Felício e Hermelina da Guarda são agricultores e vivem desde que nasceram na zona rural de São Desidério, interior da Bahia. O casal tem visto nas últimas décadas as paisagens de onde moram mudar com o avanço do desmatamento na região. No cerrado, o município foi o que mais desmatou em 2023: foram 417 km² de vegetação, segundo dados do Inpe (Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais).
A falta de vegetação nativa tem impactado o nível dos rios, cada vez mais baixos. A reportagem da Folha visitou o casal na temporada de chuvas, em março, quando o vizinho rio Guará deveria estar transbordando. O cenário, no entanto, era outro: Felício conta que, onde antes parecia um mar, agora é possível passar de carro ou a cavalo.
O aumento do desmatamento na região coincide com o crescimento do agronegócio. Em 2022, São Desidério ficou em quinto lugar do Brasil no PIB agrícola, com mais de R$ 7,6 bilhões em produção –56% desse valor veio da soja. No ano passado, enquanto a Amazônia registrou queda de 50% nos índices de desmatamento, o cerrado teve alta de 43%.
O episódio desta segunda-feira (3) do Café da Manhã fala dos efeitos do desmatamento na paisagem, na biodiversidade, no clima (cada vez mais quente e seco), e na vida das famílias da região. A repórter da Folha Jéssica Maes, autora da série Cerrado Loteado com o repórter fotográfico Lalo de Almeida, conta o que encontrou nos estados que visitou, como os atuais conflitos pela terra têm afetado a população e como os efeitos da destruição do cerrado atravessam fronteiras.
O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.
O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelas jornalistas Gabriela Mayer e Magê Flores, com produção de Carolina Moraes e Lucas Monteiro. A edição de som é de Thomé Granemann.
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