Propina do cartel pode chegar a R$ 197 milh�es
A propina paga pelo cartel de empresas acusado de fraudar licita��es do Metr� e da CPTM pode chegar a R$ 197 milh�es, segundo depoimento sigiloso da testemunha-chave da investiga��o, o ex-diretor da multinacional Siemens Everton Rheinheimer.
A Folha obteve a �ntegra do depoimento que o executivo deu � Pol�cia Federal, em que ele aponta tr�s secret�rios do governo Geraldo Alckmin (PSDB) como destinat�rios de propina e detalha percentuais pagos pelo cartel.
Segundo ele, a Siemens e seus parceiros pagaram 9% para fornecer trens � linha 5 do Metr� em 2000, um contrato de R$ 1,57 bilh�o, em valores atualizados. Se o percentual estiver correto, a propina paga s� nesse caso teria alcan�ado R$ 141 milh�es.
O executivo disse � PF que informou esses percentuais na �poca ao ent�o deputado estadual Rodrigo Garcia (DEM), presidente da Comiss�o de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado, e concluiu que ele, "por l�gica, tamb�m recebia valores oriundos da propina paga". Garcia, hoje secret�rio do Desenvolvimento Econ�mico em S�o Paulo, nega ter mantido a conversa narrada por Rheinheimer.
Marcelo Justo - 10.ago.2008/Folhapress | ||
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Esta��o do Cap�o Redondo da linha 5-lil�s do metr� |
O executivo dep�s no ano passado ap�s um acordo com o Minist�rio P�blico Federal, em que se comprometeu a colaborar com as investiga��es e revelar o que sabe sobre a pr�tica de corrup��o por fornecedores do Metr� e da CPTM. Em troca, ele poder� sair do processo sem puni��o.
O caso foi encaminhado no ano passado ao STF por causa das acusa��es a Garcia e outros dois auxiliares de Alckmin, o chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, e o secret�rio de Energia, Jos� An�bal. Eles s�o deputados federais e por isso s� podem ser investigados com autoriza��o do STF.
Ao encaminhar o caso ao Supremo, o juiz federal Marcelo Cavali classificou como fr�geis os ind�cios de que eles receberam propina. No atual est�gio das investiga��es, a �nica coisa que existe contra os tr�s � o depoimento de Rheinheimer. O STF espera um parecer da Procuradoria-Geral da Rep�blica para decidir o que fazer com o caso.
'PONTO DE CONTATO'
Segundo o executivo da Siemens, o encontro com Garcia foi agendado pelo consultor Arthur Teixeira, suspeito de intermediar o pagamento de propina das empresas para pol�ticos do PSDB e funcion�rios do Metr� e da CPTM.
O delator disse � PF que procurou Teixeira porque um assessor da CPTM, Ricardo Ota, lhe avisou que o consultor repassava aos pol�ticos s� 5% do valor da propina e ficava com o resto do dinheiro.
O executivo disse � pol�cia que pediu a Teixeira para falar "com o pol�tico, o cara que resolvia, o ponto de contato, porque queria conhecer o cliente final". Teixeira ent�o marcou o encontro com Garcia, segundo o depoimento.
Rheinheimer afirmou � PF que contou a Garcia que o suborno seria de 5% sobre o valor de um contrato de manuten��o de trens da CPTM, de 8% no caso de um programa de manuten��o da CPTM e de 7% nos contratos para a extens�o da linha 2 do Metr�.
O ex-diretor da Siemens diz que, com a elei��o de Garcia para a presid�ncia da Assembleia, em 2005, o presidente da CPTM, M�rio Bandeira, avisou que "deveria passar a tratar com Jos� An�bal, deputado estadual que ficou respons�vel pelos contatos pol�ticos e com os pagamentos de propinas pela empresa".
An�bal, que nega ter praticado irregularidades, era vereador da cidade de S�o Paulo nessa �poca e diz que n�o conhecia Bandeira e Garcia. Rheinheimer disse � PF que An�bal nunca o atendeu, mas mandava que procurasse um auxiliar, Silvio Ranciaro, tucano que foi vice-prefeito de Mairipor�. An�bal diz que a alega��o � mentirosa.
OUTRO LADO
Todos os pol�ticos citados por Everton Rheinheimer em seu depoimento � Pol�cia Federal negam os casos relatados por ele e dizem que v�o process�-lo criminalmente.
O advogado Alexandre de Moraes, que defende o secret�rio de Desenvolvimento, Rodrigo Garcia (DEM), diz que seu cliente nunca conversou sobre propina com Everton Rheinheimer nem esteve com ele quando presidia a Comiss�o de Transportes da Assembleia Legislativa.
"Ele colocou o Rodrigo nessa dela��o para politizar o caso. Contra o esc�ndalo do mensal�o, eles [o PT] querem inventar um esc�ndalo do cartel em S�o Paulo que n�o existe", afirmou Moraes.
Garcia diz ter recebido o ex-diretor da Siemens em duas ocasi�es: quando era l�der do PFL na Assembleia (em 2001 ou 2003) e no diret�rio do DEM em 2010, logo ap�s ser eleito deputado federal. Moraes fez um pedido ao Supremo Tribunal Federal, para que Garcia seja exclu�do da investiga��o por causa da inexist�ncia de provas.
O secret�rio de Energia, Jos� An�bal, classificou o depoimento de "fantasia de bandido". Quando Garcia foi eleito presidente da Assembleia, em 2005, ele era o l�der na C�mara Municipal do ent�o prefeito Jos� Serra, e n�o deputado, como diz Rheinheimer.
"Nessa �poca, eu n�o conhecia o Garcia nem o M�rio Bandeira. S� os conheci em 2011", afirma. An�bal diz que a pe�a "� mais uma canalhice da quadrilha petista". O secret�rio afirma que quer "ver esse delator na cadeia".
O presidente da CPTM, M�rio Bandeira, afirma que � "mentirosa" a afirma��o de que indicou An�bal como negociador de suborno. Ele afirma que n�o teve nem tem contato com Rheinheimer.
Bandeira diz que vai apresentar uma representa��o por "falso testemunho" contra o ex-diretor da Siemens no Minist�rio P�blico Federal. A Folha n�o conseguiu localizar o advogado de Arthur Teixeira, Eduardo Carnel�s, nem Silvio Ranciaro.
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CASO ALSTOM: MATARAZZO
O vereador Andrea Matarazzo (PSDB) pediu que a Justi�a n�o abra um novo inqu�rito sobre a suposta atua��o dele em esquema de propina da empresa Alstom. O advogado Ant�nio Cl�udio Mariz aponta que o pr�prio Minist�rio P�blico, que pediu a apura��o, excluiu Matarazzo de den�ncia � Justi�a em raz�o de falta de provas.
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