeteu US$ 444,7 milh�es (o equivalente a pouco mais de R$ 1 bilh�o) para fora do pa�s entre junho de 2011 e mar�o deste ano –uma m�dia de US$ 150 milh�es ao ano. � um volume equivalente a um banco de m�dio porte.
� um salto e tanto para algu�m que nasceu numa fam�lia de classe m�dia baixa em Londrina, no norte do Paran�, e vendia pastel no aeroporto da cidade quando era crian�a.
BAIXA CREDIBILIDADE
A maior dificuldade para que a colabora��o de Youssef seja aceita � que sua credibilidade tende a zero. As raz�es da baixa credibilidade � que ele n�o contou tudo o que sabia na dela��o premiada que fez em 2007 e n�o cumpriu a promessa de que n�o voltaria a atuar no mercado de d�lar. A avalia��o da PF e dos procuradores � que Youssef usou a primeira dela��o premiada como alavanca para elevar sua participa��o no mercado.
A estrat�gia que usou foi entregar os clientes menos importantes, como pol�ticos e servidores p�blicos do Paran�, e preservar os grandes, como o deputado Jos� Janene (PP-PR) –que at� morrer, em 2010, era o cicerone do doleiro em Bras�lia e em empresas como Petrobras.
O plano deu certo. Youssef deixou de ser um doleiro do Paran� e passou a ter atua��o em S�o Paulo, Rio e Bras�lia, segundo a PF. Continuou atuando com o PP, mas conquistou aliados no PT, como o deputado federal Andr� Vargas (sem partido-PR).
O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que a decis�o de colaborar � do seu cliente, mas ele n�o recomenda o expediente: "O Alberto � mero bode expiat�rio num esquema muito maior, sobre o qual n�o h� nenhum interesse em investigar. Voc� acha que ele teria feito tudo de que � acusado sem um parlamentar?". Ele diz que sai do caso se seu cliente virar colaborador.
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