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O que a Folha pensa Governo Lula

Pantanal em chamas

Recorde de área queimada expõe falta de política para enfrentar mudança do clima

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Brigadistas tentam conter incêndio na região do pantanal, em Corumbá (MS) - Bruno Santos/Folhapress

A saída de Jair Bolsonaro (PL) trouxe sensatez ao Ministério do Meio Ambiente. Contudo, apesar da mudança e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se colocar no cenário global como liderança no setor, sua gestão ainda não apresentou resultados concretos e parece tratar dados científicos com desmazelo.

A atual onda de incêndios no Pantanal é um exemplo disso.

O bioma é a maior planície alagável do mundo. Entre outubro e março, anualmente, as chuvas enchem a bacia do Alto Paraguai, que transborda pela região. Mas o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais já registra déficits pluviométricos desde o verão de 2019 para 2020.

Tal seca foi intensificada com o fenômeno climático El Niño, que durou de junho do ano passado até este junho —em novembro de 2023, o local teve 4.134 focos de calor, o maior índice registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no período.

Assim, a temporada de incêndios, que costuma ter início em agosto, veio mais cedo. Com projeções baseadas em evidências, governos federal e estaduais da região deveriam ter se antecipado com planos para prevenção contra queimadas e infraestrutura para contê-las.

De janeiro à última sexta (14), surgiram 2.019 focos de incêndio, ante 133 no mesmo período de 2023. No dia 11, a área atingida chegou a 372 mil hectares, número 54% acima do verificado no pior ano de queimadas no bioma —2020, com 241,7 mil hectares até a mesma data. Em 2023, foram 24.775 mil hectares no período de referência.

O território tem zonas de difícil acesso, com deslocamentos de brigadistas que chegam a durar sete horas. Segundo especialistas da ONG SOS Pantanal, faltam pessoal, equipamentos, helicópteros e aviões para os desafios de logística.

A seca tende a perdurar e é possível que outro fenômeno meteorológico, o La Niña, afete a região no segundo semestre. O aquecimento global, que bagunça o clima do planeta, não arrefecerá.

É preciso, portanto, que governos federal e estaduais estejam em alerta com políticas integradas e contínuas. Boas intenções não serão suficientes.

editoriais@grupofolha.com.br

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